Biden se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a usar a palavra genoc�dio no comunicado que a Casa Branca costuma emitir por ocasi�o do anivers�rio desse massacre, um dia depois de informar que o faria ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, buscando limitar a rejei��o esperada do aliado na Otan.
"N�s nos lembramos das vidas de todos aqueles que morreram no genoc�dio arm�nio da era otomana e nos comprometemos novamente a evitar que tal atrocidade aconte�a novamente", declarou Biden.
"Lembramos para sempre estar vigilante contra a influ�ncia corrosiva do �dio em todas as suas formas", acrescentou.
A declara��o � uma grande vit�ria para a Arm�nia e sua extensa di�spora. Desde 1965, pa�ses como Uruguai, Fran�a, Alemanha, Canad� e R�ssia reconheceram o genoc�dio, mas os Estados Unidos nunca chegaram a esse extremo.
O presidente americano frisou: "N�o o fazemos para culpar, mas para garantir que o que aconteceu nunca se repita".
O mandat�rio turco, por�m, rejeitou as declara��es de Biden neste s�bado.
"N�o beneficia ningu�m que os debates - que deveriam ser realizados por historiadores - sejam politizados por terceiros e se tornem um instrumento de inger�ncia em nosso pa�s", criticou Erdogan em uma mensagem ao patriarca arm�nio em Istambul.
"As palavras n�o podem mudar ou reescrever a hist�ria", tuitou o ministro turco das Rela��es Exteriores, Mevlut Cavusoglu, momentos ap�s a declara��o de Biden. "N�o vamos aceitar li��es de ningu�m sobre a nossa hist�ria."
Cavusoglu convocou o embaixador dos Estados Unidos, David Satterfield, neste s�bado para expressar seu descontentamento, observando que a decis�o de Biden causou "uma ferida nas rela��es que ser� dif�cil de reparar", informou a ag�ncia de not�cias estatal Anadolu.
Uma autoridade do governo americano afirmou que a inten��o de Biden n�o era culpar a Turquia moderna, que ele chamou de "aliada chave da Otan".
"A inten��o da declara��o - a inten��o do presidente - � fazer isso de uma forma exemplar, focada nos m�ritos dos direitos humanos, e n�o por qualquer motivo al�m disso, inclusive para colocar culpa", explicou o funcion�rio a jornalistas.
- Um s�culo de espera -
Estima-se que cerca de 1,5 milh�o de arm�nios foram mortos entre 1915 e 1917 durante os �ltimos dias do Imp�rio Otomano, que suspeitava que a minoria crist� conspirava com o inimigo russo na Primeira Guerra Mundial.
A popula��o arm�nia foi presa e deportada para o deserto da S�ria, onde muitos foram baleados, envenenados ou morreram de doen�as, segundo relatos de diplomatas estrangeiros da �poca.
A Turquia, que emergiu como uma rep�blica secular das cinzas do Imp�rio Otomano, reconhece que 300.000 arm�nios poderiam ter morrido, mas rejeita veementemente que tenha sido um genoc�dio, alegando que eles morreram em combate ou pela fome, assim como muitos turcos tamb�m morreram.
"A Turquia nunca vai reconhecer o genoc�dio. Isso nunca vai acontecer", disse Aram Bowen, de 33 anos, � AFP em uma manifesta��o de v�rias centenas de membros da comunidade arm�nia em Nova York.
O reconhecimento de Biden � "o mais pr�ximo que chegaremos do reconhecimento global", acrescentou.
O reconhecimento tem sido a principal prioridade para arm�nios e arm�nio-americanos, que pedem indeniza��es, a restaura��o de propriedades pelo que chamam de 'Meds Yeghern', o Grande Crime, e mais apoio contra o vizinho Azerbaij�o, com a ajuda da Turquia.
O Minist�rio das Rela��es Exteriores do Azerbaij�o disse que os coment�rios de Biden "distorcem os fatos hist�ricos sobre os eventos de 1915" e apoiou o apelo da Turquia para que as mortes sejam "estudadas por historiadores, n�o por pol�ticos".
O Azerbaij�o derrotou a Arm�nia no ano passado em uma guerra pela disputada regi�o de Nagorno Karabakh, na qual Ancara apoiou seu aliado Baku e deixou a Arm�nia traumatizada.
O primeiro-ministro arm�nio, Nikol Pashinyan, agradeceu a Biden por seu "poderoso passo em dire��o � justi�a e seu inestim�vel apoio aos herdeiros das v�timas do genoc�dio arm�nio."
Ao contr�rio de seu antecessor, Donald Trump, Biden tem mantido dist�ncia de Erdogan, e a liga��o ao l�der turco para inform�-lo do reconhecimento do genoc�dio foi a primeira conversa entre os dois lados desde que o democrata chegou � Casa Branca, h� tr�s meses.
De acordo com autoridades, os dois l�deres concordaram em se reunir em junho, paralelamente a uma c�pula da Otan em Bruxelas.
Al�m das declara��es, a Turquia n�o anunciou imediatamente nenhuma medida de retalia��o, em contraste com as medidas furiosas que j� havia tomado sobre as decis�es ocidentais em rela��o ao reconhecimento do genoc�dio.
As tens�es com a Turquia aumentaram drasticamente nos �ltimos anos com a compra de um importante sistema de defesa a�rea da R�ssia - o principal advers�rio da Otan - e suas investidas contra combatentes curdos pr�-americanos na S�ria.
WASHINGTON