Uma equipe de pesquisadores anunciou nesta ter�a-feira (29) a descoberta de sua primeira v�tima conhecida: um ca�ador-coletor que viveu h� 5 mil anos na regi�o onde hoje fica a Let�nia, cujos restos mortais carregavam a bact�ria Yersinia pestis, causadora da doen�a.
"As an�lises da cepa que identificamos mostram que a Y. pestis evoluiu mais cedo do que se pensava", disse Ben Krause-Kyora, diretor do Laborat�rio de DNA da Universidade de Kiel, na Alemanha, � AFP.
Krause-Kyora e seus colegas escreveram em um artigo na revista Cell Reports que a linhagem bacteriana surgiu 7 mil anos atr�s, quando se separou de sua antecessora, a Yersinia pseudotuberculosis. A nova data retrocede a linha temporal anterior em 2 mil anos.
A bact�ria n�o tinha genes-chave, como um que possibilitou sua propaga��o por meio de pulgas, o que significa que a cepa antiga era menos contagiosa e mortal do que a vers�o medieval.
O ca�ador-coletor era um homem na casa dos vinte anos e recebeu o nome de "RV 2039". Ele foi uma das duas pessoas cujos esqueletos foram encontrados no final do s�culo XIX em uma �rea chamada Rinnukalns, na atual Let�nia.
Os restos mortais ficaram perdidos at� 2011, quando reapareceram como parte da cole��o do famoso antrop�logo alem�o Rudolph Virchow. Ap�s esta redescoberta, mais duas sepulturas foram encontradas no mesmo local.
A descoberta da peste "foi realmente uma surpresa", afirmou Krause-Kyora. A equipe estava sequenciando os dentes e ossos dos quatro indiv�duos para determinar se eles eram parentes entre si quando se depararam com essa evid�ncia.
Vest�gios de Y. pestis foram encontrados na corrente sangu�nea do RV 2039 e � prov�vel que essa tenha sido a causa de sua morte, embora os pesquisadores acreditem que a progress�o da doen�a pode ter sido lenta.
O indiv�duo apresentava um alto n�vel de bact�rias no sangue no momento do �bito, o que foi associado a infec��es menos agressivas em estudos com roedores.
As pessoas ao seu redor n�o estavam infectadas e ele foi cuidadosamente enterrado, o que indica que � improv�vel que ele sofresse da vers�o respirat�ria altamente contagiosa chamada peste pneum�nica.
Em vez disso, os pesquisadores acreditam que ele foi infectado por um �nico contato direto, como uma mordida de roedor, de acordo com outros achados neol�ticos.
"Vemos isso em sociedades de pastores nas estepes, ca�adores-coletores que pescam e em comunidades agr�colas: contextos sociais totalmente diferentes, mas sempre a ocorr�ncia espont�nea de casos de Y. pestis", acrescentou Krause-Kyora.
- Altera��es imunol�gicas humanas -
As primeiras cepas de peste que poderiam ser transmitidas por meio de pulgas datam de cerca de 3.800 anos, quando "megacidades" de 10 mil pessoas come�aram a se formar no Oriente M�dio e no Mediterr�neo. O aumento da densidade populacional provavelmente causou uma maior adapta��o da bact�ria.
O rastreamento da hist�ria da Y. pestis tamb�m pode lan�ar luz sobre as formas como os genomas humanos evolu�ram para se manter atualizados.
Por exemplo, mais ou menos na mesma �poca em que as cidades do Oriente M�dio e do Mediterr�neo estavam se formando, come�aram a surgir mudan�as em um conjunto de genes humanos respons�veis por ajudar o sistema imunol�gico a ficar de olho em pat�genos externos.
"Portanto, estamos muito interessados em pesquisas futuras sobre como essas doen�as infecciosas iniciais influenciaram nosso sistema imunol�gico atual", disse Krause-Kyora.
WASHINGTON