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Estado de Minas TLALNEPANTLA DE BAZ

A dura batalha de mulheres violentadas para conseguir justi�a no M�xico


01/07/2021 15:36

Sozinha e com os ferimentos da �ltima surra, Marisela Oliva espera do lado de fora de um grande tribunal da Cidade do M�xico pela audi�ncia na qual ser� decidido se seu agressor ficar� em liberdade.

O �nico pedido � que seja feita justi�a, mas parece dif�cil alcan��-la em um pa�s onde 94% dos crimes contra as mulheres ficam impunes, segundo a Conavim, entidade governamental que trabalha em sua preven��o.

"Se a autoridade liberar, onde irei para me proteger? Onde irei me esconder, se for amea�ada de morte? Onde est�o as autoridades que deveriam proteger?", diz Oliva, de 58 anos, � AFP.

A mulher se move lentamente com a ajuda de um andador devido aos golpes do ex-companheiro, que lhe deixaram hematomas nos bra�os, mas tamb�m o desejo firme de puni��o.

Seu caso � apenas mais um entre milhares de uma trag�dia que n�o para. O governo registrou 423 feminic�dios entre janeiro e maio, um aumento de 7,1% em rela��o ao mesmo per�odo de 2020, que encerrou com 967 casos.

O caminho de Oliva para chegar � audi�ncia foi dif�cil.

Com voz cansada, ela diz que a pol�cia do estado central do M�xico reduziu o ataque a uma briga de um casal e n�o coletou um depoimento completo.

Mas com a ajuda de uma ativista, o lento aparato da justi�a come�ou a se mover. Surpreso ao v�-la com um andador, o juiz observou fotos dos espancamentos e mensagens amea�adoras do agressor e sua fam�lia.

"O que a justi�a est� esperando? Ele me matar?". O homem foi colocado em pris�o preventiva.

- "Nossa palavra � colocada em d�vida" -

Em uma pris�o no leste da capital, Daniela S�nchez acompanha uma mulher a uma audi�ncia contra seu agressor.

Funcion�ria p�blica, aos 37 anos, S�nchez busca justi�a pelos abusos f�sicos e psicol�gicos que afirma ter sofrido de seu ex-companheiro durante anos.

"Desde o primeiro momento em que nos aproximamos deles (as autoridades), eles duvidam da nossa palavra, das marcas em nossos corpos", diz Daniela ap�s exibir uma faixa e exigir puni��o com um megafone.

Para F�tima Gamboa, codiretora da organiza��o civil Equis Justicia, o M�xico necessita de um quadro institucional capaz de "responder a um fen�meno t�o complexo, multifatorial e cultural como a viol�ncia contra a mulher".

Em uma an�lise de 120 julgamentos de todo o pa�s, a ONG constatou que em mais de 80% dos casos os ju�zes n�o se pronunciaram sobre a viol�ncia de g�nero, nem analisaram se as condi��es de risco persistiam e n�o ditaram medidas de prote��o para as v�timas.

"N�o � uma administra��o da justi�a com perspectiva de g�nero", diz Gamboa.

O governo tem implementado diversas iniciativas para prevenir e erradicar a viol�ncia contra as mulheres, como os Centros de Justi�a - que, segundo ele, j� assessoraram 100 mil pessoas este ano - ou os abrigos para mulheres em situa��o de risco. Tamb�m realiza acompanhamento especial a duzentos homic�dios.

Enquanto isso, na Cidade do M�xico, todos os assassinatos de mulheres s�o inicialmente investigados como feminic�dios.

- Batalha "exaustiva" -

Para Gris, 34 anos, o processo contra o ex-parceiro foi cansativo.

B�bado, o homem invadiu a pequena cozinha que formou com outras mulheres para fugir do desemprego e da viol�ncia sexista, acentuada durante a pandemia da covid-19.

Segundo a den�ncia, o agressor as espancou e destruiu os m�veis. Desde ent�o, Gris - que prefere n�o dar seu nome completo - est� decepcionada com a justi�a.

"� triste, cansativo", lamenta.

A lista de den�ncias � longa: a pol�cia demorou 45 minutos para chegar, o agressor ainda est� em liberdade e o caso foi classificado como viol�ncia dom�stica.

Ch�o, uma das cozinheiros, pergunta o mesmo que Oliva e S�nchez: "O que � necess�rio neste sistema para que possam realmente iniciar uma investiga��o com dignidade em rela��o �s mulheres?"


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