(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CARACAS

'Me estuprou no carro': as vozes do #MeToo venezuelano


11/06/2021 10:57

Gionaira teve um colapso nervoso quando come�ou a ver centenas de den�ncias de viol�ncia sexual na Venezuela que inundaram as redes sociais como eco do movimento mundial #MeToo.

"Me senti muito identificada, passei por um colapso nervoso, tive que buscar ajuda psicol�gica", conta � AFP Gionaira Ch�vez, estuprada aos 15 anos.

"J� era hora de levantar a minha voz", disse 13 anos depois esta estilista ao ler as den�ncias de abuso e ass�dio sexual que come�aram a circular em meados de abril e que atingiram grupos teatrais, bandas musicais e at� o aclamado Sistema de Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela.

Seu agressor era 10 anos mais velho. "Insistiu em me levar para casa" no final de um encontro em Caracas, lembra ela com a voz baixa e o olhar retra�do. "Quando est�vamos na altura do centro (...), essa pessoa... este... ele... me estuprou no carro. Depois me deixou em casa e nunca mais soube dele".

A onda de den�ncias "me ajudou (...) a enxergar isso como um pesadelo que j� passou e simplesmente seguir com a minha vida", afirma Gionaira.

O abuso sexual "est� normalizado" em uma sociedade conservadora e patriarcal como a Venezuela, diz Abel Saraiba, coordenador da Cecodap, ONG de defesa dos direitos de crian�as e adolescentes.

A viol�ncia sexual "est� longe de estar contida ou em redu��o, pelo contr�rio, est� aumentando", alerta.

Os dados oficiais s�o escassos, praticamente inexistentes, embora o procurador-geral Tarek William Saab relate que desde que assumiu o cargo em agosto de 2017 foram apresentadas na Venezuela 8.450 den�ncias por crimes sexuais e 1.676 ordens de pris�o.

Em apoio �s v�timas surgiu o movimento #YoS�TeCreo, semelhante ao globalizado #MeToo que derrubou �dolos da ind�stria do entretenimento nos Estados Unidos.

O "Yo Te Creo Venezuela", movimento surgido paralelamente, recebeu mais de 600 den�ncias de viol�ncia sexual.

- "Tirar minha virgindade" -

Carmela P�rez fez uma das primeiras den�ncias. Foi uma das supostas v�timas de Alejandro Sojo, vocalista da banda de pop rock venezuelana Los Colores, acusado de ter abusado de menores de idade.

Ela tinha 15 anos e ele 23 quando come�aram a sair.

Seus encontros se tornaram sombrios, conta Carmela, hoje com 20 anos. "Ele queria tirar minha virgindade e eu n�o queria", relata. "Foi t�o insistente que eu disse a ele que estava menstruada. Essa foi a �nica forma de par�-lo".

As acusa��es de abuso vinculadas a Sojo s�o mais de 30, segundo o Yo Te Creo Venezuela.

A viol�ncia sexual neste pa�s � penalizada com at� 12 anos de pris�o se houver "abuso de autoridade, de confian�a ou das rela��es dom�sticas", estabelece o C�digo Penal.

Mas Ariana Gonz�lez, do Yo Te Creo Venezuela, alerta que muitos casos n�o chegam �s den�ncias formais devido � desconfian�a na Justi�a.

"A grande maioria das v�timas n�o quer que seu abusador seja preso, quer que algu�m acredite nelas", diz outra ativista, Andrea Hern�ndez.

Gionaira, hoje casada e com uma filha de tr�s anos, denunciou: "Sei que n�o terei justi�a (...) mas me d� um pouco de al�vio pensar que posso evitar um futuro abuso".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)