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Estado de Minas SOUBR�

A dura luta contra o trabalho infantil na produ��o de cacau na Costa do Marfim


11/05/2021 10:15

Ap�s 20 minutos de entrevista com um educador, Issouf admite: trabalha em uma planta��o de cacau. Ele integra um grupo de 60 meninos encontrados pela pol�cia durante uma opera��o na regi�o oeste da Costa do Marfim.

A opera��o "Nawa 2" aconteceu no in�cio de maio na regi�o de Soubr�, 400 km ao oeste de Abidjan, a grande zona de cultivo de cacau. O objetivo: convencer as autoridades marfinenses a lutar contra o trabalho infantil no setor de cacau, um flagelo denunciado por ONGs internacionais h� 20 anos.

O pa�s da �frica Ocidental, principal produtor mundial de cacau, e as empresas multinacionais de chocolate s�o cada vez mais pressionadas. Os consumidores ocidentais exigem cada vez mais um produto �tico, fabricado sem abusos contra as crian�as e sem danos ao meio ambiente.

Um projeto de lei nos Estados Unidos, que n�o seguiu adiante, amea�ava com um boicote ao cacau da Costa do Marfim.

Issouf disse que chegou procedente de Burkina Faso h� dois anos com o pai, que abandonou o pa�s depois de um m�s. Ele foi deixado com um homem, que afirmaram que era seu tio, para trabalhar em uma planta��o.

"Este � um caso de tr�fico", afirma o diretor de prote��o da inf�ncia no Minist�rio da Fam�lia da Costa do Marfim, Alain-Didier Lath Mel.

Muitas crian�as exploradas nas planta��es procedem de Burkina Faso e do Mali, pa�ses vizinhos pobres e que fornecem m�o de obra para a Costa do Marfim, mais rica.

De acordo com a pesquisa NORC da Universidade de Chicago em 2018-19, quase 800.000 crian�as trabalhavam no setor de cacau, contra 1,2 milh�o apontado por um estudo anterior, relativo a 2013-14, da universidade americana de Tulane.

Os casos de tr�fico afetam menos de 2.000 crian�as, segundo outro estudo de 2018, da Funda��o Walk Free e da ONG V�rit�.

- Persegui��es -

Os n�meros s�o apenas estimativas, e a metodologia da pesquisa varia, esclarece o Comit� Nacional de Vigil�ncia (CNS), que monitora as a��es de luta contra o tr�fico, a explora��o e o trabalho infantil, presidido por Dominique Ouattara, esposa do presidente marfinense.

A opera��o "Nawa 2", a quinta do tipo desde 2009, mobilizou durante dois dias uma centena homens e exigiu muito trabalho preparat�rio e de Intelig�ncia, explica o comiss�rio e subdiretor da pol�cia criminal, Luc Zaka.

Jornalistas acompanharam a pol�cia na regi�o de Meagui, a 50 km de Soubr�.

A bordo de jipes, os agentes avan�aram por uma trilha que passa por campos de cacau e seringueiras.

O comboio para em v�rios pontos: surpreendia as crian�as que voltavam do campo com fac�es, ou trabalhando com os gr�os do cacau que secavam diante das casas dos vilarejos.

Os agentes tamb�m percorreram os campos para localizar os meninos nas planta��es. Alguns tentavam fugir e eram perseguidos.

Ap�s quatro horas de opera��o, eles conseguiram encontrar 12 crian�as e adolescentes. Todos foram levados para o abrigo infantil de Soubr�, inaugurado em 2018, onde, como Issouf, s�o atendidos por educadores e psic�logos. Os parentes buscam os menores no dia seguinte, ap�s uma conversa com a pol�cia e funcion�rios do centro.

Nos casos graves de maus-tratos, ou de trabalhos for�ados, os meninos, geralmente analfabetos, permanecem no abrigo por alguns meses. Eles retornam ao col�gio e aprendem uma atividade: pecu�ria, horticultura, costura, cabeleireiro, entre outras.

� margem das opera��es, os comit�s locais de prote��o da inf�ncia organizam um trabalho nas zonas rurais.

- Pobreza -

"A media��o com as fam�lias � muito importante", comenta Lath Mel, que observa "avan�os".

Segundo a pesquisa NORC, a taxa de escolaridade das crian�as de fam�lias produtoras de cacau melhorou, passando de 59%, em 2008-09, para 85%, em 2018-19. J� um estudo de 2020 do Conselho do Caf� e Cacau da Costa do Marfim (CCCI), organismo p�blico que administra estes setores, aponta, no entanto, que apenas 71% das crian�as entre 5 e 17 anos est�o matriculadas nos col�gios.

Desde 2019, quase 2.000 crian�as foram retiradas das planta��es de cacau.

Al�m disso, a Costa do Marfim aprovou um "arsenal jur�dico" na �ltima d�cada, destaca o procurador de Soubr�, Alexandre Kon�, com multas e senten�as que v�o de meses at� pris�o perp�tua pela escravid�o de menores de dez anos.

Quase 300 pessoas foram condenadas por tr�fico de crian�as, das cerca de 600 levadas � Justi�a entre 2012 e 2020, segundo o CNS.

No decorrer de 2021, aconteceu apenas um julgamento no tribunal de Soubr� - reconhece o procurador -, de um traficante de crian�as condenado a dez anos de pris�o.

Kouassi Kouakou Franck, de 25 anos, morador do vilarejo de Issakro, disse � AFP que "as crian�as devem frequentar a escola, mas, se os pais n�o t�m recursos, ent�o ficam aqui trabalhando".

Lath Mel corrobora: "A pobreza � a principal causa do trabalho e do tr�fico infantil".

O Banco Mundial calcula que mais da metade dos 5 a 6 milh�es de pessoas que ganham a vida com o cacau vivem abaixo da linha da pobreza na Costa do Marfim.


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