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Estado de Minas INTERNACIONAL

Rebeli�o de Stonewall, um marco importante do movimento LGBT


28/06/2021 15:12

Em 28 de junho de 1969, a pol�cia de Nova York fez uma batida no bar Stonewall Inn, sob o pretexto de interromper a venda de bebidas destiladas no estabelecimento, de propriedade da m�fia, que n�o tinha licen�a para isso.

Um antigo est�bulo de cavalos em edif�cios cont�guos nas ruas Christopher Street 51 e 53, o Stonewall era um local sinuoso com janelas escurecidas, paredes pintadas de preto e um porteiro que examinava os clientes em potencial atrav�s de um olho m�gico. Mas tamb�m tinha uma pista de dan�a popular e pulsante que atraiu um p�blico diversificado, em grande parte jovem e LGBT.

Stonewall fazia parte de uma cena gay de Greenwich Village que era conhecida, mas n�o aberta. Na �poca, relacionar-se com algu�m do mesmo sexo ou vestir-se de forma considerada inadequada podia resultar em pris�o, e v�rios bares haviam perdido as licen�as de comercializa��o de bebidas alco�licas por servirem pessoas que se enquadravam nessa descri��o. Era comum que clubes noturnos gays funcionassem ilegalmente.

A pol�cia, n�o raro, abusava de clientes gays em algumas batidas. Naquela madrugada, os patronos e o p�blico de Stonewall, fartos da situa��o, decidiram reagir.

Os frequentadores do bar come�aram a atirar moedas, depois latas de cerveja e garrafas, contou o historiador David Carter em seu meticuloso livro Stonewall: The Riots that Sparked the Gay Revolution. Em algum momento, uma pedra de paralelep�pedo foi atirada contra um carro de patrulha, fazendo com que a pol�cia organizasse uma barricada dentro dele.

A multid�o ficou maior e mais inquieta, jogando tijolos, garrafas cheias de combust�vel e latas de lixo. Algumas pessoas tentaram colocar fogo no local, enquanto outras bateram na janela de compensado com um parqu�metro.

Enquanto isso, os policiais temiam por suas vidas, de pistolas em punho, diz o relato de Carter. A pol�cia ficou chocada, escreveu o historiador, n�o apenas com a rapidez com que a multid�o havia crescido, mas com o fato de homossexuais, normalmente aquiescentes, estarem fortes gritando "Poder gay!"

Eventualmente, o corpo de bombeiros e o esquadr�o de choque da pol�cia conhecido como For�a T�tica de Patrulha (TPF) chegaram, separando a multid�o. Mas houve mais tumultos e batalhas de rua com a TPF na noite seguinte, e uma atmosfera de tens�o mais contida permaneceu em Greenwich Village por mais alguns dias antes de uma noite final de indigna��o.

As sementes do movimento LGBT moderno

O ano de 1969 foi prop�cio para o levante. A sociedade americana estava em efervesc�ncia, engajando-se em protestos contra a guerra do Vietn�. Movimentos negros, latinos e feministas ganhavam for�a.

Na �poca, ser gay era virtualmente ilegal e as leis antidiscrimina��o inexistentes, mas Greenwich Village era um territ�rio relativamente livre para todos: l�sbicas "butch", drag queens, mulheres transexuais negras e, claro, homens gays. Todos eram acolhidos em Stonewall.

Muitos detalhes do que aconteceu naquela madrugada est�o envolvidos em diferentes perspectivas, disputas e incertezas de mem�rias de meio s�culo. Mas os contornos s�o claros. Em uma �poca em que a homossexualidade era definida como doen�a mental e podia levar � cadeia, uma multid�o diversificada de centenas de gays, bissexuais, l�sbicas e transg�neros se recusou a abaixar a cabe�a. E foi assim que, aos poucos, a comunidade LGBT come�ou a ficar cada vez mais motivada e organizada.

Os Estados Unidos j� haviam sido palco de alguns protestos gays organizados e conflitos entre LGBTs e a pol�cia. Mas Stonewall foi um ponto de inflex�o: desencadeou uma explos�o sustentada e organizada que mudou o tom e o volume do ativismo LGBT no pa�s e no mundo, alterando a forma como algumas pessoas se viam em uma sociedade que as havia relegado �s sombras e � vergonha.

Rabiscadas nas janelas fechadas com t�buas do Stonewall na noite ap�s a invas�o estavam palavras que deixaram Dale Mitchell espantado: "Apoie o Poder Gay."

"Eu nunca tinha visto �gay� como parte de um slogan pol�tico antes", contou ele � ag�ncia Associated Press em 2019. "Muito menos associado � palavra �poder�."

Mitchell, ent�o com 20 anos, n�o se sentia t�o poderoso. Ele teve que abandonar a faculdade depois de romper com sua fam�lia por causa de sua orienta��o sexual, e morava em uma pens�o cheia de drogas com um homem mais velho que estava mortificado pela rebeli�o de Stonewall.

Mitchell, por�m, ficou impressionado com isso e com a multid�o que se reuniu na noite ap�s a opera��o, clamando pelo poder dos gays enquanto outro impasse tenso se desenvolvia com a pol�cia.

Muitos grupos ativistas surgiram de Stonewall. O principal foi a Frente de Liberta��o Gay (GLF, na sigla em ingl�s). Um de seus primeiros ativistas, John Knoebel, contou � Associated Press que o pr�prio nome da organiza��o j� era uma afronta -- � �poca, "homossexual" era o termo mais comum, e seus defensores eram chamados de "hom�filos".

"'Gay' era uma palavra radical nova e din�mica para se usar", disse Knoebel. "Fomos a primeira organiza��o que realmente se autodenominava gay e essa foi uma palavra ofensiva para muitas pessoas. Est�vamos nos nomeando e nos identificando e, finalmente, saindo do arm�rio, abertos e radicais. "

O GLF era, de fato, muito mais radical que os grupos anteriores, preocupados em se manifestar de forma decorosa, com a mensagem de que gays eram pessoas comuns. Os membros da GLF "n�o se importavam mais com essas sutilezas", disse � Associated Press Karla Jay, ent�o uma estudante de gradua��o que se tornou a primeira l�der feminina do grupo. "Quer�amos que a sociedade mudasse."

De curta dura��o, mas influente, o GLF marchou na Times Square e fez piquetes em sedes de jornais. Os membros iniciaram uma s�rie de outros grupos, incluindo uma organiza��o de defesa dos direitos trans fundada por Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera.

Os ativistas pressionaram as autoridades a aprovar leis antidiscrimina��o e os psiquiatras a pararem de classificar a homossexualidade como um transtorno mental. Os novos grupos realizavam bailes para socializar ao ar livre.

Um legado de d�cadas

O bar em si n�o durou muito depois da invas�o. Ao longo dos anos que se seguiram, o espa�o foi dividido e usado por uma loja de bagels, um restaurante chin�s e outros estabelecimentos, incluindo um bar gay chamado Stonewall, que funcionou brevemente na 51 Christopher no final dos anos 1980. As reformas mudaram a decora��o do interior.

Em 1990, um bar chamado Stonewall abriu na metade ocidental do local original (53 Christopher Street), sendo renovado e retomando o nome Stonewall Inn em 2007. Os pr�dios entraram para a lista de marcos hist�ricos nacionais dos EUA em 2000. Em 2016, o ent�o presidente dos Estados Unidos Barack Obama tornou o bar um monumento nacional.

O novo Stonewall continua sendo um ponto de encontro para ativistas LGBT. As pessoas se reuniram l� para comemorar quando a Suprema Corte legalizou o casamento gay em todo o pa�s em 2015; para lamentar o pr�ximo ano quando um homem armado matou 49 pessoas em uma boate gay na Fl�rida; e para protestar em 2017, quando o presidente Donald Trump rescindiu a orienta��o que incentivava os alunos transg�neros a usarem os banheiros de sua escolha na escola.

As �ltimas grandes celebra��es realizadas no espa�o aconteceram em 2019, quando a rebeli�o completou 50 anos. Em 2020, a pandemia de coronav�rus impediu festividades. Neste ano, o Stonewall hospedou um evento virtual para dar in�cio ao m�s do Orgulho LGBT. (Com ag�ncias internacionais)


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