Deliveroo trope�a em seus primeiros passos na Bolsa de Londres

As a��es da plataforma de entrega de comida Deliveroo despencaram nesta quarta-feira (31) em sua estreia na Bolsa de Valores de Londres, ap�s um IPO que levantou quest�es sobre seu modelo de neg�cios e a situa��o trabalhista de seus entregadores.

O pre�o das a��es caiu 26% no fechamento em rela��o ao pre�o inicial de 3,90 libras. A a��o fechou a 2,87 libras (US$ 3,96 aproximadamente) e sua alta volatilidade levou a uma breve suspens�o das negocia��es durante o dia.

O grupo foi avaliado em 7,6 bilh�es de libras (10,5 bilh�es de d�lares), apesar de inicialmente ter esperado atingir 8,8 bilh�es de libras no maior IPO no Reino Unido desde 2011.

A empresa brit�nica, fundada em 2013 e conhecida por seu aplicativo que permite pedir comida em restaurantes e receb�-la em casa, abriu o capital em Londres �s 07h00 GMT (4h00 de Bras�lia), numa opera��o inicialmente reservada a investidores profissionais, que ser� aberta ao p�blico em geral em 7 de abril.

Na opini�o de Sophie Lund-Yates, analista da Hargreaves Lansdown, essa queda no pre�o das a��es "n�o � uma grande surpresa, dado o contexto que envolve a empresa".

"O principal receio gira em torno da regulamenta��o dos direitos dos trabalhadores", afirma, sublinhando que "o modelo de flexibiliza��o laboral dos entregadores � um pilar fundamental dos planos de sucesso do grupo", afirma.

- Risco de conflito trabalhista -

Os investidores podem decidir prescindir desta a��o tendo em vista os riscos que representa para a empresa uma altera��o da situa��o laboral, com a��es judiciais em v�rios pa�ses e obrigada a evoluir noutros.

Especialmente porque a Deliveroo ainda n�o � lucrativa, apesar de um ano de pandemia e confinamentos favor�veis ao com�rcio eletr�nico.

A opera��o reacendeu o debate sobre a precariedade dos trabalhadores aut�nomos que se tornaram s�mbolos da "gig economy" - a economia de pequenos empregos que desempenham um papel crucial no modelo de neg�cios das plataformas digitais.

O sindicato brit�nico de trabalhadores aut�nomos, o IWGB, organiza uma a��o em 7 de abril para exigir melhores condi��es trabalhistas da Deliveroo.

A empresa, que emprega 2.000 pessoas, trabalha com 115.000 restaurantes em 800 cidades ao redor do mundo e tem cerca de 100.000 entregadores.

A viabilidade de seu modelo de neg�cios agora preocupa at� os investidores mais influentes da City.

"A Deliveroo pediu um pre�o muito alto para uma plataforma de entrega que est� perdendo em um setor muito competitivo e com d�vidas sobre suas perspectivas de lucratividade", resumiu Neil Wilson, analista da Markets.com.

Alguns investidores podem ter ficado desencorajados com a decis�o do fundador e dirigente do grupo, Will Shu, de optar por um sistema de a��es com dois n�veis por um per�odo de tr�s anos para manter o controle e ao mesmo tempo ceder parte do capital.

"Este � certamente um resultado decepcionante para um IPO que inicialmente gerou muito entusiasmo", considera Michael Hewson, analista da CMC Markets.

Em seu denso documento de apresenta��o ao mercado de a��es, a empresa n�o mencionou os famosos crit�rios ESG (social, ambiental e de governan�a), que se tornaram quase inevit�veis no mundo dos neg�cios.

Em vez disso, observou que reservou 112 milh�es de libras em 2020 para lidar com as consequ�ncias de lit�gios em andamento. Em particular, os entregadores est�o lutando nos tribunais do Reino Unido na tentativa de obter um acordo coletivo.