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Estado de Minas WASHINGTON

Ap�s 40 anos, aids atinge desproporcionalmente popula��o negra nos EUA


05/06/2021 12:18

Dedra Spears Johnson era assistente social em um sub�rbio da capital americana, Washington, no auge da epidemia de HIV na d�cada de 1990, quando concluiu que as necessidades de sa�de das mulheres negras n�o estavam sendo atendidas.

Pouco antes, medicamentos altamente eficazes haviam sido aprovados contra a aids, mas as pessoas ao seu redor enfrentavam barreiras econ�micas e tabus culturais que as impediam de acess�-los.

"Tinham vergonha de ter esta doen�a suja", disse � AFP Spears Johnson, que em 1999 co-fundou um grupo sem fins lucrativos chamado Heart to Hand Inc, para expandir o acesso a exames, tratamentos e educa��o.

"Em nossa comunidade n�o falamos sobre sexo", aponta.

Quarenta anos depois que cientistas americanos documentaram os primeiros casos do que mais tarde seria identificado como o v�rus HIV, os medicamentos reduziram as taxas de infec��o, mas as disparidades raciais s�o agora mais fortes do que nunca.

Os afro-americanos passaram de 29% das novas infec��es em 1981 para 41% em 2019, apesar de serem apenas 13% dos americanos, de acordo com um novo relat�rio do governo.

Parte do problema decorre da natureza fragmentada do sistema de sa�de do pa�s.

Dezenas de milh�es de pessoas n�o t�m seguro, dependem de um seguro estatal para pessoas de baixa renda ou disp�em de um insuficiente.

- "Senten�a de morte" -

Em 5 de junho de 1981, os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos publicaram um relat�rio que dava conta de uma rara doen�a pulmonar sofrida por cinco jovens homossexuais brancos.

No momento da publica��o do relat�rio, dois deles j� estavam mortos e os outros tr�s faleceriam logo em seguida. Era o in�cio da crise da aids.

Atualmente, estima-se que 1,2 milh�o de americanos vivem com HIV.

"Quando comecei a atender pacientes infectados pelo HIV, para a maioria deles era uma senten�a de morte", contou � AFP o professor de medicina da Universidade Johns Hopkins Charles Flexner, que era estudante de medicina na �poca.

A epidemia atingiu o pico em meados da d�cada de 1980, e em 1987 a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro medicamento antirretroviral, a azidotimidina (AZT).

No entanto, sua toxicidade e propens�o a causar anemia foram excessivas para alguns pacientes, principalmente aqueles j� debilitados pela doen�a.

Tratamentos mais eficazes, chamados de terapias triplas, apareceram em 1995 e 1996, mas os pacientes tinham de tomar de 12 a 16 comprimidos por dia, o que muitas vezes os deixava doentes.

"Ann", uma mulher negra que foi infectada em 1997 pelo seu ex-marido, disse que os comprimidos eram dif�ceis de guardar.

"Alguns tinham que ser refrigerados", segundo Ann, que se recusou a revelar seu nome verdadeiro por medo de ser rejeitada por familiares e amigos para quem adora cozinhar.

"Eu n�o queria que ningu�m os visse na minha geladeira. Ent�o, os guardava numa gaveta."

- Virada -

Em 1996, as mortes relacionadas � aids ca�ram pela primeira vez nos Estados Unidos.

A aprova��o pela FDA em 2012 de uma p�lula chamada PrEP, ou profilaxia pr�-exposi��o, levou a redu��es ainda maiores nas mortes.

Este medicamento, tomado uma vez ao dia, reduz o risco de contrair o HIV em cerca de 99%.

No entanto, em 2019, apenas 29% das pessoas que poderiam se beneficiar o estavam usando. E 63% eram brancas, 14% hisp�nicas e apenas 8% negras.

Um dos grupos de maior risco s�o os homens negros gays, e estudos mostram que isso n�o � porque eles t�m comportamentos mais associados ao risco do que o resto da popula��o, mas porque o HIV j� � muito mais prevalente entre eles.

"A falta de recursos e o financiamento insuficiente atingiram historicamente as comunidades gays negras", observou um relat�rio de 2015 da amFAR, a Funda��o para a Pesquisa da aids.

David Wilson, um homem negro gay de 33 anos que � HIV negativo, disse � AFP que decidiu iniciar a PrEP depois de descobrir que seu parceiro teve rela��es sexuais com outra pessoa e que se infectou.

"Sou totalmente realista sobre minhas pr�ticas sexuais e estou ciente das coisas que gosto de fazer. � por isso que decidi fazer a PrEP", afirmou.

- "N�o nos damos por vencidos" -

Wilson est� sendo tratado na Whitman-Walker, uma cl�nica de sa�de sexual no centro de Washington fundada por gays na d�cada de 1970.

A ex-membro do conselho da Whitman-Walker, SaVanna Wanzer, uma ativista transg�nero negra, contraiu o v�rus em 1985.

"A aids foi classificada como uma doen�a dos gays. Tratavam voc� como se fosse o menor esp�cime do mundo", disse Wanzer.

Poucos sabiam como a doen�a era transmitida na �poca, e Wanzer descreveu que os pacientes eram deixados sozinhos em quartos isolados para morrer com "todas as bandejas do almo�o empilhadas na frente da porta".

Naquela �poca, um dos objetivos de Whitman-Walker era ajudar os pacientes a morrer com dignidade.

Hoje oferece um sistema simplificado para acesso � preven��o e tratamento do HIV.

Os pacientes n�o segurados s�o registrados em "navegadores de seguros" com o objetivo de obter uma receita no mesmo dia.

"N�o vamos desistir em nenhum caso", disse Spears Johnson � AFP.


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