Com uma curva ascendente de infec��es nas �ltimas duas semanas, que j� posiciona a Argentina entre os 10 pa�ses com maior n�mero de novas infec��es di�rias, o governo do presidente Alberto Fern�ndez aplicar� novas restri��es a partir da meia-noite desta quinta-feira (8). A principal medida � o toque de recolher noturno, que alguns especialistas consideram insuficiente para impedir a propaga��o da doen�a.
"As medidas s�o muito leves. Estamos na segunda onda e ter�amos que tomar medidas mais profundas em prol da sa�de. Entendo a press�o da economia e que seu motor � o trabalho, mas isso faz com que as infec��es aumentem", analisou Alicia C�mara, especialista em coronav�rus da Universidade de C�rdoba, � AFP.
O uso do transporte p�blico tamb�m ficar� restrito, as reuni�es ser�o limitadas e as boates, sal�es de festas e locais de jogos ser�o fechados.
Fern�ndez, 62 anos, isolado por estar com Covid, disponibilizou no ano passado ajudas e subs�dios a empresas e trabalhadores, para sustentar o confinamento. "Felizmente eu o fiz. Acredito que salvamos dezenas de milhares de vidas", afirmou o presidente.
No entanto, agora esses subs�dios n�o s�o propostos em uma Argentina que j� acumula tr�s anos de recess�o e cujo Produto Interno Bruto (PIB) recuou 9,9% em 2020, uma das piores marcas da regi�o.
Al�m disso, uma elei��o parlamentar de meio de mandato deve ser realizada em outubro, na qual o partido no poder aspira manter a maioria no Congresso.
"O governo n�o or�ou a assist�ncia social este ano como fez no ano passado. O governo tenta ser prudente com restri��es porque a economia tem impacto na decis�o do voto e o governo precisa de uma elei��o decente que lhe d� legitimidade para os dois pr�ximos anos" de mandato, explicou � AFP o analista Carlos Far�.
- Dilema -
O dilema entre sa�de e economia domina o debate p�blico. "Este dilema � enfrentado por todos os governos hoje", disse Fern�ndez. "� muito dif�cil para os governos imporem restri��es maiores porque as pessoas n�o as cumprem. As pessoas est�o muito relutantes em voltar a ficar em suas casas. H� muitas pessoas que precisam voltar a trabalhar. � muito dif�cil cont�-las", reconheceu o presidente.
Para a maioria da popula��o, a principal preocupa��o � a subsist�ncia no dia a dia. "Nos grupos focais percebe-se que a pandemia preocupa na medida em que afeta a quest�o econ�mica", disse Fara.
A pobreza atingiu 42% da popula��o e o desemprego chegou a 11% no fim de 2020. Centenas de membros de organiza��es populares se manifestaram hoje em frente ao Minist�rio do Desenvolvimento Social para exigir mais ajuda. "Somos essenciais, somos os que passam esta pandemia na periferia, dando de comer aos vizinhos que ficam sem trabalho", disse � AFP Nahuel Orellana, um dos manifestantes.
Para a maioria da popula��o, a maior preocupa��o � a sobreviv�ncia dia ap�s dia. Especialistas, no entanto, acreditam que ser� necess�rio aplicar mais restri��es, como j� aconteceu na Europa e em outros pa�ses da regi�o, como o Chile, enquanto o processo de vacina��o avan�a lentamente.
- Primeiras medidas -
"As medidas est�o no caminho correto. Elas marcam um come�o, apenas um come�o. Nos pr�ximos dias o n�mero de casos vai continuar aumentando, e a situa��o ir� se complicar", indicou � AFP Jorge Geffner, imunologista do Conselho Nacional de Pesquisas Cient�ficas e T�cnicas. "Se os casos evolu�rem, e n�o se trata de 20 mil novos casos, e sim de 30 mil novos casos por dia, � evidente que essas medidas ir�o significar o primeiro degrau, e ter� que haver mais restri��es."
Com mais de 23 mil novos casos, a Argentina bateu um novo recorde de infec��es em um �nico dia. O pa�s, de 45 milh�es de habitantes, acumula 2.473.000 casos e mais de 57 mil mortos pela covid.
Embora nos �ltimos dias o ritmo de vacina��o tenha acelerado, at� esta quinta-feira apenas 4.771.214 pessoas, pouco mais de 10% da popula��o, haviam recebido a primeira dose. "As vacinas n�o chegam na velocidade esperada e a imuniza��o vai demorar mais um pouco. Por mais que estejamos fartos da pandemia, a pandemia ainda n�o passou", alertou C�mara.
BUENOS AIRES