Governo Ortega justifica pris�o de opositores na Nicar�gua

O governo da Nicar�gua justificou a pris�o de opositores e aspirantes � presid�ncia acusando os mesmos de tramarem um golpe de Estado contra Daniel Ortega, que estaria abrindo caminho para tentar o quarto mandato consecutivo nas elei��es de novembro, segundo a comunidade internacional.

Nesta ter�a-feira, aumentou para 19 o n�mero de pessoas detidas, entre elas cinco pr�-candidatos � presid�ncia, pol�ticos, um banqueiro e at� ex-companheiros de armas de Ortega, por "incitarem a interfer�ncia estrangeira e aplaudirem san��es" contra o governo sandinista, no poder desde 2007.

"S�o crimes relacionados � lideran�a e dire��o de golpes de Estado (...), atividades vinculadas ao terrorismo, que comprometem a independ�ncia e a soberania do Estado nicaraguense", disse o chanceler Denis Moncada em entrevista ao canal Telesur.

Ap�s uma opera��o policial iniciada em 2 de junho, foram detidos os pr�-candidatos Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, F�lix Maradiaga, Juan Sebasti�n Chamorro (primo de Cristiana) e Miguel Mora.

Cristiana � acusada de lavagem de dinheiro por meio da funda��o que presidia e que leva o nome de sua m�e, Violeta Barrios de Chamorro. Os demais foram enquadrados em uma lei aprovada pelo Congresso governista que permite processar quem, segundo julgamento do governo, comete atos que incitem a "interfer�ncia estrangeira".

"Os que est�o sendo processados (...) n�o s�o candidatos presidenciais, s�o dirigentes de organiza��es n�o governamentais que recebem financiamento do governo dos Estados Unidos e da Uni�o Europeia e o destinam justamente para desestabilizar o pa�s", afirmou o chanceler. "N�o s�o por motivos pol�ticos, mas por ind�cios da pr�tica de crimes claramente especificados nas leis da Nicar�gua", acrescentou.

Nesta ter�a, o jornalista Carlos Fernando Chamorro, irm�o de Cristiana e um diretor de m�dias digitais cr�tico do governo, deixou o pa�s junto com sua esposa para "proteger" sua liberdade. Ele denunciou que "ap�s a batida policial" em sua casa na segunda-feira, "tr�s ve�culos com civis a bordo ficaram vigiando" em frente � casa de sua m�e, a ex-presidente, at� a manh� desta ter�a-feira.

Tamb�m deixou o pa�s o jornalista Sergio Cornavaca, que dirige o ve�culo digital La Mesa Redonda. Ele disse ser v�tima de amea�as feitas por apoiadores do governo. J� o vice-ministro do Interior durante a revolu��o sandinista e ex-guerrilheiro Luis Carri�n decidiu deixar a Nicar�gua com a mulher "para continuar a luta pela democracia e liberdade de todos os presos pol�ticos", tuitou.

A ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro, de 91 anos, est� com a sa�de debilitada h� dois anos, de acordo com sua fam�lia.

Ortega, um ex-guerrilheiro que governou de 1979 a 1990, voltou ao poder em 2007 com a Frente Sandinista de Liberta��o Nacional (FSLN) e permanece no cargo ap�s duas reelei��es sucessivas. Seus advers�rios acreditam que ele buscar� um quarto mandato nas elei��es de 7 de novembro.

Ele foi acusado pela oposi��o e pela comunidade internacional de governar de forma autorit�ria, ap�s a repress�o brutal �s manifesta��es contra seu governo em 2018, que deixaram mais de 300 mortos e milhares de exilados, segundo organiza��es de direitos humanos.

- Press�o internacional -

A alta comissaria da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu � Nicar�gua uma "mudan�a urgente" de atitude no processo eleitoral, e que liberte os opositores "detidos arbitrariamente". A ex-presidente chilena pediu o fim de "todo ato de persegui��o contra as vozes dissidentes, o restabelecimento dos direitos e liberdades que tornam poss�veis um processo eleitoral livre, confi�vel e igualit�rio, e a derroga��o da legisla��o restritiva do espa�o c�vico e democr�tico".

Paralelamente � reuni�o do Conselho de Direitos Humanos da ONU, 59 pa�ses pediram a Man�gua que liberte os opositores presos em virtude de leis pol�micas. J� o Comit� de Rela��es Exteriores do Senado americano aprovou a Lei para Refor�ar o Cumprimento de Condi��es para a Reforma Eleitoral na Nicar�gua (Renacer, sigla em ingl�s), uma norma para promover elei��es livres e novas san��es a pessoas pr�ximas de Ortega.

A ONG Human Rights Watch pediu � ONU que aumente a press�o para proteger os direitos humanos e garantir elei��es livres na Nicar�gua, em um relat�rio que detalha "persegui��es, pris�es e processos penais arbitr�rios" contra cr�ticos do presidente, em alguns casos envolvendo tortura.

Os ex-guerrilheiros Dora Mar�a T�llez, Hugo Torres e o ex-vice-chanceler V�ctor Tinoco, que lutaram com Ortega para derrubar a ditadura de Anastasio Somoza em 1979, est�o presos, tamb�m acusados de trai��o � p�tria.