Enquanto as lideran�as pol�ticas de Israel se re�nem para negociar a forma��o de um governo e tentar colocar um fim � crise pol�tica no pa�s, o julgamento do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu foi retomado nesta segunda-feira, 5. O premi� � acusado de corrup��o, fraude e abuso de poder em tr�s casos.
As audi�ncias do julgamento foram repetidamente adiadas nos �ltimos meses por causa da pandemia de covid-19, mas puderam ser reiniciadas em Jerusal�m ap�s a flexibiliza��o das medidas de conten��o da pandemia. O processo � considerado fundamental para a sobreviv�ncia pol�tica do premi�.
H� 15 anos no poder, Netanyahu � o primeiro chefe de governo da hist�ria de Israel a ser julgado durante o exerc�cio do cargo. O primeiro-ministro est� sendo julgado em tr�s casos distintos. Em dois deles � acusado de tentar garantir coberturas favor�veis em meios de comunica��o locais em troca de favores do governo. No terceiro caso, Netanyahu e membros de sua fam�lia s�o suspeitos de terem recebido presentes - charutos de luxo, garrafas de champanhe e joias - de famosos em troca de favores financeiros ou pessoais.
Netanyahu se diz inocente das acusa��es de suborno, fraude e abuso de poder, afirmando que n�o passam de uma "ca�a �s bruxas" para tir�-lo do governo. Ele compareceu ao tribunal em Jerusal�m de m�scara, sendo recebido por manifestantes antigoverno e apoiadores, e permaneceu na sess�o por cerca de uma hora, saindo antes dos depoimentos das testemunhas come�arem.
A promotoria acusa o primeiro-ministro mais longevo de Israel de usar "o grande poder do governo que lhe foi conferido para, entre outras coisas, demandar e obter benef�cios impr�prios dos donos de importantes m�dias de Israel para avan�ar seus assuntos pessoais".
"A rela��o entre Netanyahu e os r�us tornou-se uma moeda de troca, algo que podia ser negociado", afirmou a promotora Liat Ben Ari em seu discurso inicial. "Isso pode distorcer o bom-senso de um servidor p�blico."
Em paralelo, o presidente Reuven Rivlin deu in�cio �s consultas com lideran�as partid�rias ap�s as elei��es do m�s passado. No in�cio das negocia��es, o recado do presidente foi claro: n�o h�, a seu ver, um caminho evidente para a forma��o de um novo governo neste momento, deixando o pa�s em risco da quinta elei��o desde 2019.
"Eu n�o vejo um caminho que resulte na forma��o de um governo", Reuvlin disse a representantes do Yesh Atid. "O povo de Israel deve estar muito preocupado com a possibilidade de uma quinta elei��o."
O direitista Likud, de Netanyahu, conquistou 30 cadeiras na Knesset, o Parlamento israelense - 31 a menos que o necess�rio para formar a maioria. J� o Yesh Atid, a segunda sigla mais votada, comandada pelo l�der da oposi��o, Yair Lapid, obteve 17.
Representantes do Likud afirmam que s� apoiar�o um governo encabe�ado pelo premi�. Rivlin, por sua vez, sinaliza que "considera��es �ticas" - uma refer�ncia �s acusa��es enfrentadas pelo chefe de governo - podem afetar sua decis�o. J� o Yesh Atid afirma que s� apoiar� um governo encabe�ado por Lapid, apesar de suas chances quase nulas de formar uma coaliz�o.
Netanyahu busca o apoio do nacionalista Naftali Bennett, que comanda o Yamina, de extrema direita, e tem sete cadeiras. Mesmo com o apoio das siglas religiosas associadas � extrema direita que tem como aliadas, n�o chegaria aos assentos necess�rios.
O bloco que pode fazer a diferen�a � a Lista �rabe Unida, que defende uma solu��o de dois Estados para a quest�o israelo-palestina, e tem no islamismo pol�tico uma de suas bases. Seu l�der, Mansur Abbas, rompeu com a tradicional coaliz�o de siglas �rabes, a Lista Unida, e disse que poderia trabalhar em um novo governo com Netanyahu. Ambas as siglas ainda n�o se aliaram a nenhum grupo.
Caso 4.000
Os procedimentos do julgamento desta segunda-feira, 5, s�o centrados no chamado Caso 4.000, no qual Netanyahu � acusado de apoiar legisla��es que favoreceriam a gigante midi�tica Bezeq em troca de cobertura positiva no site de not�cias do grupo, o Walla.
Em janeiro, procuradores apresentaram 315 casos em que se pediu para o site amenizar o tom da cobertura sobre o premi� e sua fam�lia - 150 deles envolveriam Netanyahu diretamente. O diretor executivo da Bezeq, Shaul Elovitch, afirma a acusa��o, exerceu "press�o pesada e cont�nua" em seu ex-editor-chefe, Ilan Yeshua, para mudar reportagens.
"Os Elovitches me pediram para n�o deixar os editores saberem que a raz�o para os pedidos era relacionada com mudan�as regulat�rias iminentes", disse Yeshua, afirmando ter sido "inundado" pelas demandas vindas da chefia da Bezeq e que os pedidos causavam brigas di�rias na reda��o.
Durante o depoimento, a mulher de Shaul Elovitch, Iris, que tamb�m nega as acusa��es, interrompeu Yeshua, gritando: "Quantas mentiras voc� pode contar?".
Em paralelo, Netanyahu � acusado tamb�m de ter recebido charutos, champanhe e joias no valor de 700 mil shekels (US$ 197 mil) de pessoas ricas em troca de favores financeiros ou pessoais. Outra acusa��o Ele tamb�m � julgado por supostamente tentar orquestrar a cobertura favor�vel em um dos principais jornais do pa�s, o Yedioth Ahronot, em troca de legisla��es que suspendessem a distribui��o gratuita de um dos rivais da publica��o, o Israel Hayom.
O julgamento, que come�ou ano passado, pode durar at� dois anos. Se for condenado por suborno, o premi� fica sujeito a penas de 10 anos de pris�o. As condena��es por fraude e abuso de poder, por sua vez, podem lhe render at� 3 anos de reclus�o. (Com ag�ncias internacionais)
INTERNACIONAL