Gbagbo, de 76 anos, morava em Bruxelas desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) o absolveu em janeiro de 2019, uma decis�o confirmada em apela��o em 31 de mar�o.
"Estou contente de voltar � Costa do Marfil e � �frica ap�s ter sido absolvido", declarou Gbagbo menos de quatro horas depois de se apresentar aos membros da dire��o do seu partido, a Frente Popular Marfinense (FPI).
"Meus olhos ficam cheios de l�grimas ao pensar na minha m�e, morta" enquanto esteve detido em Haia, acrescentou. Gbagbo anunciou que discursaria "mais tarde".
O avi�o que o trouxe de volta para seu pa�s, procedente de Bruxelas, pousou �s 16h30 locais (13h30 de Bras�lia). Pouco depois de chegar, o ex-presidente foi at� a antiga sede de campanha das elei��es presidenciais de 2010, no norte de Abidjan, onde deu declara��es a dirigentes do FPI, enquanto do lado de fora, milhares de simpatizantes se reuniram para aclam�-lo.
Ao longo do percurso, milhares de jovens pr�-Gbagbo, entusiasmados, corriam e gritavam: "Gbagbo est� aqui!", "Gbagbo volta!", "Est� aqui para libertar a Costa do Marfim!" e "Estamos aqui por Gbagbo e estamos orgulhosos!".
Seu retorno esteve rodeado de tens�o. Centenas de pessoas o aclamaram no aeroporto, entre elas autoridades da FPI, e inclusive pessoal das companhias a�reas, constataram jornalistas da AFP.
O atual presidente, Alassane Outtara, autorizou o retorno de Gbagbo em nome da "reconcilia��o nacional".
Pouco antes do pouso do avi�o, jornalistas da AFP puderam ouvir tiros e ver fuma�a de bombas de g�s lacrimog�neo nas proximidades do aeroporto.
As for�as de seguran�a estiveram dispersando as pessoas durante toda a manh�, antes da sua chegada.
Estas opera��es policiais n�o representam nenhum "abuso", declarou � AFP o ministro da Comunica��o, Amadou Coulibaly, que assegurou que tinham se inteirado "pela imprensa" do itiner�rio previsto pela comitiva do ex-presidente.
- "Impunidade" -
Gbagbo foi detido em 11 de abril de 2011 em Abidjan ap�s ter questionado a vit�ria do seu advers�rio, Ouattara, nas elei��es presidenciais de 2010. Sua recusa em admitir a derrota provocou ent�o uma grave crise que deixou cerca de tr�s mil mortos.
Por estes atos de viol�ncia, Gbagbo foi detido primeiro no norte da Costa do Marfim, depois foi transferido ao final de 2011 ao TPI de Haia, que o absolveu ap�s um longo processo.
Associa��es de v�timas desta crise denunciam "a impunidade" contra o ex-presidente e tinham previsto se manifestar nesta quinta-feira na capital marfinense.
Seu entorno assegura que Gbagbo volta sem sede de vingan�a e com a inten��o de contribuir a "reconcilia��o nacional".
O pa�s � sacudido por duas d�cadas de viol�ncia pol�tico-�tnica. Os �ltimos incidentes ocorreram nas elei��es presidenciais de outubro de 2020, e deixaram uma centena de mortos.
Ouattara foi reeleito pela terceira vez durante estas elei��es controversas de 2020, um resultado considerado inconstitucional pela oposi��o.
Apesar da vontade oficial de n�o entorpecer a chegada do ex-presidente, as negocia��es entre o regime e a FPI foram longas. O governo queria que este retorno fosse sem "triunfalismo", mas Gbagbo e seus seguidores queriam que fosse popular.
Gbagbo tem, ainda, outra condena��o pendente, de 20 anos de pris�o por "roubo" do Banco Central dos Estados Africanos Ocidentais durante a crise de 2010-2011. No entanto, o governo deu a entender que as acusa��es seriam descartadas.
ABIDJAN