"N�o aceitamos a reforma tribut�ria, estamos pensando em nossos filhos, em n�s mesmos (...), ou morremos de v�rus ou de fome", declarou � AFP V�ctor C�rdoba, sapateiro de 33 anos que vestia uma camisa com as cores da bandeira colombiana em Bogot�.
Sindicatos trabalhistas, professores, organiza��es civis, ind�genas e outros setores inconformados rejeitam o projeto que est� em andamento no Congresso, por considerarem que prejudica a classe m�dia e � inadequado em plena crise desencadeada pela pandemia.
Em Bogot�, epicentro dos protestos, milhares de manifestantes avan�am de diferentes regi�es para o centro da cidade.
Ao ritmo de tambores e sob lemas como "parar para avan�ar, viva a greve nacional", multid�es passam com alguns bloqueios nas ruas.
O Minist�rio da Defesa destacou 47.500 soldados em todo o pa�s e denunciou alguns dist�rbios em Cali (sudoeste). Ind�genas Misak derrubaram naquela cidade uma est�tua de Sebasti�n de Belalc�zar, conquistador espanhol do s�culo XVI.
Segundo o prefeito de Cali, Jorge Iv�n Ospina, uma pessoa morreu em atos "relacionados � manifesta��o". A prefeitura antecipou o toque de recolher previsto por conta da pandemia. Das 13h de quarta-feira �s 17h de domingo, a mobilidade e o consumo de bebidas alco�licas est�o restritos.
Medell�n (noroeste), Barranquilla (norte), bem como outras cidades aderiram com uma participa��o maci�a.
Pela primeira vez, a Col�mbia ultrapassou as 400 mortes di�rias pelo coronav�rus em 19 de abril e, desde ent�o, os n�meros n�o diminuem. Com apenas 17% das unidades de terapia intensiva dispon�veis, o sistema hospitalar est� sob m�xima press�o.
- "Mais medo do governo do que do v�rus" -
O novo dia de protestos foi convocado pelo Comit� Nacional de Desemprego, que desde 2019 organiza in�meras mobiliza��es para exigir uma mudan�a de rumo do governo.
Mas algumas vozes pediram sem sucesso a suspens�o das manifesta��es, que coincidem com a onda mais mortal da covid-19 em treze meses de pandemia.
Ontem, um tribunal administrativo ordenou adiar os protestos. Uma decis�o apoiada pela Defensoria do Povo, que alertou sobre a "inconveni�ncia de convocar mobiliza��es sociais neste momento t�o perigoso para a sa�de e a vida".
"Estamos cansados de todos os abusos que h� sobre a popula��o, cansados do nosso presidente n�o fazer nada a respeito. Temos mais medo do governo do que do v�rus", lamentou Felipe Zapata, 24, em Bogot�.
Duque, que s� tem mais um ano de mandato, possui uma popularidade de 33%, segundo a pesquisa mais recente da Invamer.
Embora sua reforma tribut�ria tenha sido apresentada como uma ferramenta para amenizar a crise gerada pela pandemia, a iniciativa enfrenta obst�culos em um Legislativo sem maiorias. Inclusive o partido do governo, o Centro Democr�tico, aponta obje��es no projeto.
- Reforma "impopular" -
Para o professor de Ci�ncia Pol�tica da Universidade del Rosario, Yann Basset, o governo "est� em situa��o muito dif�cil" porque "o descontentamento e a rejei��o � reforma foram bastante generalizados e o governo n�o tem muita margem de manobra".
No entanto, Duque sabia que apresentar o projeto "um ano antes das elei��es e tamb�m no meio de uma pandemia que gera muitos problemas econ�micos e sociais (...) seria extremamente impopular", acrescentou o especialista.
O presidente pretende arrecadar o equivalente a cerca de 6,3 bilh�es de d�lares entre 2022 e 2031 com a reforma.
Entre as propostas que causam maior indigna��o est� a taxa��o dos servi�os b�sicos em �reas de classe m�dia alta, dos funerais e criar um imposto de renda para quem ganhar mais que 656 d�lares mensais, em um pa�s onde o sal�rio m�nimo � de 248 d�lares.
Com 50 milh�es de habitantes, a Col�mbia � o terceiro pa�s da Am�rica Latina com maior n�mero de casos (2,8 milh�es), atr�s do Brasil e da Argentina. Em rela��o ao n�mero de mortos (72.200), s� � superada por Brasil e M�xico.
Em seu pior desempenho em cinquenta anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s despencou 6,8% em 2020. O desemprego alcan�ou o �ndice de 18,1% em fevereiro, quando a informalidade abrange quase metade da popula��o.
Apesar das chuvas em Bogot�, as mobiliza��es continuaram pela tarde. Felipe Ospina, cineasta de 23 anos, garantiu que continuar� protestando "at� que desmontem essa reforma tribut�ria".
BOGOT�