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Estado de Minas LOS ANGELES

Spike Lee, um olhar e uma voz pr�prios h� mais de 30 anos


02/07/2021 11:08

O diretor americano Spike Lee, que presidir� o j�ri de Cannes este ano, trar� ao festival seu olhar �nico, exigente e divertido que se destacou no cen�rio cinematogr�fico por mais de tr�s d�cadas e abriu caminho para muitos outros artistas afro-americanos.

Cannes "sempre ter� um lugar importante no meu cora��o", disse em mar�o o cineasta de 64 anos, confirmando mais uma vez seu apre�o pelo prestigioso festival que o reconheceu desde o in�cio de sua carreira ao selecionar seu primeiro longa-metragem "Ela Quer Tudo" (1986), para ser exibido na Quinzena de Diretores.

Era um filme modesto em preto e branco, rodado em duas semanas no auge do ver�o de 1985, gra�as �s economias de sua av�.

Mas o impacto que causou � sentido at� hoje.

Com esse longa de estreia, premiado em Cannes com o Pr�mio da Juventude, "quebrou o teto de vidro" dos cineastas negros "e abriu as portas a todos que o seguiram", afirma Michael Genet, ator e roteirista, autor do roteiro de "Elas me odeiam, mas me querem"(2004).

O diretor "Ryan Coogler n�o seria o que � hoje com 'Pantera Negra', se Spike Lee n�o tivesse feito o que fez", acrescenta Genet sobre este diretor que, em 2019, ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado por "Infiltrado na Klan".

At� ent�o, havia recebido apenas um Oscar honor�rio, fora de competi��o, em 2016.

Shelton Jackson Lee - seu nome verdadeiro - nasceu na Ge�rgia em 1957, mas cresceu no Brooklyn, no bairro de Fort Greene, onde ainda est�o os escrit�rios de sua produtora, 40 Acres and a Mule.

Pequeno e com um olhar determinado por tr�s de seus �culos redondos caracter�sticos, tamb�m interpretou o papel do atrevido mensageiro Mars Blackmon em "Ela Quer Tudo".

"Era reservado, mas o chamei de homem das ideias", disse Herbert Eichelberger, que foi seu professor de cinema na Clark University em Atlanta e a quem Spike Lee se refere como seu mentor.

"Desde o in�cio j� era um grande contador de hist�rias", disse o professor, que considerou que estava predestinado a fazer document�rios.

O primeiro veio apenas em 1997, "Quatro Meninas - Uma Hist�ria Real", indicado ao Oscar e seguido por muitos outros.

No percurso, foi delineando seu cinema, muitas vezes claramente pol�tico, com filmes como "Fa�a a Coisa Certa", "Febre da Selva", ou "Malcolm X", produzidos � margem de Hollywood para ter a �ltima palavra na distribui��o e edi��o.

- "Ter voz" -

"Um dia perguntei por que ele se incomodava em escrever", lembra Michael Genet. "E ele me respondeu: sou acima de tudo um autor".

Mas, embora nunca tenha sido sucesso de bilheteria, esse torcedor do time de basquete New York Knicks � considerado nos Estados Unidos, apesar de tudo, um diretor para o grande p�blico.

"Quando voltamos de Cannes (em 1986), o filme ('Ela Quer Tudo') havia sido lan�ado em Nova York, e eu n�o conseguia mais andar nas ruas", lembra o ator John Canada Terrell, um de seus protagonistas.

Sua carreira deu outro salto quando, em 1987, a Nike lhe confiou a produ��o de uma s�rie de comerciais para os t�nis Air Jordan.

As curtas pe�as em preto e branco, apresentando Michael Jordan e o pr�prio Spike Lee no papel de Mars Blackmon, transformaram para sempre o marketing esportivo.

Mais tarde, Lee filmou spots para diferentes marcas, bem como videoclipes. E tamb�m filmes mais cl�ssicos, como "O Plano Perfeito" (2006), um thriller que continua a ser seu maior sucesso de bilheteira.

Mesmo assim, os anos passam, e ele se mant�m fiel � sua independ�ncia, sempre se concentrando nas hist�rias contadas por negros e negras.

Como em "Infiltrado na Klan", que antes do Oscar lhe rendeu o Grande Pr�mio de Cannes e que conta a experi�ncia real de um negro infiltrado nas fileiras da Ku Klux Klan.

Ou em "Destacamento Blood", lan�ado na Netflix em 2020, em que enfatiza o papel dos negros nos conflitos que os Estados Unidos travaram, uma contribui��o que muitas vezes � esquecida, ou minimizada.

"Entre 1985 e hoje, � o dia e a noite", disse Spike Lee em 2018 sobre a presen�a negra no cinema durante o programa "Desus & Mero", do canal Viceland.

"Mas n�o podemos ficar satisfeitos. N�o se trata apenas de fazer um filme. Precisamos estar nessas posi��es-chave para ter voz no que acontece", disse ele.


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