Amro tinha muito em comum com Nizar Banat, cuja morte gerou uma onda de protestos na Cisjord�nia ocupada contra a Autoridade Palestina do presidente Mahmoud Abbas, de 86 anos, cujo mandato devia ter terminado em 2009.
Ambos nasceram em Hebron, cidade do sul da Cisjord�nia onde vivem cerca de 1.000 colonos judeus sob forte prote��o militar israelense entre mais de 200.000 palestinos. E os dois compartilhavam o compromisso com a liberdade de express�o.
Nas redes sociais, denunciavam o que poucos ousam dizer em voz alta: as pris�es arbitr�rias, mas tamb�m a "corrup��o" dentro da Autoridade Palestina e, de forma mais geral, as viola��es dos direitos humanos pelas for�as palestinas.
Quando foi detido por algumas horas em 22 de junho, depois de postar no Facebook uma cr�tica �s pris�es "pol�ticas", Amro pensou em seu "amigo Nizar".
"Quando eles me prenderam por acusa��es infundadas, pensei que estavam determinados a se livrar de n�s", explicou � AFP o ativista, liberado sem acusa��o.
Mas no caso de Banat, sua fam�lia acusa as for�as de seguran�a de espanc�-lo e "mat�-lo".
"N�o creio que planejassem mat�-lo, mas usaram a viol�ncia para silenci�-lo", estima Amro.
Questionada pela AFP ap�s a morte de Banat, a pol�cia palestina n�o fez coment�rios. A Autoridade Palestina prometeu uma investiga��o "transparente e profissional".
- "Medo" -
Em relat�rio de 2018, a ONG Human Rights Watch (HRW) j� denunciava "pris�es arbitr�rias" realizadas pela Autoridade Palestina e considerava que "a pr�tica sistem�tica de tortura poderia constituir um crime contra a Humanidade".
Amro alega ter sido "torturado" em 2017, quando foi detido por uma semana, trancado em uma min�scula sala onde foi espancado, n�o p�de ver seus advogados e foi amea�ado de "decapita��o".
Hoje, "o ambiente ainda n�o � seguro para mim", diz o defensor dos direitos humanos de 41 anos, que � saudado por todos quando caminha pela Cidade Velha de Hebron: "Tenho medo que me matem, mas eu n�o vou parar".
"Mahmud Abbas est� (� frente) de uma ditadura", diz, acrescentando que deve "falar sobre os presos pol�ticos da Autoridade Palestina, as figuras p�blicas que s�o corruptas e que oprimem seu pr�prio povo".
Quase 84% dos palestinos acreditam que a Autoridade Palestina � corrupta, de acordo com uma pesquisa divulgada em meados de junho por uma empresa de pesquisas com sede em Ramallah.
Os l�deres palestinos temem "porque minha voz chega ao exterior, enquanto eles querem ser a �nica voz do povo palestino", acredita Amro.
Ele � apoiado pela Anistia Internacional, que nos �ltimos anos condenou repetidamente o "ass�dio" que sofreu nas m�os das autoridades palestinas e israelenses.
Amro n�o denuncia apenas a Autoridade Palestina, que exerce poderes limitados sobre 40% da Cisjord�nia, territ�rio palestino ocupado desde 1967 por Israel.
Seu compromisso nasceu na d�cada de 2000 contra a coloniza��o israelense - ilegal segundo o direito internacional - em Hebron, onde criou a ONG "Juventude Contra os Assentamentos".
Ele foi detido dezenas de vezes, "em alguns casos duas vezes por semana, �s vezes por dia", e depois liberado.
Em fevereiro de 2021, um tribunal militar israelense imp�s uma pena suspensa de tr�s meses de pris�o e uma multa de 3.500 shekls por "organiza��o e participa��o em manifesta��es pac�ficas", acusa��es com " motiva��o puramente pol�tica", de acordo de Anistia.
Segundo a justi�a israelense, essas manifesta��es foram "ilegais" e Amro "se op�s fisicamente" � pris�o.
"Vejo a Autoridade Palestina como uma empresa subcontratada de Israel", diz, acrescentando que n�o pode agir sem sua coordena��o. Amro tem medo de ambos.
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