Entre os nove, est�o algumas das personalidades mais respeitadas da luta pelas liberdades na ex-col�nia brit�nica, com frequ�ncia, defensores da n�o-viol�ncia que se mobilizaram por d�cadas para a instaura��o de um verdadeiro sufr�gio universal.
Um dos mais conhecidos � o advogado Martin Lee, de 82 anos. Antes da devolu��o de Hong Kong em 1997, ele foi escolhido por Pequim para redigir a Lei fundamental, que funciona como uma miniconstitui��o na regi�o semiaut�noma.
Tamb�m foram processados a ex-deputada da oposi��o e advogada Margaret Ng, de 73 anos, assim como o magnata da m�dia Jimmy Lai e o ex-deputado Leung Kwok-hung, conhecido pelo apelido de "Long Hair".
Os dois �ltimos se encontram em pris�o preventiva por outros processos em nome da draconiana lei de seguran�a nacional imposta por Pequim no final de junho de 2020.
Os demais s�o figuras da Frente Civil pelos Direitos Humanos (CHRF), coaliz�o que organizou as maiores manifesta��es de 2019, quando a cidade mergulhou em sua pior crise pol�tica desde a transfer�ncia da soberania em 1997, com a��es e mobiliza��es quase di�rias.
- 'Estamos muito orgulhosos' -
O Tribunal de Distrito de Hong Kong declarou sete deles culpados de organizar e participar de um com�cio ilegal. Os outros dois se declararam culpados. Podem ser condenados a at� cinco anos de pris�o. As penas ser�o divulgadas em 16 de abril.
"Estamos muito orgulhosos, ainda que tenhamos que ir para a cadeia por isso", disse o ex-deputado e l�der sindical Lee Cheuk-yan a rep�rteres. "Independentemente do que o futuro nos reserva, nunca vamos parar de ir �s ruas", completou.
O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, afirmou que o veredito "volta a mostrar at� que ponto as autoridades chinesas e de Hong Kong t�m necessidade de sufocar qualquer forma de oposi��o pac�fica na cidade". Al�m disso, ele prometeu que os Estados Unidos continuar�o "considerando respons�veis" os autores da repress�o.
Na manh� desta quinta-feira, alguns manifestantes se reuniram nas imedia��es do tribunal com cartazes que denunciavam a "repress�o pol�tica". � um caso emblem�tico, porque se trata da organiza��o de uma manifesta��o n�o autorizada em 18 de agosto de 2019, que havia sido uma das maiores em sete meses de protesto.
Os organizadores foram respons�veis por reunir 1,7 milh�o de manifestantes naquele dia, o que representaria quase um em cada quatro habitantes de Hong Kong. Esse n�mero n�o p�de ser verificado de forma independente.
- Circula��o de autom�veis -
Escolhido pelo governo de Hong Kong para dirigir a acusa��o contra os nove, o advogado brit�nico David Perry acabou renunciando � miss�o, devido �s fortes cr�ticas de Londres e de organiza��es jur�dicas brit�nicas quando se soube que ele havia aceito.
A acusa��o alegou que os nove desafiaram a proibi��o de se manifestar, causando problemas no tr�fego de autom�veis na cidade.
Na senten�a, a ju�za AJ Woodcock advertiu que estava inclinada a impor a pena m�xima e deu a entender que a natureza pac�fica do protesto n�o era uma desculpa v�lida.
"(...) As considera��es de ordem p�blica n�o se limitam apenas aos casos de viol�ncia, mas tamb�m �s graves perturba��es do tr�fego, como foi o caso", diz a senten�a.
A popularidade do protesto se refletiu nas urnas, com a vit�ria da oposi��o nas elei��es locais de novembro de 2019. O movimento sofreu uma interrup��o no come�o de 2020 devido �s restri��es impostas contra a pandemia, �s milhares de pris�es e a um certo cansa�o dos manifestantes.
Salvo o abandono da pol�mica lei de extradi��o, os manifestantes n�o conseguiram nada. E, em junho de 2020, as autoridades chinesas impuseram a lei de seguran�a nacional.
As manifesta��es n�o podem mais ser realizadas na cidade. E, tamb�m sob pretexto da pandemia, as autoridades adiaram por um ano as elei��es legislativas, nas quais a oposi��o tinha chances de ver refletida a popularidade de sua luta.
Al�m disso, a China promulgou esta semana uma reforma do sistema eleitoral local, o que ir� marginalizar totalmente a oposi��o no Conselho Legislativo (LegCo, o Parlamento de Hong Kong).
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