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Estado de Minas RELA��ES

Como eram as rela��es sexuais dos neandertais

H� cada vez mais evid�ncias do cruzamento de humanos modernos com neandertais, um relacionamento que possivelmente inclu�a beijos e infec��es sexualmente transmiss�veis.


05/04/2021 12:49 - atualizado 06/04/2021 08:06

Uma coisa que os achados arqueológicos não podem nos dizer é se os neandertais e os humanos modernos primitivos eram fisicamente atraídos um pelo outro(foto: RM Flavio Massari/Alamy)
Uma coisa que os achados arqueol�gicos n�o podem nos dizer � se os neandertais e os humanos modernos primitivos eram fisicamente atra�dos um pelo outro (foto: RM Flavio Massari/Alamy)

Seus olhares se encontraram em meio � paisagem montanhosa da Rom�nia pr�-hist�rica.

Ele era um neandertal e estava completamente nu, exceto por uma capa de pele de animal. Tinha boa postura e pele clara, talvez ligeiramente avermelhada pelo Sol. Ao redor do b�ceps musculoso, usava um bracelete de garras de �guia.

Ela era uma humana moderna primitiva, vestida com um casaco de pele com acabamento em pele de lobo. Tinha a pele escura, pernas longas e usava tran�as no cabelo.

Ele pigarreou, olhou para ela de cima a baixo e — com uma voz anasalada e estridente — lan�ou sua melhor cantada.

Ela olhou de volta fixamente. Para sorte dele, eles n�o falavam a mesma l�ngua. Deram uma risada meio sem jeito e, a partir da�, podemos adivinhar o que aconteceu a seguir.

Claro, pode n�o ter sido uma cena de romance t�rrido. Talvez a mulher fosse, na verdade, neandertal, e o homem pertencesse � nossa pr�pria esp�cie. Talvez o relacionamento deles fosse do tipo casual e pragm�tico, simplesmente porque n�o havia muitas pessoas por perto na �poca. E h� quem sugira que tais rela��es n�o eram consensuais.

Embora nunca saibamos o que realmente aconteceu no encontro acima — ou em outros como este —, o que podemos ter certeza � que esse casal ficou junto.

Cerca de 37 mil a 42 mil anos depois, em fevereiro de 2002, dois exploradores fizeram uma descoberta extraordin�ria em um sistema de cavernas subterr�neas nas montanhas ao sudoeste dos C�rpatos, perto da cidade romena de Anina.

Chegar at� l� n�o foi uma tarefa f�cil. Primeiro, eles atravessaram um rio subterr�neo com �gua at� o pesco�o por 200 metros.


Um encontro amoroso entre nossos ancestrais humanos modernos e os Neandertais poderia ter ocorrido nas montanhas dos Cárpatos(foto: NPL/Alamy)
Um encontro amoroso entre nossos ancestrais humanos modernos e os Neandertais poderia ter ocorrido nas montanhas dos C�rpatos (foto: NPL/Alamy)

Depois, mergulharam 30 metros ao longo de uma passagem subaqu�tica, e subiram 300 metros at� a poarta ou "buraco de rato" — uma abertura pela qual eles entraram em uma c�mara at� ent�o desconhecida.

Dentro da Pe%u015Ftera cu Oase ou "Caverna com Ossos", eles encontraram milhares de ossos de mam�feros. Ao longo da hist�ria, acredita-se que a caverna tenha sido habitada sobretudo por ursos-das-cavernas machos — parentes extintos do urso-pardo — aos quais os ossos pertenciam em grande parte.

Entre eles, estava uma mand�bula humana, cuja data��o por radiocarbono revelou ser de um dos mais antigos humanos modernos primitivos conhecidos na Europa.

Acredita-se que os restos mortais tenham sido levados naturalmente pela �gua para dentro da caverna e permanecido intactos desde ent�o.

Na �poca, os cientistas notaram que embora a mand�bula fosse inconfundivelmente moderna em sua apar�ncia, ela tamb�m continha algumas caracter�sticas incomuns, semelhantes aos neandertais. Anos depois, a suspeita foi confirmada.

Quando os cientistas analisaram o DNA extra�do da descoberta em 2015, eles descobriram que o indiv�duo era do sexo masculino e provavelmente de 6 a 9% neandertal.

Esta � a maior concentra��o j� encontrada em um ser humano moderno, e cerca de tr�s vezes a quantidade encontrada nos europeus e asi�ticos atuais, cuja composi��o gen�tica � de aproximadamente 1 a 3% neandertal.

Como o genoma continha grandes trechos de sequ�ncias ininterruptas de neandertal, os pesquisadores calcularam que o dono da mand�bula provavelmente teve um ancestral neandertal quatro ou seis gera��es antes.

E determinaram que o cruzamento provavelmente ocorreu menos de 200 anos antes da �poca em que ele vivia.

Al�m da mand�bula, a equipe encontrou fragmentos de cr�nio de outro indiv�duo em Pe%u015Ftera cu Oase, que possu�a uma mistura de caracter�sticas semelhantes.

Os cientistas ainda n�o foram capazes de extrair o DNA desses restos mortais, mas, assim como a mand�bula, acredita-se que possam ter pertencido a algu�m com ascend�ncia neandertal recente.

Desde ent�o, as evid�ncias de que o sexo entre os humanos modernos primitivos e os neandertais n�o era um evento raro t�m se acumulado.


Há cerca de 130 mil anos, um neandertal onde hoje é a Croácia cortou a garra de uma águia %u2014 possivelmente para fazer joias(foto: STR/AFP/Getty Images)
H� cerca de 130 mil anos, um neandertal onde hoje � a Cro�cia cortou a garra de uma �guia %u2014 possivelmente para fazer joias (foto: STR/AFP/Getty Images)

Nos genomas das popula��es atuais, h� ind�cios de que isso aconteceu em muitas ocasi�es diferentes e em uma ampla �rea geogr�fica.

At� hoje, h� pessoas carregando material gen�tico de pelo menos duas popula��es diferentes de neandertais, o que uma an�lise sugere que eles procriaram com humanos v�rias vezes na Europa e na �sia.

Na verdade, o DNA neandertal pode ser encontrado em todas as pessoas vivas hoje, incluindo naquelas de ascend�ncia africana, cujos ancestrais n�o teriam tido contato direto com esse grupo. E a transfer�ncia tamb�m aconteceu no caminho inverso.

Em 2016, os cientistas descobriram que os neandertais das montanhas Altai, na Sib�ria, podem ter compartilhado de 1 a 7% de sua gen�tica com os ancestrais dos humanos modernos, que viveram cerca de 100 mil anos atr�s.

Embora voc� possa pensar que os detalhes s�rdidos dessas antigas rela��es se perderam na pr�-hist�ria, h� ind�cios ainda hoje por a� sobre como poderiam ter sido. A seguir, tudo o que voc� sempre quis saber sobre este excitante epis�dio da hist�ria humana.

O beijo

Em 2017, a antrop�loga Laura Weyrich, da Universidade Estadual da Pensilv�nia, nos Estados Unidos, descobriu a marca fantasmag�rica de um parasita microsc�pico de 48 mil anos agarrado a um dente pr�-hist�rico.

"Vejo os micr�bios antigos como uma forma de aprender mais sobre o passado, e o t�rtaro � realmente a �nica maneira confi�vel de reconstruir os microrganismos que viveram dentro dos humanos antigos", diz Weyrich.

Ela estava particularmente interessada no que os neandertais comiam e como interagiam com o ambiente. Para descobrir, sequenciou o DNA da placa dent�ria de dentes encontrados em tr�s cavernas diferentes.

Duas das amostras foram retiradas de 13 neandertais encontrados em El Sidr�n, no noroeste da Espanha.

O local foi recentemente alvo de intrigas, quando foi revelado que muitos desses indiv�duos parecem ter sofrido de anomalias cong�nitas, como r�tulas e v�rtebras deformadas e dentes de leite que permaneceram por muito tempo depois da inf�ncia.

Suspeita-se que o grupo seja composto por parentes pr�ximos, que acumularam genes recessivos ap�s uma longa hist�ria de endogamia.

A fam�lia n�o teve um final feliz — seus ossos est�o gravados com sinais de que foram canibalizados. Acredita-se que estavam entre os �ltimos neandertais a andar na Terra.

Para a surpresa de Weyrich, um dos dentes de El Sidr�n continha a assinatura gen�tica de um microrganismo semelhante a uma bact�ria, Methanobrevibacter oralis, que ainda hoje se encontra na nossa boca.

Ao comparar a vers�o neandertal com a vers�o humana moderna, ela foi capaz de estimar que as duas se separaram h� cerca de 120 mil anos.

Se os neandertais e os humanos atuais sempre compartilharam os mesmos "companheiros" bucais, seria de se esperar que isso tivesse acontecido bem antes — h� pelo menos 450 mil anos, quando as duas subesp�cies seguiram caminhos diferentes.

"O que isso significa � que o microrganismo foi transferido desde ent�o", diz Weyrich.

� imposs�vel saber com certeza como isso aconteceu, mas pode estar relacionado a outra coisa que ocorreu h� 120 mil anos.

"Para mim, o que � fascinante � que este tamb�m � um dos primeiros per�odos em que descrevemos o cruzamento entre humanos e neandertais", revela. "� maravilhoso ver um micr�bio envolvido nessa intera��o."

Segundo ela, uma poss�vel rota para essa transfer�ncia � o beijo. "Quando voc� beija algu�m, os micr�bios orais v�o e v�m entre as bocas", explica.

"Pode ter acontecido uma vez, mas de alguma forma propagado magicamente, se o grupo de pessoas infectadas acabou sendo bem-sucedido. Mas tamb�m pode ser algo que ocorria com mais regularidade."

Outra maneira de transferir os micr�bios orais � compartilhando alimentos. E embora n�o haja nenhuma evid�ncia direta de um neandertal preparando uma refei��o para um humano moderno primitivo, um jantar rom�ntico poderia ter sido uma fonte alternativa de M. oralis.

Para Weyrich, a descoberta � emocionante porque sugere que nossas intera��es com outros tipos de humanos, h� muito tempo, moldaram as comunidades de microrganismos que carregamos hoje.

Isso levanta uma quest�o para Weyrich: "Nosso microbioma estaria funcionando corretamente porque coletamos microorganismos dos neandertais?"

Por exemplo, embora a M. oralis tenda a ser associada a doen�as da gengiva em humanos modernos, Weyrich diz que ela foi encontrada em muitos indiv�duos pr�-hist�ricos que tinham dentes perfeitamente saud�veis.

No futuro, ela pretende usar os dados coletados das placas dent�rias antigas para reconstruir microbiomas orais mais saud�veis %u200B%u200Bpara as pessoas que vivem no mundo moderno.

Neandertais do sexo masculino ou feminino?

� imposs�vel dizer com certeza se eram particularmente mulheres neandertais se relacionando com homens modernos primitivos, ou o contr�rio — mas h� algumas pistas.

Em 2008, arque�logos descobriram um osso de dedo quebrado e um �nico dente molar na caverna Denisova nas montanhas Altai da R�ssia, de onde se revelou uma nova subesp�cie humana.

Durante anos, os denisovanos foram conhecidos apenas por um punhado de amostras descobertas neste local, junto com seu DNA, a partir do qual os cientistas descobriram que seu legado continua at� hoje nos genomas de pessoas descendentes do leste asi�tico e da Melan�sia.

Os denisovanos eram muito mais pr�ximos dos neandertais do que os humanos de hoje; as duas subesp�cies podem ter tido linhagens que coexistiram na �sia por centenas de milhares de anos.

Isso se tornou particularmente evidente em 2018, com a descoberta de um fragmento �sseo que pertencia a uma jovem — apelidada de Denny —, filha de m�e neandertal e pai denisovano.

Consequentemente, faria sentido se os cromossomos sexuais masculinos dos neandertais fossem semelhantes aos dos denisovanos.

Mas quando os cientistas sequenciaram o DNA de tr�s neandertais, que viveram entre 38 mil e 53 mil anos atr�s, ficaram surpresos ao descobrir que seus cromossomos Y tinham mais em comum com os dos humanos atuais.

Segundo os pesquisadores, isso � evid�ncia de um "forte fluxo g�nico" entre os neandertais e os humanos modernos primitivos — eles estavam procriando bastante entre si.

Com tanta frequ�ncia, na verdade, que conforme o n�mero de neandertais diminu�a no final de sua exist�ncia, seus cromossomos Y podem ter se extinguido e sido substitu�dos inteiramente pelos nossos.

Isso sugere que um n�mero significativo de ancestrais homens dos humanos estava fazendo sexo com mulheres neandertais.

Mas a hist�ria n�o termina por a�. Outra pesquisa mostrou que quase exatamente o mesmo destino se abateu sobre as mitoc�ndrias dos neandertais — maquin�rio celular que ajuda a transformar a��cares em energia �til.

Elas s�o passadas %u200B%u200Bexclusivamente das m�es para os filhos, ent�o, quando as primeiras mitoc�ndrias humanas modernas foram encontradas em restos mortais neandertais em 2017, deu a entender que nossas ancestrais tamb�m estavam fazendo sexo com homens neandertais.

Neste caso, � prov�vel que o cruzamento tenha acontecido entre 270 mil e 100 mil anos atr�s, quando os humanos estavam confinados principalmente � �frica.

Infec��es sexualmente transmiss�veis

H� alguns anos, Ville Pimenoff estava estudando a infec��o sexualmente transmiss�vel pelo papilomav�rus humano (HPV) quando percebeu algo estranho.

Os papilomav�rus s�o onipresentes entre os animais, incluindo ursos, golfinhos, tartarugas, cobras e p�ssaros — na verdade, eles foram encontrados em quase todas as esp�cies que foram estudadas quanto � sua presen�a.

Somente entre os humanos, h� mais de cem cepas diferentes em circula��o, que s�o respons�veis %u200B%u200Bpor 99,7% dos c�nceres cervicais em todo o mundo. Destes, um dos mais letais � o HPV-16, que pode permanecer no corpo por anos, uma vez que corrompe silenciosamente as c�lulas que infecta.

Mas existe uma divis�o global clara entre onde certas variantes desse v�rus s�o encontradas. Na maior parte do planeta, � mais prov�vel que voc� encontre o tipo A, enquanto na �frica subsaariana a maioria das pessoas est� infectada com os tipos B e C.

Curiosamente, o padr�o corresponde exatamente � distribui��o do DNA neandertal em todo o mundo — n�o apenas as pessoas na �frica subsaariana s�o portadoras de cepas incomuns de HPV, como carregam relativamente pouco material gen�tico neandertal.

Para descobrir o que estava acontecendo, Pimenoff usou a diversidade gen�tica do tipo A hoje para calcular que surgiu h� cerca de 60 mil a 120 mil anos.

Isso o torna muito mais jovem do que os outros tipos de HPV-16 — e, mais importante, foi por volta dessa �poca que os humanos modernos primitivos sa�ram da �frica e entraram em contato com os neandertais.

Embora seja dif�cil obter uma prova cabal, Pimenoff acredita que eles come�aram a trocar imediatamente infec��es sexualmente transmiss�veis — e que a divis�o das variantes do HPV-16 reflete o fato de que adquirimos o tipo A de seus ancestrais.

"Testei milhares de vezes usando t�cnicas computacionais, e o resultado foi sempre o mesmo — que este � o cen�rio mais plaus�vel", diz Pimenoff.

Com base na forma como os v�rus do HPV se propagam hoje, ele suspeita que o v�rus n�o foi transferido para os humanos apenas uma vez, mas em muitas ocasi�es diferentes.

"Esses encontros sexuais devem ter sido bastante comuns na Eur�sia, em �reas onde ambas as popula��es humanas estavam presentes."

Pimenoff tamb�m acredita que a aquisi��o do tipo A dos neandertais explica por que ele � t�o cancer�geno em humanos — como o encontramos pela primeira vez h� relativamente pouco tempo, nosso sistema imunol�gico ainda n�o evoluiu para ser capaz de curar a infec��o.


Ambos os homens e mulheres de neandertal parecem ter cruzado com nossa própria espécie, de acordo com registros genéticos(foto: Lambert/Ullstein Bild/Getty Images)
Ambos os homens e mulheres de neandertal parecem ter cruzado com nossa pr�pria esp�cie, de acordo com registros gen�ticos (foto: Lambert/Ullstein Bild/Getty Images)

Na verdade, o sexo com os neandertais pode ter nos deixado com v�rios outros v�rus, incluindo um antigo primo do HIV. Mas n�o h� necessidade de ficar ressentido com nossos parentes h� muito tempo perdidos, porque tamb�m h� evid�ncias de que passamos infec��es sexualmente transmiss�veis a eles — incluindo herpes.

�rg�os sexuais

Embora possa parecer grosseiro imaginar como eram os p�nis e as vaginas dos neandertais, os �rg�os genitais de diferentes organismos t�m sido objeto de um vasto corpo de pesquisas cient�ficas.

No momento em que este artigo foi escrito, a procura por "evolu��o do p�nis" na ferramenta de busca de artigos acad�micos Google Scholar retornou 98 mil resultados, enquanto "evolu��o da vagina" resultou em 87 mil.

O fato � que os �rg�os sexuais de um animal podem revelar muito sobre seu estilo de vida, estrat�gia de acasalamento e hist�ria evolutiva — portanto, fazer perguntas sobre suas genit�lias � apenas outro caminho para entend�-los.

O reino animal cont�m uma variedade caleidosc�pica de designs criativos.

Isso inclui o polvo argonauta e seu p�nis destac�vel parecido com uma minhoca, que pode nadar sozinho para acasalar com as f�meas — uma caracter�stica pr�tica que acredita-se ter evolu�do porque os machos t�m apenas cerca de 10% do tamanho das f�meas; e as vaginas triplas dos cangurus, que possibilitam que as f�meas fiquem perpetuamente gr�vidas.

Uma maneira pela qual o p�nis humano � incomum � que ele tem a superf�cie lisa. Nossos parentes vivos mais pr�ximos, os chimpanz�s-comum e bonobos — com quem compartilhamos cerca de 99% do nosso DNA — t�m "espinhos penianos".

Acredita-se que essas pequenas farpas, que s�o feitas da mesma subst�ncia da pele e do cabelo (queratina), tenham evolu�do para limpar o s�men de machos concorrentes ou para irritar levemente a vagina da mulher e impedi-la de fazer sexo novamente por um tempo.

Em 2013, cientistas descobriram que o c�digo gen�tico para os espinhos penianos n�o est� presente nos genomas dos neandertais e denisovanos, assim como nos humanos modernos, sugerindo que ele desapareceu de nossos ancestrais coletivos h� pelo menos 800 mil anos.

Os espinhos penianos s�o considerados mais �teis em esp�cies prom�scuas uma vez que podem ajudar os machos a competir com outros e maximizar as chances de reprodu��o.

Isso levou � especula��o de que — assim como n�s — os neandertais e denisovanos eram em sua maioria monog�micos.

Pulando a cerca

No entanto, h� alguns ind�cios que sugerem que os neandertais pulavam mais a cerca do que os humanos modernos.

Estudos em fetos mostraram que a presen�a de andr�genos, como a testosterona no �tero, pode afetar a "propor��o dos dedos" de uma pessoa na idade adulta — medida de compara��o entre os comprimentos dos dedos indicador e anelar, que � calculada dividindo o primeiro pelo segundo.

Em um ambiente com n�veis elevados de testosterona, as pessoas tendem a ter propor��es menores. Isso � verdade independentemente do sexo biol�gico.

Desde esta descoberta, foram encontradas associa��es entre a "propor��o dos dedos" e atratividade facial, orienta��o sexual, apetite pelo risco, desempenho acad�mico, como as mulheres s�o emp�ticas, como os homens parecem dominantes e at� mesmo o tamanho de seus test�culos — embora alguns estudos nessa �rea sejam controversos.

Em 2010, uma equipe de cientistas notou tamb�m um padr�o entre os parentes mais pr�ximos dos humanos.

Chimpanz�s, gorilas e orangotangos — que geralmente s�o mais prom�scuos — apresentaram uma "propor��o de dedos" mais baixa em m�dia, enquanto um humano moderno primitivo encontrado em uma caverna israelense e os humanos atuais tinham uma propor��o mais alta (0,935 e 0,957, respectivamente).

Os humanos s�o geralmente monog�micos, ent�o, os pesquisadores sugeriram que pode haver uma liga��o entre a propor��o dos dedos de uma esp�cie e a estrat�gia sexual.

Se eles estiverem certos, os neandertais — cuja propor��o estava entre os dois grupos acima (0,928) — eram ligeiramente menos monog�micos do que os humanos modernos primitivos e os atuais.

Fam�lia

Depois que o casal neandertal-humano-moderno-primitivo do in�cio deste artigo se formou, os dois podem ter se estabelecido perto de onde o homem vivia, com cada gera��o seguindo o mesmo padr�o.

Evid�ncias gen�ticas de neandertais sugerem que as fam�lias eram compostas pelos homens, suas parceiras e os filhos. As mulheres pareciam sair da casa da fam�lia quando encontravam um parceiro.

Outro ind�cio sobre a vida amorosa entre os humanos modernos primitivos e os neandertais vem de um estudo dos genes que eles deixaram para tr�s no povo island�s hoje.

No ano passado, uma an�lise dos genomas de 27.566 desses indiv�duos revelou as idades em que os neandertais costumava ter filhos: embora as mulheres fossem geralmente mais velhas do que suas hom�logas humanas modernas primitivas, os homens geralmente eram pais jovens.

Se nosso casal tivesse um beb�, talvez — como outros neandertais —, a m�e o teria amamentado por cerca de nove meses e o desmamado completamente por volta dos 14 meses, mais cedo do que os humanos nas sociedades n�o industriais modernas.

A curiosidade em rela��o a esses relacionamentos antigos est� revelando novas informa��es sobre como os neandertais viviam em geral — e por que desapareceram.

Mesmo que voc� n�o tenha interesse em humanos antigos, acredita-se que essas uni�es tenham contribu�do para uma s�rie de caracter�sticas que os humanos modernos carregam hoje, desde o tom da pele, altura e cor do cabelo at� nossos padr�es de sono, humor e sistema imunol�gico.

Aprender sobre eles j� est� levando a poss�veis tratamentos para doen�as modernas, como medicamentos que t�m como alvo um gene neandertal que pode contribuir para casos graves de covid-19.

Atualmente, acredita-se que a extin��o dos neandertais, h� cerca de 40 mil anos, pode ter sido em parte causada por nossa atra��o m�tua, assim como por fatores como mudan�as clim�ticas repentinas e endogamia.

Uma teoria emergente � que as doen�as transmitidas pelas duas subesp�cies — como o HPV e herpes — inicialmente formaram uma barreira invis�vel, que os impedia de expandir seu territ�rio e, potencialmente, entrar em contato.

Nas poucas �reas em que coexistiram, eles procriaram, e os humanos modernos primitivos adquiriram genes de imunidade �teis que de repente tornaram poss�vel se aventurar mais longe.

Mas os neandertais n�o tiveram essa sorte — a modelagem computacional sugere que se eles tivessem uma carga maior de doen�as para come�ar, podem ter permanecido vulner�veis %u200B%u200Ba essas novas cepas ex�ticas por mais tempo, independentemente do cruzamento — e isso significa que eles ficaram presos.

Posteriormente, os ancestrais dos humanos atuais chegaram a seus territ�rios e os exterminaram.

Outra teoria � que sua popula��o relativamente pequena foi gradualmente absorvida pelos humanos modernos primitivos. Afinal, eles j� haviam adotado amplamente nossos cromossomos Y e mitoc�ndrias, e pelo menos 20% de seu DNA ainda existe em pessoas vivas hoje.

Talvez o casal que ficou junto na Rom�nia pr�-hist�rica viva em algu�m que est� lendo este artigo agora.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site Future.


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