Uma hora antes da entrada em vigor da tr�gua, �s 02h00 desta sexta-feira no hor�rio local (20h00 desta quinta-feira em Bras�lia), os habitantes da Faixa de Gaza garantiam que ainda estavam sendo bombardeados, enquanto as sirenes de alerta para lan�amento de foguetes soavam no sul de Israel.
Mas, assim que entrou em vigor, os palestinos celebraram o cessar-fogo nas ruas do centro da cidade de Gaza.
"� a euforia da vit�ria", declarou Jalil al Haya, n�mero dois do escrit�rio pol�tico do Hamas na Faixa de Gaza, durante um discurso diante de manifestantes animados. Ele tamb�m prometeu "reconstruir" as casas destru�das pelos bombardeios israelenses.
Tamb�m houve manifesta��es de alegria nas cidades da Cisjord�nia ocupada e o ex�rcito israelense n�o acionou os alarmes de foguetes.
Este acordo foi poss�vel gra�as � media��o do Egito, pot�ncia regional que mant�m rela��es tanto com Israel quanto com o Hamas, movimento considerado "terrorista" pelo Estado hebreu, Uni�o Europeia e Estados Unidos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aplaudiu o papel do Egito no cessar-fogo, chamando-o de uma "oportunidade genu�na de seguir em frente", enquanto o Reino Unido pediu a todas as partes para trabalhar para torn�-lo "dur�vel".
"Acredito que os palestinos e os israelenses merecem viver com seguran�a e desfrutar do mesmo n�vel de liberdade, prosperidade e democracia", declarou Biden da Casa Branca.
O secret�rio de Estado americano, Antony Blinken, visitar� "nos pr�ximos dias" o Oriente M�dio, onde se reunir� com os hom�logos "israelense, palestino e regionais" para "trabalhar juntos para construir um futuro melhor para israelenses e palestinos", informou o Departamento de Estado.
O Reino Unido pediu a todas as partes que trabalhem para tornar o cessar-fogo "duradouro" e o secret�rio-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um chamado � "reconstru��o".
Durante o dia surgiram rumores de tr�gua que finalmente terminaram em um acordo de fim de hostilidades para acabar com dez dias de confrontos que deixaram pelo menos 232 mortos do lado palestino e 12 em Israel.
A decis�o foi anunciada ap�s uma reuni�o do gabinete de seguran�a israelense, do qual fazem parte o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o Estado-Maior das for�as armadas e os servi�os de intelig�ncia do pa�s.
"O gabinete (de seguran�a) aceitou por unanimidade a recomenda��o dos funcion�rios de seguran�a (...) de aceitar a iniciativa eg�pcia de cessar-fogo bilateral sem condi��es", informou Netanyahu.
Na Faixa de Gaza, o Hamas e a Jihad Isl�mica, segundo grupo armado o enclave, confirmaram a entrada em vigor da tr�gua.
"Os irm�os eg�pcios nos informaram que um acordo foi conclu�do para um cessar-fogo bilateral e simult�neo na Faixa de Gaza, a partir das 2h00", disse o gabinete pol�tico do Hamas em um comunicado.
"A resist�ncia palestina respeitar� este acordo enquanto a ocupa��o (como o Hamas chama Israel) o respeitar", continuou.
- Fragilizar o Hamas -
O an�ncio foi feito ap�s mais de 10 dias de confrontos sangrentos entre Israel e o Hamas, que iniciou a hostilidade em 10 de maio, com o lan�amento de foguetes contra o territ�rio israelense, em solidariedade a centenas de palestinos feridos em confrontos com a pol�cia de Israel na Esplanada das Mesquitas, em Jerusal�m.
Ap�s esse primeiro disparo de foguetes, Israel lan�ou uma opera��o para reduzir a capacidade militar do Hamas, que consistiu em ataques a�reos ao pequeno territ�rio sob bloqueio israelense, de 2 milh�es de habitantes.
J� o Hamas e a Jihad Isl�mica lan�aram mais de 4.300 foguetes conta o territ�rio de Israel, uma quantidade e em uma intensidade nunca vistas antes. O escudo antim�ssil israelense interceptou cerca de 90% dos proj�teis.
Os confrontos causaram mais de 230 mortes do lado palestino, incluindo cerca de 60 crian�as e muitos combatentes do Hamas e da Jihad Isl�mica, e 12 mortes em Israel, entre eles uma crian�a de seis anos, uma adolescente de 16 anos e um soldado.
- Catar, Egito -
Ap�s tr�s guerras em uma d�cada, Hamas e Israel entraram em acordo em 2018 para respeitar uma tr�gua para estabilizar e desenvolver Gaza, um territ�rio com infraestrutura prec�ria e muito desemprego, gra�as � media��o da ONU, do Egito e do Catar, um emirado do Golfo pr�ximo ao movimento das Irmandades Mu�ulmanas, dos quais o Hamas � oriundo.
Nos bastidores, estes tr�s atores intensificaram as negocia��es nesta quinta-feira para alcan�ar um acordo de cessar-fogo.
O enviado da ONU para o Oriente M�dio, Tor Wennesland, viajou ao Catar para se encontrar com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, enquanto os eg�pcios conversaram com altos funcion�rios de seguran�a de Israel para pressionar as partes.
Em virtude do acordo, "duas delega��es eg�pcias ser�o enviadas a Tel Aviv e aos Territ�rios Palestinos para monitorar a implementa��o (do cessar-fogo) e o processo para manter as condi��es est�veis permanentemente", informaram fontes diplom�ticas eg�pcias � AFP no Cairo.
- Choques antes da tr�gua -
Horas antes do an�ncio do cessar-fogo, os ataques israelenses se intensificaram no enclave palestino, de onde nuvens de fuma�a se ergueram em meio � agita��o das ambul�ncias, informaram jornalistas da AFP.
No final da tarde, diversos lan�amentos de foguetes atingiram o sul de Israel, for�ando os residentes a buscarem abrigo.
Apesar deste acordo de tr�gua, existem preocupa��es sobre o que pode acontecer na Cisjord�nia, mas tamb�m em Israel.
Desde o in�cio das hostilidades armadas, tumultos e confrontos com for�as israelenses estouraram em muitas cidades e campos palestinos na Cisjord�nia, resultando em mais de 25 mortes, o pior n�mero de �bitos em anos neste territ�rio.
E �rabes israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras ap�s a cria��o de Israel em 1948, se manifestaram, fecharam seus neg�cios ou participaram de tumultos alegando sofrer "discrimina��o".
JERUSAL�M