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Estado de Minas

A indeniza��o milion�ria a mulheres v�timas de pr�teses 'baratas' de silicone

Corte francesa concede direito a compensa��o a milhares de mulheres que receberam o implante PIP, em decis�o que pode abrir as portas para mais v�timas do mundo inteiro, inclusive do Brasil.


20/05/2021 21:04 - atualizado 20/05/2021 21:04

Prótese PIP era feita com silicone industrial e se rompia com mais facilidade, causando problemas de saúde nas mulheres implantadas(foto: BBC)
Pr�tese PIP era feita com silicone industrial e se rompia com mais facilidade, causando problemas de sa�de nas mulheres implantadas (foto: BBC)
Centenas de v�timas de pr�teses de silicone defeituosas da marca francesa PIP ter�o direito a indeniza��o, segundo uma decis�o desta quinta-feira (20/05) de um tribunal de apela��es em Paris - em julgamento que pode abrir as portas para pedidos de repara��o a dezenas de milhares de mulheres do mundo inteiro, inclusive do Brasil.

 

O processo judicial foi originalmente aberto na Justi�a francesa h� mais de dez anos por 2,7 mil mulheres que alegavam que sofreram problemas de sa�de duradouros depois de se submeterem a implantes de silicone mais barato e de tipo industrial, que acabou sendo considerado impr�prio para uso humano. Rompimentos do implante provocaram casos graves de inflama��o, que for�aram a remo��o das pr�teses.

 

No desdobramento mais recente, o tribunal parisiense decidiu nesta quinta que a empresa certificadora alem� TUV Rheinland agiu com neglig�ncia e ser� responsabilizada por aprovar as pr�teses PIP e ter� de pagar indeniza��es. Ainda n�o se sabe se a empresa, que diz ter sido enganada pela PIP e nega responsabilidade, vai recorrer.

 

Esses implantes foram usados por cerca de 400 mil mulheres no mundo, a maioria delas na Am�rica Latina - e muitas delas no Brasil.

 

Aqui, a Anvisa proibiu a comercializa��o das pr�teses PIP em abril de 2010, ap�s a Ag�ncia Francesa de Sa�de ter alertado para um aumento nos casos de rompimento dos implantes e o produto ter sido recolhido do mercado franc�s.

 

Ainda n�o foi definido quando e qual o tamanho da compensa��o que ser� oferecido �s autoras do processo judicial. Em comunicado, a associa��o PIPA, que representa cerca de 20 mil v�timas em todo o mundo, diz esperar uma indeniza��o que varie entre 20 mil e 70 mil euros (R$ 129 mil a R$ 450 mil, na cota��o atual) para cada mulher. Acredita-se que eles valores ser�o decididos pela Justi�a em setembro.

 

A associa��o diz esperar que mulheres de todo mundo, inclusive latino-americanas, possam apresentar suas queixas perante a Justi�a francesa. O pa�s mais afetado � a Col�mbia, onde estima-se que 60 mil mulheres tenham recebido implantes PIP. No Brasil, estimativas de 2011 apontavam para cerca de 25 mil usu�rias da pr�tese PIP.

'Longa jornada'

A decis�o desta quinta foi recebida com entusiasmo por grupos de mulheres envolvidas no caso.


Jan Spivey colocou próteses no seio depois de ter passado por uma mastectomia, em decorrência de um câncer de mama. Mas, depois do implante, começou a sentir dores no corpo e fadiga(foto: BBC)
Jan Spivey colocou pr�teses no seio depois de ter passado por uma mastectomia, em decorr�ncia de um c�ncer de mama. Mas, depois do implante, come�ou a sentir dores no corpo e fadiga (foto: BBC)

 

"Tem sido uma longa jornada. Temos problemas de sa�de e outras responsabilidades - o PIP teve um impacto em nossas vidas inteiras", diz � BBC a brit�nica Jan Spivey, uma das participantes do processo.

 

Ela se submeteu �s pr�teses depois de ter passado por uma mastectomia, em decorr�ncia de um c�ncer de mama. Mas, depois do implante, come�ou a sentir dores no corpo e fadiga. As pr�teses acabaram sendo removidas, e Jan descobriu que elas estavam vazando silicone no seu corpo.

 

Embora a cirurgia de coloca��o de pr�teses tenha acontecido 20 anos atr�s, "ainda impacta a minha vida e meu bem-estar, at� hoje", diz Jan. "Acho que senti raiva todos os dias da minha vida nos �ltimos 20 anos por ter sido afetada pela PIP".

 

Uma avalia��o da Ag�ncia de Sa�de Brit�nica apontou que pr�teses PIP tinham probabilidade de ruptura at� seis vezes maior do que outros implantes de seios. Esse vazamento de silicone, �s vezes impercept�vel, causou uma s�rie de problemas de sa�de nas mulheres implantadas, inclusive suspeitas de c�ncer.

 

Alguns anos depois da eclos�o do esc�ndalo, o fundador da PIP, Jean-Claude Mas, chegou a ser condenado a quatro anos de pris�o e multa de 75 mil euros.

 

Na �poca, segundo a Reuters, ele disse � investiga��o policial que seus empregados removiam evid�ncias de uso de gel silicone industrial antes que a TUV Rheinland fizesse suas inspe��es anuais.

 

A TUV chegou a fazer 13 inspe��es na PIP entre 19967 e 2010 n�o apontou nenhuma irregularidade na fabricante francesa.


TUV Rheinland, certificadora alemã que avalizou os implantes, foi considerada pela Justiça francesa responsável por indenizações(foto: BBC)
TUV Rheinland, certificadora alem� que avalizou os implantes, foi considerada pela Justi�a francesa respons�vel por indeniza��es (foto: BBC)

Em novembro, um advogado da TUV disse, perante a Justi�a francesa, que a PIP "fez tudo o que p�de para enganar pacientes, bem como autoridades de sa�de e a pr�pria TUV".

 

At� agora, outras inst�ncias da Justi�a haviam rejeitado a ideia de que a TUV fosse responsabilizada. A certificadora alem� criticou a decis�o judicial desta quinta-feira e afirmou que "agiu de modo diligente, em concord�ncia com as regula��es vigentes".

 

Para a m�dica Mary O'Brien, presidente da Associa��o Brit�nica de Cirurgi�es Pl�sticos, a decis�o da Justi�a francesa ter� um importante papel em garantir que falhas em implantes como os PIP n�o se repitam no futuro. "O custo humano e a ang�stia vivida por muitas mulheres e suas fam�lias ap�s as cirurgias com PIP s�o preocupantes", afirmou � BBC.

 

Outra v�tima dos implantes, a brit�nica Alifie Jones removeu suas pr�teses no m�s passado, depois de passar anos sofrendo de extrema exaust�o e dores que n�o pareciam ter explica��o clara. Na cirurgia de remo��o, o m�dico ficou chocado ao descobrir que uma das pr�teses havia se partido em v�rios peda�os dentro de seu corpo, expondo-o ao silicone industrial.

 

O mais dif�cil, diz ela, "era n�o saber o que era (que causava as dores), ser uma doen�a misteriosa que me impedia de me exercitar. Eu n�o me sentia vibrante e sinto que minha vida foi meio que roubada de mim, de certa forma", afirma � BBC.

 

"N�o acredito que foi permitido que algo assim fosse implantado dentro de mim. Me sinto culpada por ter prejudicado meu corpo e por ter colocado a pr�tese. Mas tamb�m sinto raiva que um ser humano possa fazer algo assim com outro", diz, em refer�ncia aos atos da empresa francesa.

 

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