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Estado de Minas MONTREAL

A luta sem fim de uma canadense para eliminar v�deo porn� da web


16/06/2021 12:05

Durante anos, Rachel (nome fict�cio) ignorou que seu marido havia abusado sexualmente dela, al�m de film�-la quando estava inconsciente. Sem seu consentimento, o v�deo desta canadense de 38 anos terminou no Pornhub, um dos mais populares sites porn�s do planeta.

"Foi devastador. Uma vez que est� l�, fica para sempre", disse ela, que conversou com a AFP, sob a condi��o de ter sua identidade preservada.

O v�deo, que depois foi retirado da plataforma, ainda a persegue. Continua circulando na Internet. E, depois de pouco mais de um ano de sua descoberta, eliminar uma a uma as r�plicas desta grava��o � uma longa luta, travada entre a resigna��o e a esperan�a.

Em uma tarde de agosto de 2020, esta mulher que vive na prov�ncia de Alberta, no oeste do Canad�, descobriu que o marido, de quem ela havia se separado recentemente, havia publicado tr�s anos antes um v�deo da agress�o. Nas imagens, ela parece estar dormindo.

Seu ex-marido foi preso em junho e acusado de agress�o sexual e de distribui��o de imagens �ntimas sem consentimento.

Rachel diz que encontrou uma pasta de fotos em um disco r�gido, o que a levou � conta do marido no Pornhub. Foi l� que ela viu o v�deo pela primeira vez.

"A raz�o de eu n�o saber que havia um v�deo era que eu estive inconsciente durante todo v�deo", desabafa esta estudante de servi�o social, que n�o tem qualquer lembran�a do abuso.

O t�tulo e as palavras-chave que acompanhavam a grava��o de aproximadamente quatro minutos, com a men��o "rem�dios para dormir", sugeriam que ela estava sob efeito de medicamentos.

- "N�o tinha fim" -

O v�deo tinha, ent�o, mais de 40.000 visualiza��es no Pornhub, que diz contar com 130 milh�es de visitantes por dia. Depois, "espalhou para outros sites, com um total de cerca de 200 mil visitas", acrescenta ela.

"Depois disso, parei de contar, simplesmente porque n�o tinha fim", lamenta.

O v�deo - ela lembra - gerou pelo menos dez p�ginas de resultados no Google.

Na manh� seguinte, ela foi � pol�cia, que iniciou uma investiga��o. Poucos dias depois, o v�deo "desapareceu por si s�" do Pornhub, e as palavras-chave a ele associadas n�o mostravam mais nenhum resultado.

Segundo Rachel, o v�deo tamb�m foi postado em 2017 em outras p�ginas da MindGeek, propriet�ria do Pornhub, antes de ser retirado no ano passado.

O termo "rem�dio para dormir" n�o � permitido, disse � AFP um porta-voz da MindGeek, empresa com sede em Montreal.

O Pornhub est� envolvido em um esc�ndalo desde a publica��o de uma mat�ria do jornal americano "The New York Times" que o acusa de hospedar v�deos de pornografia infantil e de estupros. A plataforma nega.

Em meio �s den�ncias, esta gigante do setor anunciou novas medidas para estar "na vanguarda da luta e da erradica��o de conte�do ilegal".

Segundo a empresa, apenas usu�rios "verificados" podem postar conte�do e, agora, o "download" de v�deos � restrito aos assinantes.

O Pornhub diz ainda que est� usando tecnologias de Intelig�ncia Artificial para ajudar a detectar conte�do ilegal, incluindo aquele relacionado com explora��o infantil.

Rachel afirma, por�m, que nem a idade nem o consentimento das pessoas que aparecem nos v�deos s�o verificados. Ao ser questionada pela AFP sobre este ponto, a MindGeek n�o respondeu.

Na verdade, essas medidas dificilmente teriam mudado sua situa��o, j� que � poss�vel recuperar um v�deo sem baix�-lo, por exemplo, gravando-o da tela do computador.

"O fato de que as pessoas possam baix�-lo do Pornhub significa que est� em discos r�gidos e que pode continuar aparecendo. E fazem isso", lamenta.

- "Estresse permanente" -

Rachel conta que "a parte emocional � a mais dif�cil de lidar". Desde que soube do material, sofre de transtorno de ansiedade.

"Assistindo ao v�deo naquela noite, fiquei abalada, e esse sentimento nunca mais foi embora", disse ela, acrescentando que, com frequ�ncia, acorda com ataques de p�nico, ou pesadelos.

"� um estresse permanente" que provoca n�useas e transtornos digestivos, relata.

Seu caso e outros similares levaram os legisladores canadenses a interrogarem, em fevereiro deste ano, os executivos da MindGeek sobre supostos abusos, enquanto Mastercard e Visa suspenderam os pagamentos no Pornhub, depois de um protesto p�blico.

Em maio, o comiss�rio de Privacidade do Canad� anunciou que estava investigando o Pornhub por v�deos que teriam sido postados sem o consentimento das pessoas filmadas.

"Estamos trabalhando para garantir que as plataformas tenham um dever proativo de monitorar e eliminar rapidamente conte�do ilegal, antes que cause mais danos", disse � AFP um porta-voz do Departamento de Patrim�nio Canadense.

Rachel, que passa alguns dias por m�s tentando remover o v�deo, diz que, agora, est� obtendo centenas de resultados, contra 1.900 em janeiro.

"Voc� est� completamente sozinha", desabafa. "N�o h� ningu�m para ligar, ningu�m que possa ajudar", completa.

"Voc� pode pesquisar quem � o propriet�rio desses pequenos sites porn�s an�nimos e obter o endere�o do administrador, mas nada muda. Voc� n�o pode fazer nada", diz Rachel.

THE NEW YORK TIMES COMPANY

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