Nesta ter�a-feira (8), em Haia, a justi�a internacional se pronunciar� sobre o julgamento em recurso do ex-general, confirmando ou n�o sua pris�o perp�tua por genoc�dio, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra.
Detido em 2011, ap�s 16 anos foragido, o militar corpulento e arrogante se tornou um idoso doente, de quase 80 anos. Mas seu julgamento n�o mudou a forte convic��o, expressa em sua primeira apari��o no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugosl�via (TPII) em Haia: "Sou o general Mladic. Defendi meu pa�s e meu povo".
O militar, um homem col�rico e brutal para alguns, alegre e extravagante para outros, afirmou um dia que "as fronteiras sempre foram tra�adas com sangue, e os Estados, delimitados pelos t�mulos".
Ele � considerado o terceiro arquiteto da limpeza �tnica em um conflito inter�tnico que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milh�es de deslocados entre 1992 e 1995.
De Belgrado, o presidente Slobodan Milosevic, falecido na pris�o aos 64 anos, em 2006, inflamava os B�lc�s com seus discursos sobre a Grande S�rvia, enquanto falava com a comunidade internacional.
Em Pale, capital de facto dos servo-b�snios, o psiquiatra Radovan Karadzic, de 72, condenado em 2016 a 40 anos de deten��o, vomitava sua propaganda fan�tica.
Mladic era seu bra�o armado, o �nico do trio nascido na B�snia, em Bozanovici, um povoado de camponeses pobres do sul.
�rf�o de pai campon�s morto nas m�os dos croatas ustase pr�-nazistas, integrou o Ex�rcito iugoslavo. No in�cio da guerra, ap�s ter combatido os croatas, mudou-se para Sarajevo, onde dirigiu o cerco de quase quatro anos que devastou a cidade.
Mais de 10 mil habitantes, entre eles 1.500 crian�as, morreram ali, v�timas dos franco-atiradores e da artilharia que disparavam das colinas controladas pelas tropas de Mladic ao redor da localidade.
- 'Faz�-los desaparecer por completo'
Apesar de tudo, em Belgrado ainda se pode comprar camisetas com o rosto do general, e seus partid�rios continuam a apresent�-lo como um soldado campon�s amante de sua terra, respeitoso dos c�digos de honra da guerra, cujos �nicos objetivos eram uma Iugosl�via unida e a prote��o de "seu" povo contra os chamados "turcos" - os b�snios mu�ulmanos.
A descri��o foi rejeitada em Haia pelo procurador Alain Tieger, que pediu pris�o perp�tua para Mladic.
"Sua preocupa��o n�o era que os mu�ulmanos pudessem criar um Estado. Sua preocupa��o era faz�-los desaparecer por completo", alegou.
"Sua guerra foi uma guerra covarde", escreve o jornalista brit�nico Tim Judah, em sua obra "The Serbs" (Os s�rvios), acrescentando que, salvo alguns combates reais, ele se dedicou, sobretudo, a expulsar "centenas de milhares de pessoas desarmadas de suas casas".
Em 1995, Mladic dirigiu o massacre de Srebrenica, considerado como o pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, motivo pelo qual foi acusado de genoc�dio.
- Roseiras e futebol
Imagens gravadas em Srebrenica mostram o general falando com civis, mulheres e idosos, depois que suas tropas conquistaram o territ�rio mu�ulmano em julho de 1995.
"N�o tenham medo. Devagar, devagar, deixem as mulheres e as crian�as irem primeiro", diz, dando tapinhas no rosto de um pequeno b�snio, com atitude paternal.
Em outra grava��o, Mladic celebra a "revanche contra os 'turcos'".
Nos arredores da cidade, em apenas alguns dias, seus homens mataram mais de 8.000 homens e adolescentes b�snios que fugiam.
Depois dos Acordos de Dayton, que p�em fim � guerra, Mladic permaneceu na B�snia, a salvo em seu abrigo de Han Pijesak, uma base localizada no meio de um bosque do leste do pa�s.
Depois, instalou-se em Belgrado, protegido pelo Ex�rcito. L�, mesmo sendo procurado pela Justi�a, n�o precisava se esconder. Podava roseiras, ia � padaria, jantava em restaurantes e assistia a partidas de futebol.
Com a queda de Milosevic em 2000, entrou na clandestinidade. As deten��es enfraqueceram suas redes e, para a S�rvia, que sonhava com entrar na Uni�o Europeia, o general se tornou um problema.
Assim, em 26 de maio de 2011, foi preso pela Pol�cia na casa de um primo, no povoado de Lazarevo (norte). Depois de ser transferido para Haia, em 2012, teve in�cio seu julgamento por crimes de genoc�dio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
BELGRADO