- Compet�ncias -
A R�ssia � um terreno f�rtil para especialistas em inform�tica: os "hackers" de hoje seguem o rastro de uma excel�ncia em programa��o que remonta aos tempos sovi�ticos.
Ap�s a queda da ent�o Uni�o Sovi�tica, parte dos graduados nesse campo come�ou a se envolver em crimes cibern�ticos, levando os russos ao topo do p�dio mundial em hackeamento de cart�es de cr�dito.
"Na d�cada de 1990, essa �rea prosperou, gra�as a uma cultura de engenhosidade e a uma tend�ncia a evitar as regras", explica K�vin Limonier, pesquisador do Instituto Franc�s de Geopol�tica.
- Ex�rcito e servi�os secretos -
Outra tradi��o sovi�tica: a colabora��o de programadores com os servi�os secretos.
O primeiro ciberataque em grande escala atribu�do � R�ssia remonta a 2007 e foi lan�ado contra os servi�os dos pa�ses b�lticos. Em 2021, o Minist�rio russo da Defesa cria suas "unidades cibern�ticas".
Segundo o governo americano, os "hackers" dos servi�os de Intelig�ncia militar (GRU) foram os que tentaram manipular as elei��es presidenciais de 2016 nos Estados Unidos, invadindo e-mails de pessoas pr�ximas � ent�o candidata democrata, Hillary Clinton - advers�ria do republicano Donald Trump -, e de seu partido.
Envolvido em dezenas de casos, o mais conhecido grupo russo de espionagem cibern�tica foi apelidado de "Fancy Bear" e "APT28" por seus cr�ticos e seria ligado ao GRU.
J� o recente esc�ndalo SolarWinds nos Estados Unidos foi atribu�do ao SVR, o servi�o de Intelig�ncia externa russo.
- Informa��o e influ�ncia -
"Os ataques cibern�ticos dos servi�os de Intelig�ncia russos fazem parte das opera��es internacionais voltadas para a obten��o de informa��es estrat�gicas", resumiu a Intelig�ncia alem�, em 2016, evocando opera��es de espionagem e sabotagem.
A lista de supostos ataques � longa: Parlamento e Chancelaria alem�es (2014), emissora de televis�o francesa (2015), elei��es nos Estados Unidos (2016, 2020), rivais esportivos e institutos de pesquisa da covid-19.
De acordo com Washington, um ataque direcionado contra o fabricante de softwares SolarWinds permitiu que o SVR roubasse uma quantidade significativa de informa��es do setor financeiro, de infraestruturas estrat�gicas e de ag�ncias governamentais.
"O n�mero de ataques cibern�ticos russos est� crescendo e, de acordo com o que aprendemos com as opera��es descobertas, eles t�m sido muito eficazes", comentou o especialista em servi�os secretos russos Andrei Soldatov.
- Desinforma��o e influ�ncia -
A isso, somam-se as campanhas de desinforma��o dirigidas contra os processos democr�ticos para gerar disc�rdia na sociedade e nas redes sociais.
A R�ssia foi acusada de gerar f�bricas de "trolls" on-line e de preparar informa��es virais falsas para influenciar os internautas.
O site EuvsDisinfo, que documenta opera��es suspeitas de desinforma��o, acusou no final de abril "atores da desinforma��o pr�-Kremlin de buscarem nutrir a desconfian�a" dos europeus quanto ao fornecimento de vacinas contra o coronav�rus.
Segundo os ocidentais, essas opera��es de desinforma��o podem ser realizadas pela m�dia p�blica, como o canal internacional de not�cias russo RT, ou por figuras duvidosas como Evgeni Prigojin, um magnata suspeito de ser o chefe do grupo mercen�rio privado Wagner.
De acordo com Washington, este amigo pr�ximo do presidente Vladimir Putin dirigiu e financiou a Internet Research Agency, um escrit�rio envolvido na manipula��o do eleitorado americano nas redes sociais em 2016.
- Um 'n�o' sistem�tico -
O Kremlin, por sua vez, sempre nega qualquer envolvimento, mesmo diante de evid�ncias flagrantes, e acusa europeus e americanos de desinforma��o.
Para isso, aproveita a dificuldade t�cnica de seus rivais para demonstrar a origem dos ataques cibern�ticos.
Moscou vai ainda mais longe e, como teste de honestidade, afirma querer cooperar na seguran�a cibern�tica.
Com a aproxima��o das elei��es presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, e sendo alvo de m�ltiplas acusa��es de interfer�ncia, Vladimir Putin prop�s a Washington um pacto eleitoral de n�o interfer�ncia e um acordo global contra o uso belicoso de novas tecnologias.
A proposta n�o foi respondida, mas Andrei Soldatov n�o descarta que, no final, diante da capacidade da R�ssia de causar danos, "a pol�cia da Europa e dos Estados Unidos opte pela coopera��o em quest�es de seguran�a com a R�ssia".
MOSCOU