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Estado de Minas CRIANDO OPORTUNIDADE

Elei��es no Equador: quem � Guillermo Lasso, o banqueiro conservador que derrotou oponente esquerdista

Partido de Lasso tem s� 12 assentos na Assembleia Nacional, al�m das 19 cadeiras da principal sigla aliada. Eles enfrentar�o oposi��o com 48 deputados, o que obrigar� o novo presidente a concess�es que j� come�aram na campanha.


12/04/2021 08:32 - atualizado 12/04/2021 09:24


Lasso é membro do Opus Dei, mas afirma estar disposto a abrir debate sobre a descriminalização do aborto.(foto: Getty Images)
Lasso � membro do Opus Dei, mas afirma estar disposto a abrir debate sobre a descriminaliza��o do aborto. (foto: Getty Images)

Em sua terceira elei��o presidencial, Guillermo Lasso conseguiu ampliar com sucesso sua base de eleitores para al�m da direita tradicional e assim vencer uma disputa acirrada contra a esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa.

No domingo (12/04), ele obteve dianteira de cinco pontos percentuais contra Andr�s Arauz, que reconheceu a derrota.

"Este � um dia hist�rico, um dia em que todos os equatorianos decidiram seu futuro, expressaram com seu voto a necessidade de mudan�a e o desejo de dias melhores para todos", disse Lasso para apoiadores reunidos em Guayaquil na noite de domingo.

Durante a campanha, ele havia alertado sobre a complexa miss�o que o espera.

"Vamos receber um pa�s em situa��o complicada. O governo nacional n�o tem liquidez, apenas um saldo de US$ 400 milh�es na reserva, que cobre s� 20% dos gastos mensais do governo", disse ele � BBC News Mundo (servi�o da BBC em espanhol) durante a campanha eleitoral.

"� tamb�m um governo com uma d�vida que chega a 63% do Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas produzidas num determinado per�odo), ao qual devemos somar atrasos com munic�pios, prefeituras, sistemas de seguridade social e com o Banco Central. A d�vida chega a US$ 80 bilh�es."

Ponto-chave para o triunfo do ex-banqueiro e empres�rio conservador de 65 anos foi o descontentamento em rela��o ao ex-presidente Rafael Correa, que apoiou Arauz. Muitos destes eleitores n�o votaram em Lasso no primeiro turno em 7 de fevereiro de 2021 e agora mudaram de ideia.

Mas o partido de Lasso, o Movimento Pol�tico Criando Oportunidades (Creo), s� tem 12 assentos na Assembleia Nacional, al�m das 19 cadeiras da principal sigla aliada, o Partido Social Crist�o.

Eles enfrentar�o o corre�smo com 48 deputados, o que obrigar� o novo presidente a fazer concess�es que j� come�aram na campanha.

"A cada voto que ele obteve ao ampliar sua plataforma, a governan�a diminuiu, porque ele passou a distribuir o bolo para muitos que, na hora de governar, v�o cobrar seu pre�o", disse o analista Pedro Donoso � BBC News Mundo.

Donoso acrescenta que o anti-corre�smo como for�a pol�tica tamb�m n�o � um grupo homog�neo e que Lasso ter� que lidar com interesses conflitantes.

O presidente eleito � um conhecido banqueiro e empres�rio equatoriano que participa de diversos conglomerados financeiros.

Ele costuma se referir a uma origem familiar humilde que o levou a come�ar a trabalhar aos 15 anos na Bolsa de Valores de sua cidade, Guayaquil.

Assim, ele sempre tenta afastar o r�tulo de um banqueiro rico que "n�o se importa" com os mais pobres.

Ele foi subindo rapidamente de posi��o at� se tornar presidente do Banco de Guayaquil por quase 20 anos. No in�cio dos anos 1990, chegou a liderar a Associa��o de Bancos Privados do Equador.


Apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, Andrés Arauz foi derrotado por Guillermo Lasso por quase cinco pontos percentuais de diferença no segundo turno(foto: Getty Images)
Apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, Andr�s Arauz foi derrotado por Guillermo Lasso por quase cinco pontos percentuais de diferen�a no segundo turno (foto: Getty Images)

Em agosto de 1999, ele foi nomeado ministro da Economia, mas por causa de diverg�ncias com o ent�o presidente Jamil Mahuad sobre a condu��o da economia do pa�s, renunciou um m�s depois.

Sob o lema "empreendedorismo, inova��o e futuro", Lasso disse na campanha que respeitar� o acordo do pa�s com o FMI (Fundo Monet�rio Internacional), com exce��o de um ponto.

"N�o vamos ignorar o acordo com o Fundo Monet�rio Internacional. O que n�o vamos fazer � aumentar o IVA", disse, referindo-se a uma pol�mica medida que visa aumentar a arrecada��o de impostos em um pa�s que j� tem elevados n�veis de d�ficit fiscal e d�vida p�blica.

O que Lasso prop�e

Em seu plano de governo, o ent�o candidato se prop�s a gerar novos empregos, aumentar o sal�rio m�nimo para US$ 500 mensais, acabar com a fome de mais de um milh�o de equatorianos, atrair investimentos estrangeiros e combater a corrup��o.

O �ltimo ponto era o argumento central da vit�ria contra Arauz e o padrinho Correa.

Pr�ximo de ideias da Opus Dei (uma das mais conservadoras e controversas institui��es da Igreja Cat�lica), Lasso � casado, pai de cinco filhos e causou pol�mica ao defender na campanha eleitoral que uma escultura em Quito da popular Virgen del Panecillo fosse girada para n�o ficar de costas aos cidad�os do sul, regi�o mais pobre.

Ele sempre foi ferrenho opositor de qualquer proposta de lei sobre a descriminaliza��o do aborto, mesmo em casos de estupro. Mas na campanha, mostrou-se aberto a ouvir os equatorianos e n�o impor sua vis�o - e at� falou em uma poss�vel consulta popular sobre o tema.

"O Equador sabe que um dos meus princ�pios � a defesa da vida desde a concep��o at� a morte natural. Agora, sendo um presidente de um Estado laico, me comprometo absolutamente a respeitar pontos de vista diferentes do meu, e se houver decis�o da maioria, reconhecerei que esta � a maneira de ver a vida da maioria dos equatorianos", disse o presidente eleito.

Popularmente conhecido como "candidato eterno", esta foi a terceira vez que concorreu � Presid�ncia. Ele perdeu para Correa em 2013 e Len�n Moreno em 2017.

Carlos Ferr�n, consultor de comunica��o pol�tica, disse � BBC News Mundo que Lasso se transformou nos �ltimos anos.

"Quem concorreu em 2013 foi um empres�rio que tentava ser pol�tico; o de 2017 liderou o momento mais cr�tico do anti-corre�smo e quase conquistou a Presid�ncia."


Guillermo Lasso conseguiu ampliar sua base eleitoral para além da tradicional direita conservadora(foto: Getty Images)
Guillermo Lasso conseguiu ampliar sua base eleitoral para al�m da tradicional direita conservadora (foto: Getty Images)

Naquela elei��o, Lasso inicialmente se recusou a aceitar os resultados sob alega��es de fraude eleitoral. No entanto, a virada pol�tica que Moreno deu ao longo de seu governo o levou a se aproximar do atual presidente, embora tenham se distanciado na campanha eleitoral.

"Esta vers�o do Lasso 2021 para mim � a melhor, com seus pequenos problemas de sa�de, a queda que o obrigou a portar uma bengala, um candidato mais humano, mais cercado de sua fam�lia, seus filhos, como parte de um cl�", avalia Ferr�n.

Lasso, que se define como um liberal que "acredita nas boas ideias e n�o nas ideologias", prometeu acabar com as pol�ticas de esquerda promovidas durante o governo Correa.

Nesse sentido, disse que votar no seu advers�rio Arauz era sin�nimo de "volta ao corre�smo" e que isso poderia levar o Equador a tornar-se uma "nova Venezuela".

Os desafios

Se a tarefa de derrotar Arauz foi um grande desafio, maior ainda ser� administrar a economia do Equador, pa�s de quase 17 milh�es de habitantes que necessita acelerar a vacina��o contra o coronav�rus (que matou 17 mil pessoas no pa�s).

Menos de 2% da popula��o receberam pelo menos uma dose do imunizante contra a doen�a — o Brasil vacinou pouco mais de 10%.

Por causa da pandemia, a economia equatoriana recuou 7,8% em 2020, mas deve crescer 3,5% neste ano, segundo autoridades locais. Em um ambiente de mercado de trabalho amplamente informal, apenas 34% dos empregos no pa�s cumprem pelo menos o m�nimo previsto em lei em horas ou sal�rios.

Lasso prometeu estimular a economia atraindo mais investimentos estrangeiros e impulsionando a produ��o de petr�leo, o produto de exporta��o mais importante do pa�s sul-americano.

Tamb�m promete criar 2 milh�es de empregos, expandir o setor agr�cola por meio de empr�stimos a juros baixos e reduzir progressivamente os impostos.

Lasso se gaba do passado como banqueiro, algo que o afastou de alguns eleitores, ao defender que sabe criar empregos e financiar empresas atrav�s do setor privado e que agora far� o mesmo com o p�blico.

Nesse sentido, promete gerar riqueza a partir de recursos petrol�feros, minerais e energ�ticos por meio da participa��o do setor privado em substitui��o ao financiamento estatal.

Talvez sejam esses dotes de empres�rio e especialista em finan�as que o motivaram a ser eleito pelo eleitorado equatoriano diante do jovem candidato de Correa, em um momento de crise econ�mica por conta da pandemia e da d�vida.

Isso levou Moreno a buscar financiamento com o FMI, que injetou US$ 7,4 bilh�es no pa�s.

"N�o queremos mexer com coisas perigosas como eliminar a dolariza��o (da economia equatoriana); n�o acreditamos em ideias derivadas da in�pcia. N�o queremos improvisos e vamos mostrar que temos capacidade, vontade e experi�ncia", disse Lasso durante a campanha, quando explorava sua experi�ncia e solv�ncia empresarial contra o jovem rival.

Lasso � defensor ferrenho da dolariza��o, que rege a economia do pa�s h� mais de 20 anos e � muito popular entre a popula��o.

Como se a miss�o de criar empregos, reduzir a pobreza, que aumentou com a pandemia, e lidar com a d�vida n�o fosse complicada o suficiente, Lasso ter� que lidar com a Assembleia Nacional dominada pela oposi��o, o que tornar� dif�cil para um presidente que agora busca implementar no setor p�blico seu sucesso no setor privado.


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