Para sua primeira viagem ao exterior, o 46� presidente dos Estados Unidos optou por destacar os v�nculos transatl�nticos, que enfrentaram muitas tens�es durante a presid�ncias de seu antecessor, Donald Trump.
"Minha viagem � Europa � uma oportunidade para que os Estados Unidos mobilizem as democracias de todo o mundo", escreveu, apresentando-se como um personagem central no que descreveu como um confronto ideol�gico ante as "autocracias" lideradas pela China.
Desde sua chegada � Casa Branca, Biden insiste que o pa�s retornou � mesa do multilateralismo, decidido a desempenhar um papel-chave, da luta contra a pandemia da covid-19 at� a mudan�a clim�tica.
Mas, al�m de um verdadeiro al�vio ap�s as diverg�ncias e ataques dos anos Trump, uma forma de impaci�ncia � percebida do lado europeu.
Para Benjamin Haddad, do Atlantic Council, apesar de um tom claramente mais construtivo, uma certa "decep��o" � palp�vel.
"Se fala muito 'America is back' (Estados Unidos est�o de volta), h� uma ret�rica positiva, mas agora � o momento de agir", disse � AFP.
Para muitos, a distribui��o de vacinas americanas para outros pa�ses � muito lenta. A falta de reciprocidade de Washington ap�s a decis�o da Uni�o Europeia (UE) de reabrir as fronteiras aos viajantes americanos provocou descontentamento. E a forma como anunciou a retirada do Afeganist�o, sem nenhuma consulta pr�via real, n�o foi apreciada nas capitais europeias.
A situa��o pode se ser explicada por fatores conjunturais relacionados com as prioridades do in�cio de mandato. Mas tamb�m h� raz�es mais profundas. "Fundamentalmente, a Europa � muito menos importante para a pol�tica externa americana do que era h� 20 ou 30 anos", disse o pesquisador franc�s.
- As "d�vidas" dos aliados -
Al�m disso, o mandato de Trump, que chamou a Otan de "obsoleta", deixou feridas.
"Os aliados continuam com d�vidas e consideram as for�as que levaram Trump ao poder em 2016", afirmou o diplomata americano Alexander Vershbow, ex-n�mero 2 da Alian�a Atl�ntica.
Ap�s o desembarque na quarta-feira � noite na Cornualha, sudoeste da Inglaterra, Biden participar� na reuni�o de c�pula do G7 (Alemanha, Canad�, Estados Unidos, Fran�a, It�lia, Jap�o e Reino Unido) ap�s um encontro com o primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson.
No domingo, ao lado da primeira-dama Jill Biden, visitar� a rainha Elizabeth II no Castelo de Windsor.
Com exce��o de Lyndon B. Johnson, a monarca se reuniu com todos os presidentes americanos em 69 anos de reinado.
Em seguida, ele embarcar� no Air Force One com destino a Bruxelas (reuni�o de l�deres da Otan e encontro de c�pula UE-EUA), antes de finalizar a viagem de oito dias em Genebra com uma aguardada reuni�o com Putin.
Ucr�nia, Belarus, o destino do opositor russo detido Alexei Navalny, ciberataques: os debates com o l�der russo devem ser duros e dif�ceis. A Casa Branca, que alterna mensagens conciliadoras e advert�ncias, insiste que suas expectativas s�o modestas.
A �nica meta apresentada � tornar as rela��es entre os dois pa�ses mais "est�veis e previs�veis".
- A recorda��o de Helsinque -
A presid�ncia americana divulgou poucos detalhes sobre o encontro, dando a entender apenas que uma entrevista coletiva conjunta dos dois presidentes n�o est� na agenda.
A reuni�o entre Putin e Trump em Helsinque, em julho de 2018, continua na mente de todos em Washington.
Naquela ocasi�o, em uma entrevista coletiva estranha, que provocou protestos inclusive entre os republicanos, o presidente pareceu dar mais valor �s palavras de Putin que �s conclus�es un�nimes das ag�ncias de intelig�ncia americanas sobre a interfer�ncia russa na campanha presidencial de 2016.
A equipe de Biden afirma que o tom ser� muito diferente agora. "N�o vemos uma reuni�o com presidente russo como uma recompensa para ele", destacou Jake Sullivan, conselheiro de Seguran�a Nacional.
O motivo principal do encontro? "Poder olhar o presidente Putin nos olhos e afirmar: Aqui est�o as expectativas americanas", completou.
O secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, insistiu que o di�logo com a R�ssia n�o � sinal de fragilidade.
E em uma sequ�ncia cuidadosamente pensada, dois dias antes de deixar Washington, Joe Biden convidou o presidente ucraniano Volodimir Zelenski a visitar a Casa Branca nos pr�ximos meses.
Para a cidade de Genebra, a reuni�o ter� um sabor especial: em 1985 a localidade recebeu o encontro de c�pula entre o presidente americano Ronald Reagan e o l�der sovi�tico Mikhail Gorbachev.
WASHINGTON