
O marido da rainha Elizabeth II, o pr�ncipe Philip, de 99 anos, que havia sido hospitalizado recentemente e submetido a uma cirurgia card�aca, faleceu nesta sexta-feira, anunciou o Pal�cio de Buckingham.
"Com profunda dor, Sua Majestade a rainha anuncia a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real o pr�ncipe Philip, duque de Edimburgo", afirma um comunicado.
"Sua Alteza Real faleceu em paz esta manh� no Castelo de Windsor", completa a nota.
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O eterno consorte e rei das gafes
O pr�ncipe Philip de Edimburgo, que faleceu nesta sexta-feira (9) aos 99 anos, passou mais de seis d�cadas � sombra de sua esposa, a rainha Elizabeth II com grande lealdade e uma lend�ria propens�o a cometer gafes.
"� melhor desaparecer alguns anos com seu senso de humor particular do que alcan�ar a data de caducidade", disse ele.
Se sua esposa ostentou o recorde de longevidade no trono, ele foi o pr�ncipe consorte que mais ostentou este posto, desde 2009, quando superou Charlotte, esposa de George III.
"� minha rocha. Tem sido minha for�a e minha �ncora", declarou, em 2011, a rainha, pouco inclinada a demonstra��es de afeto em p�blico.
Em 2017 se retirou das atividades p�blicas ap�s ter participado de mais de 22.000 atos oficiais.
Mas seu principal valor foi ser "o �nico homem do mundo a tratar a rainha como um ser humano, de igual para igual", afirmou certa vez Lorde Charteris, ex-secret�rio particular de Sua Majestade.
Alto e empertigado, algo distante das exig�ncias do protocolo, Philip assumiu seu papel secund�rio no reinado nos melhores e piores momentos.
Segundo admitiu, foram muitos anos tateando e aprendendo a encontrar seu lugar � sombra da rainha e no cora��o dos brit�nicos, e no fim conseguiu um alto �ndice de popularidade, como sua esposa.
E, apesar de algumas trapalhadas, sempre voltou � raz�o.
Como em janeiro de 2019, quando um acidente de tr�nsito revelou que ele ainda dirigia aos 97 anos. Apesar das cr�ticas, voltou ao volante dois dias depois e sem o cinto de seguran�a. Mas, tr�s semanas depois, cedeu � press�o e entregou sua carteira de motorista.


Sem papas na l�ngua
Uma tribo de Vanuatu chegou a vener�-lo como divindade ligada aos esp�ritos do vulc�o Yasur.
Seu temperamento foi efetivamente vulc�nico, sem qualquer considera��o pelo politicamente correto, apesar de ter ficado mais calmo nos �ltimos anos.
"Voc� conseguiu que n�o o comesse?", perguntou a um jovem brit�nica que viajara a Papua-Nova Guin� em 1998.
"Voc�s t�m mosquitos, eu tenho jornalistas", disse em em 1966 - depois faria a compara��o com os macacos de Gibraltar.
Na Austr�lia em 1960, um homem chamado Robinson o abordou e confessou: "Minha esposa, doutora em Filosofia, � muito mais importante que eu".
"Temos o mesmo problema em minha fam�lia", respondeu o duque.
Em outra oportunidade, um menino afirmou que desejava ser astronauta e Philip rebateu que ele estava muito gordo para voar.
Ao ser questionado se desejava visitar a Uni�o Sovi�tica, respondeu: "Adoraria visitar a R�ssia, mas estes caras assassinaram metade de minha fam�lia" (em refer�ncia ao destino dos Romanov).
A um instrutor de auto-escola escoc�s de Oban, ele perguntou: "Como voc� faz para manter os nativos suficientemente longe da bebida para aprov�-los no exame?".
Seu entorno o ouviu reclamar milhares de vezes de seu destino, criticar a perda de valores ou reclamar das loucuras de seus quatro filhos nos anos 1980.
"As pessoas t�m a impress�o de que pr�ncipe Philip n�o se importa em nada com o que pensam dele, e t�m raz�o", escreveu o ex-primeiro-ministro Tony Blair em suas mem�rias.
Uma inf�ncia traum�tica?
De ascend�ncia alem�, o duque nasceu pr�ncipe da Gr�cia e da Dinamarca, em 10 de junho de 1921 na ilha grega de Corfu. Foi o quinto filho de Alice de Battenberg e Andrew da Gr�cia. A fam�lia fugiu quando ele tinha 18 meses, ap�s a proclama��o da rep�blica grega, e buscou ref�gio em Paris.
O pai era frequentador dos cassinos de Monte Carlo. A m�e, depressiva, entrou para um convento. Philip tinha 10 anos. Deixado com parentes distantes, estudou em col�gios na Fran�a, Alemanha e Gr�-Bretanha at� ser enviado para um austero internato escoc�s.
Ingressou na Marinha Real brit�nica e participou ativamente nos combates durante a Segunda Guerra Mundial no Oceano �ndico e no Atl�ntico.
Era um jovem de 18 anos quando conheceu Elizabeth antes da guerra. Lilibeth, como a chamava a m�e, tinha 13 anos e apaixonou. Os dois casaram oito anos depois, em 20 de novembro de 1947. Philip, nomeado duque de Edimburgo, teve que renunciar aos t�tulos de nobreza anteriores e a sua religi�o ortodoxa, convertendo-se � Igreja Anglicana.
Em fevereiro de 1952, a morte prematura de seu sogro, o rei George VI, marcou o fim de sua carreira de oficial na Marinha e deu in�cio ao per�odo como pr�ncipe consorte.