Os Estados Unidos lideram a press�o contra o presidente socialista com uma avalanche de san��es que se intensificaram no governo anterior do republicano Donald Trump, e que inclui um embargo de petr�leo desde 2019.
Ministro das Rela��es Exteriores desde 2017, Arreaza garantiu em entrevista � AFP que o pa�s est� "aprendendo a conviver, superar, contornar, driblar as san��es", que "t�m causado muito dano".
Ele disse que Maduro est� aberto para normalizar as rela��es com Washington. Observou, no entanto, que o novo governo "optou por manter uma posi��o de irracionalidade", ao considerar como presidente da Venezuela o l�der da oposi��o Juan Guaid�, ap�s a reelei��o de Maduro em 2018. Os cr�ticos do herdeiro pol�tico de Hugo Ch�vez alegam que as elei��es foram fraudulentas.
"Enviamos mensagens", disse o chanceler na entrevista concedida � AFP em seu gabinete em Caracas.
"N�o tivemos contato, ou resposta positiva, � m�o estendida pelo presidente Maduro, mas notamos menos agressividade", na compara��o com o governo Trump.
Arreaza se lembrou de uma conversa com Elliott Abrams, o principal diplomata da gest�o Trump para assuntos venezuelanos. Nela, foi advertido de que, ap�s o fracasso da estrat�gia de um golpe de Estado, Washington exerceria "press�o m�xima" para conseguir a queda de Maduro no longo prazo.
"Me disse 'v�o ficar sem petr�leo, sem gasolina, sem eletricidade, sem comida, at� que, no fim, o povo n�o aguente e voc�s deixem o poder'", relatou Arreaza.
Ao que ele disse ter respondido: "Voc� me fala de uma maratona, vamos ver quem � melhor, porque os venezuelanos s�o os melhores maratonistas da hist�ria da independ�ncia, e o presidente Nicol�s Maduro vai escapar do pelot�o".
- "Uma guerrilha no mar" -
Durante d�cadas, os Estados Unidos foram o principal cliente do petr�leo venezuelano, que teve de ser redirecionado para outros pa�ses, ap�s as san��es.
Mas at� isso � um problema, explicou Arreaza, j� que muitas empresas temem ser punidas pelo governo americano por fazerem neg�cios com a Venezuela.
"Perseguem os navios, voc� tem que, praticamente, fazer uma t�tica irregular, uma guerrilha no mar para poder fazer o petr�leo chegar aos seus leg�timos compradores".
"Tivemos que fazer as coisas sem levantar suspeitas", reconheceu Arreaza, acrescentando: "Mas � isso que faz quem compra petr�leo venezuelano".
Antes da intensifica��o das san��es, a Venezuela j� atravessava uma severa crise econ�mica atribu�da pelos especialistas �s pol�ticas do chavismo e a uma colossal corrup��o.
Aliados como R�ssia e China foram essenciais para manter o governo respirando, o qual, segundo o chanceler, n�o adquiriu uma d�vida que "comprometa as finan�as do pa�s".
"O que deixamos de perceber nestes anos se perde de vista. Posso falar em 200 bilh�es de d�lares e ainda fico passo longe", avaliou o chanceler.
Ele exigiu a libera��o de fundos no exterior, bloqueados pelas san��es e postos a servi�o de Guaid�, cujo poder definiu como uma "fic��o".
"Quando um pa�s da Europa quer falar sobre a Venezuela e seu povo, eles me ligam", diz ele. "Na Venezuela tem um Estado, um governo, e n�o h� d�vida de quem governa".
- "Vizinho inc�modo" -
Arreaza garantiu que a Col�mbia � o "vizinho mais inc�modo do mundo", em meio a novas tens�es pelos confrontos na fronteira comum entre as For�as Armadas venezuelanas e grupos irregulares, que deixaram 17 mortos entre soldados e "terroristas".
Dissid�ncia das Farc?
"H� cerca de 20 grupos, incluindo este que se diz res�duos dissidentes, mas que cumprem o mesmo papel de um grupo paramilitar, ou de um grupo direto do narcotr�fico", disse o chanceler, que solicitou � ONU "ajuda imediata" para "desativar os campos minados" no territ�rio venezuelano.
Ele tamb�m pediu apoio para um canal de comunica��o entre Caracas e Bogot�, cujo governo n�o reconhece Maduro.
"N�o h� comunica��o entre o presidente, entre chanceleres, entre as For�as Armadas. � algo internacional sem sentido... Um absurdo", lamentou.
Sobre a decis�o de expulsar o embaixador da Uni�o Europeia na Venezuela em resposta a novas san��es do bloco contra autoridades chavistas, Arreaza considerou que foi uma medida "leve".
"Eles aplicaram esta pol�tica (...) de imitar os Estados Unidos com san��es", avaliou, esclarecendo que "canais de di�logo" foram abertos com encontros com representantes diplom�ticos espanh�is e que v�o "retomar contato com Josep Borrell", o chefe da diplomacia europeia.
"Espero que possamos regularizar, mas com respeito", frisou.
CARACAS