EUA, Uni�o Europeia e ONU se uniram na segunda-feira, 3, � oposi��o salvadorenha para criticar o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que no fim de semana costurou no Congresso a destitui��o de cinco magistrados da Corte Constitucional - a mais importante do pa�s -, al�m do procurador-geral, Ra�l Melara.
"Estamos profundamente preocupados com a democracia de El Salvador", disse Kamala Harris, vice-presidente dos EUA. "Um Judici�rio independente � essencial para a governabilidade democr�tica", afirmou o secret�rio de Estado americano, Antony Blinken. O secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, pediu que Bukele "respeite a Constitui��o" salvadorenha.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, afirmou que a decis�o de Bukele coloca em quest�o "o funcionamento do Estado de direito" em El Salvador. "Condenamos categoricamente o golpe de Estado avalizado pelo presidente Bukele", dizia um comunicado assinado por 25 organiza��es da sociedade civil salvadorenha, entre elas v�rios sindicatos patronais.
Em fevereiro de 2019, Bukele foi eleito no primeiro turno, fazendo campanha como candidato de fora do establishment pol�tico. Ele se tornou o presidente mais jovem da regi�o, aos 37 anos. Pela primeira vez desde o fim da guerra civil, El Salvador teria um l�der que n�o pertencia aos dois rivais hist�ricos, a Alian�a Republicana Nacionalista (Arena), de direita, e a Frente Farabundo Mart� para la Liberta��o Nacional (FMNL), de esquerda.
Rico e empres�rio de relativo sucesso, desde o in�cio do mandato Bukele deu sinais de que seria um presidente populista e autorit�rio. Em fevereiro de 2020, para for�ar a aprova��o de um empr�stimo de US$ 109 milh�es dos EUA, ele discursou na Assembleia Nacional escoltado por 40 soldados. O dinheiro seria para comprar equipamento para a pol�cia, mas Arena e FMNL barraram a verba.
Nos �ltimos dois anos, o presidente salvadorenho seguiu uma cartilha conhecida: enquanto batia de frente com os ju�zes da Corte Constitucional, atacava jornalistas e a imprensa. Eleito com a promessa de acabar com a corrup��o e combater o crime organizado, Bukele manteve sua popularidade nas alturas vendendo a imagem de um justiceiro em campanha implac�vel contra a impunidade.
Isso explica o resultado das elei��es legislativas de fevereiro, quando os partidos da base governista elegeram 64 de um total de 84 deputados, fortalecendo o poder de Bukele. A nova Assembleia Nacional assumiu no s�bado e, imediatamente, destituiu os ju�zes e o procurador-geral.
"Aos nossos amigos da comunidade internacional: Queremos trabalhar com voc�, negociar, viajar, nos conhecer e ajudar no que pudermos. Nossas portas est�o mais abertas do que nunca. Mas, com todo o respeito, estamos limpando nossa casa. E isso n�o � da sua conta", escreveu ontem Bukele em sua conta no Twitter.
O presidente salvadorenho recebeu apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (m ais informa��es ao lado). Curiosamente, na mais recente briga entre Bukele e a Corte Constitucional, o governo brasileiro defende as mesmas posi��es dos ju�zes destitu�dos.
O presidente salvadorenho vem tentando impor medidas restritivas para conter a pandemia, mas muitas t�m sido barradas pela Justi�a, sob alega��o de que elas ferem direitos fundamentais. "Se eu fosse um ditador de verdade, teria fuzilado todos. Salvar mil vidas em troca de cinco", disse o presidente em agosto, em refer�ncia aos cinco ju�zes da Corte Constitucional.
Crime organizado
O governo de Bukele, no entanto, n�o parece ter mudado muito o jeito de fazer pol�tica em El Salvador. V�rios nomes de seu governo s�o investigados pela procuradoria por corrup��o e sonega��o - da� a inclus�o do procurador-geral, Ra�l Melara, entre os defenestrados.
O presidente tamb�m � acusado de negociar uma tr�gua com a Mara Salvatrucha, maior gangue de El Salvador. Ele nega, mas o jornal El Faro teve acesso a documentos que comprovam reuni�es secretas entre funcion�rios do governo e bandidos presos. (Com ag�ncias internacionais)
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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