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Estado de Minas ORIENTE M�DIO

Oriente M�dio: Israel, Hamas e Jihad Isl�mica iniciam tr�gua

Sob media��o do Egito, Hamas, Israel e Jihad Isl�mica voltam � paz, depois de 11 dias de escalada de viol�ncia que deixou 244 mortos


21/05/2021 08:44

(foto: Mohammed Abed/AFP)
(foto: Mohammed Abed/AFP)
O rel�gio marcava 20h em Bras�lia (2h de hoje na Faixa de Gaza) quando o m�dico Hazem Abu Moloh, 49 anos, mandou um �udio ao Correio Braziliense em que se ouvia o barulho de fogos de artif�cio e de uma multid�o celebrando, na Cidade de Gaza. “As pessoas est�o muito felizes. O cessar-fogo come�ou agora”, afirmou. No alto-falante, gritos de “Allahu Akbar” (“Deus � maior”), “Liberdade”, “Palestina” e “N�s vencemos!”. Em Ashdod (sul de Israel), a estudante Roni Ben Zikry, 27 anos, demonstrava al�vio. “Eu estou muito feliz com a calmaria aguardada e com a possibilidade de andar pelas ruas sem a amea�a de m�sseis. Os �ltimos dias foram desafiadores. Tenho orgulho da capacidade dos cidad�os de cumprirem com suas tarefas e permitirem que o governo tome o curso da a��o”, disse, por meio do WhatsApp.

Depois de 11 dias de viol�ncia, que custaram a vida de 232 palestinos e de 12 israelenses, o desafio de ambas as partes ser� assegurar a implementa��o da tensa tr�gua. Os Estados Unidos e o Reino Unido saudaram a interrup��o das hostilidades no Oriente M�dio, que tiveram a media��o do Egito.

O Hamas reivindicou a “vit�ria” no confronto com Israel. “� a euforia da vit�ria”, disse Jalil Al Haya, n�mero dois do gabinete pol�tico da fac��o na Faixa de Gaza, ao discursar para manifestantes, durante a madrugada. As fotos e v�deos enviados por Hazem mostravam o povo na rua, al�m de buzina�os. “H� mulheres e crian�as de todas as gera��es”, contou. “Hoje, n�s n�o dormiremos. Ao contr�rio dos �ltimos dias, em que viv�amos sob bombardeios, destrui��o e morte, nesta noite ficaremos despertos, com o nosso desejo de respirar o ar de uma terra querida e o cheiro de uma nova vida”, desabafou.

O cessar-fogo foi classificado como “incondicional” pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enquanto os grupos isl�micos Hamas e Jihad Isl�mica confirmaram a tr�gua. “O gabinete (de seguran�a) aceitou por unanimidade a recomenda��o dos funcion�rios de seguran�a (...) de aderir � iniciativa eg�pcia de cessar-fogo bilateral sem condi��es”, informaram as autoridades israelenses, por meio de um comunicado.

Em pronunciamento � na��o, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que conversou com Netanyahu e com Abdel Fattah El-Sisi, presidente do Egito. “O senhor Netanyahu me informou que Israel concordou com um cessar-fogo m�tuo incondicional. Os eg�pcios nos informaram que o Hamas e outros grupos em Gaza tamb�m concordaram”, declarou. Biden deu seu “sincero reconhecimento” ao Egito pela media��o da tr�gua. “Creio que temos uma oportunidade genu�na de seguir em frente e estou comprometido em trabalhar para isso.” O Departamento de Estado norte-americano anunciou que o secret�rio Antony Blinken viajar� ao Oriente M�dio “nos pr�ximos dias”. Dominic Raab, ministro brit�nico das Rela��es Exteriores, instou os dois lados a tornarem o cessar-fogo duradouro.

Qais M. Shqair, chefe da Miss�o Permanente da Liga dos Estados �rabes no Brasil, disse � reportagem que o cessar-fogo � um “desenvolvimento positivo”. “Trata-se de um passo adiante. N�s esperamos que ele seja respeitado. Preservar as vidas dos civis � uma prioridade”, comentou.

Mais cedo, durante um debate na Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), uma troca de farpas entre o chanceler palestino, Riyad Al-Maliki, e o embaixador israelense, Gilad Erdan, deu o tom de fragilidade da tr�gua. “Vamos parar com esse massacre. Como pode uma pot�ncia ocupante ter o direito de se defender quando todo um povo sob ocupa��o est� privado dos mesmos direitos?”, questionou Al-Maliki. Por sua vez, Erdan denunciou que a ONU atua com “indiferen�a em rela��o ao status do Hamas, que, como nazistas, est� empenhado no genoc�dio do povo judeu”. “Vemos uma tentativa de criar falsa equival�ncia moral”, acrescentou.

Ceticismo

As �ltimas horas de hostilidades aumentavam o ceticismo sobre a interrup��o da viol�ncia. As For�as de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que, somente ontem, mais de 300 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza em dire��o ao territ�rio israelense. “Em resposta, atingimos cerca de 30 bases de lan�amento dos artefatos”, afirmaram, por meio do Twitter. Desde 10 de maio, o Hamas lan�ou 4.340 foguetes contra Israel.

Abrigado em uma escola da Ag�ncia das Na��es Unidas de Assist�ncia aos Refugiados da Palestina no Pr�ximo Oriente (UNRWA), no norte da Faixa de Gaza, o sanitarista Youssef Ibrahim Haboub misturava ceticismo e esperan�a em rela��o � tr�gua. Casado e pai de oito crian�as, o palestino de 42 anos disse ao Correio n�o saber se o cessar-fogo ser� pass�vel de credibilidade. Pouco antes da zero hora de hoje (18h de ontem em Bras�lia), ele relatou que escutava o barulho de drones (avi�es de reconhecimento n�o tripulados).

“Eu quero viver em paz, com minha fam�lia. Quero voltar para casa. Durante os bombardeios, crian�as choram e clamam por seus pais. Meus filhos precisam de apoio psicol�gico, pois sentem medo e t�m pesadelos todas as noites”, disse. Ele a fam�lia foram for�ados a fugir de casa, pois vivem a apenas 1km da fronteira com Israel.
(foto: AFP / AHMAD GHARABLI)
(foto: AFP / AHMAD GHARABLI)

“Inferno na Terra” para crian�as 

“Se existe um inferno sobre a Terra, s�o as vidas das crian�as em Gaza”, advertiu o secret�rio-geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), Ant�nio Guterres, antes do an�ncio do cessar-fogo. Ele lamentou que cerca de 60 crian�as palestinas tenham sido mortas pelos bombardeios de Israel, enquanto milhares ficaram feridas. Guterres tamb�m classificou como “inaceit�vel” o lan�amento indiscriminado de foguetes por parte do Hamas, os quais mataram 12 pessoas no sul de Israel e em Tel Aviv. “Os combates for�aram mais de 50 mil pessoas a abandonarem suas casas e a buscarem abrigo na Ag�ncia das Na��es Unidas de Assist�ncia aos Refugiados da Palestina no Pr�ximovOriente (UNRWA).

» Depoimentos
Alegria e dor

Ibrahim Alzeben

“Este � um momento de alegria, apesar da dor que acompanhou 11 dias de opress�o. Agradecemos ao irm�o Egito e a todos os esfor�os extenuantes de todos os atores internacionais que contribu�ram para estancar o sangramento. Esperamos que seja o come�o do fim da agress�o e da viol�ncia, e um verdadeiro come�o para o povo palestino recuperar seus direitos nacionais. Esta rodada sangrenta, na qual centenas de pessoas inocentes foram mortas e destru�das, provou que o uso da for�a por Israel, n�o importa o qu�o grande seja, n�o impedir� o nosso povo palestino de reivindicar o nosso direito leg�timo a uma vida decente, em um Estado independente, com Jerusal�m Oriental como capital.”

Embaixador palestino em Bras�lia

Esperan�a israelense

David Atar

“O povo de Israel recebeu a not�cia com uma mistura de sentimentos de esperan�a, com lembran�a dos �ltimos casos de cessar-fogo. O problema principal da Faixa de Gaza e do lado palestino n�o foi resolvido: o fundamentalismo religioso do Hamas e da Jihad Isl�mica e a nega��o da exist�ncia do Estado de Israel, al�m da incita��o e da doutrina��o das gera��es contra a ideia de conviv�ncia pacifica com Israel. Depois de 11 dias e de 4 mil foguetes lan�ados de forma indiscriminada contra cidades israelenses, n�o conseguiram quebrar o esp�rito do povo de Israel. Uma nova atitude quanto � Faixa de Gaza ser� necess�ria para resolver o problema. Os velhos e reciclados paradigmas n�o ser�o suficientes para trazer a paz.”

Encarregado de Neg�cios da Embaixada de Israel

Embaixadores árabes cobram posição do Brasil(foto: Missão Permanente da Liga dos Estados Árabes/Divulgação)
Embaixadores �rabes cobram posi��o do Brasil (foto: Miss�o Permanente da Liga dos Estados �rabes/Divulga��o)

Em uma demonstra��o de unidade diante da causa palestina e de rep�dio a Israel pelos bombardeios na Faixa de Gaza, o Conselho de Embaixadores dos Pa�ses �rabes em Bras�lia se reuniu, ontem, na sede da Miss�o Permanente da Liga dos Estados �rabes. De acordo com o decano do conselho, Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina, uma comitiva formada por dez embaixadores da Liga �rabe e dez chefes de miss�o ser� recebida, �s 12h30 de hoje, no Pal�cio do Itamaraty, pelo ministro das Rela��es Exteriores, Carlos Alberto Franco Fran�a.

“Apostamos no Brasil, que sempre esteve ao lado da verdade e da lei internacional. Temos a convic��o de que o Brasil preservar� o seu respeito perante o mundo, e isso somente ocorrer� respeitando-se a lei internacional”, disse Alzeben. Ser� a primeira vez, durante o governo Jair Bolsonaro, que um chanceler receber� uma delega��o de embaixadores �rabes. Segundo Al-Zeben, na segunda-feira, a comitiva �rabe ter� audi�ncias com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da C�mara dos Deputados e do Senado.

“O encontro de amanh� (hoje) com o chanceler � um marco importante para n�s, a fim de escutarmos a opini�o do Brasil e o mundo, para esclarecermos a posi��o do Brasil sobre o que est� acontecendo”, afirmou Qais M. Shqair, chefe da Miss�o Permanente da Liga dos Estados �rabes no Brasil. Ele revelou que tentou agendar reuni�es, em v�rias ocasi�es, com o ex-chanceler Ernesto Ara�jo, mas jamais obteve resposta.

At� o fechamento desta edi��o, o presidente brasileiro somente tinha se pronunciado uma vez sobre a escalada de viol�ncia no Oriente M�dio — por meio do Twitter, Bolsonaro afirmou que “� absolutamente injustific�vel o lan�amento indiscriminado de foguetes contra o territ�rio israelense”, mas n�o condenou os bombardeios � Faixa de Gaza. “Um presidente de um pa�s eleito tem o direito de declarar o que quiser, mas se isso nos agrada, ou n�o, � outra quest�o. Os canais diplom�ticos s�o os mais corretos para esclarecer as quest�es”, declarou o embaixador palestino.

Alzeben lembrou que, durante a gest�o de Ernesto Ara�jo no Itamaraty, houve uma mudan�a na forma com que o Brasil vota em rela��o � quest�o palestina. “Em v�rias resolu��es do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, o Brasil votou de forma negativa no que diz respeito � Palestina. N�s expressamos nossa preocupa��o sobre isso e esperamos que o governo brasileiro revise e se comprometa com o direito internacional.”

Durante a reuni�o do Conselho de Embaixadores dos Pa�ses �rabes em Bras�lia, os representantes da Tun�sia, L�bia, L�bano, Kuwait e Ar�bia Saudita prestaram solidariedade aos palestinos e defenderam uma solu��o para o conflito baseada no retorno ao status quo das fronteiras de 1967, com Jerusal�m como capital do Estado palestino.


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