O agravamento da crise econ�mica e social na Venezuela em virtude da pandemia e o temor do regime de Nicol�s Maduro das san��es impostas pelos Estados Unidos e a Uni�o Europeia colaboram para uma nova tentativa de negocia��es entre o chavismo e a oposi��o.
"O desespero dele para buscar um di�logo � para conseguir retirar as san��es internacionais, que s�o o que realmente preocupam Maduro", diz o ex-militar Jos� Antonio Colina, um observador das rela��es entre as For�as Armadas e o chavismo. "Ele quer acesso a recursos para minimizar sua imagem perante a comunidade internacional."
Chavistas e opositores anunciaram a abertura de processo para restabelecer um di�logo nacional. Representantes dos dois espectros pol�ticos devem se reunir no M�xico a partir de agosto para uma rodada de negocia��es mediada por partes internacionais e com apoio da Noruega. A oposi��o ligada a Juan Guaid� pede, entre outras coisas, elei��es livres municipais, regionais e nacionais, enquanto Maduro se disse aberto a buscar uma solu��o para a crise.
O ex-deputado Lu�s Silva, da A��o Democr�tica, pondera que com a troca de governo nos EUA a diplomacia voltou a ganhar for�a. "� do interesse da comunidade internacional recuperar a credibilidade da democracia venezuelana. Com isso o governo come�ou a ceder, como no caso da CNE (Comiss�o Nacional Eleitoral) e a reabilita��o da MUD", afirma.
Silva se refere �s recentes decis�es chavistas de nomear ju�zes alinhados � oposi��o para a Justi�a eleitoral venezuelana e reabilitar a coaliz�o opositora Mesa da Unidade Democr�tica para disputar as elei��es regionais do fim do ano.
Lu�s Vicente Leon, presidente do Datan�lisis, explica que, apesar das negocia��es atuais envolverem Guaid� e Maduro, a retomada partiu originalmente de um grupo da oposi��o ao chavismo que deseja participar das elei��es regionais, em vez de repetir a estrat�gia de boicote, que n�o resultou em nada pr�tico. Com a sinaliza��o positiva de Maduro, o chavismo liberou at� mesmo a cria��o de um novo CNE, integrado por figuras cr�ticas ao chavismo.
"Essa din�mica praticamente obrigou o governo interino de oposi��o a dizer que est� disposto a negociar com Maduro, quando semanas antes dizia o contr�rio, que n�o podia negociar com um ditador. O governo venezuelano pediu, para participar das negocia��es, a libera��o de todas as san��es, o que � absolutamente imposs�vel, pois elas s�o justamente a �nica ferramenta da oposi��o capaz de provocar uma mudan�a. Ao mesmo tempo, a oposi��o pede a realiza��o de uma elei��o presidencial, que � pouco prov�vel", explica Leon.
O presidente do Datanalisis ainda v� na abertura de di�logo uma oportunidade no avan�o de pautas subjacentes dos dois lados, como a participa��o da oposi��o nas elei��es regionais de novembro, e cria caminhos para o governo Maduro voltar a pleitear demandas e acordos pontuais em rela��es multilaterais - mesmo sem o reconhecimento amplo.
Cautela
Apesar do aparente avan�o, o professor Erik del Bufalo, da Universidade Simon Bol�var, n�o se surpreende com a aparente reaproxima��o. "Essa negocia��o � parte de um ciclo que se repete para os venezuelanos. A cada momento de crise, � restabelecido um di�logo, e se retoma esse tema. Na Venezuela, n�o h� apenas o regime chavista, h� um sistema, em que grande parte da oposi��o oficial � c�mplice, e mant�m a estabilidade. N�o h� nada detr�s destas negocia��es, a n�o ser o de sempre, que � a renova��o do sistema de privil�gios e interesses olig�rquicos", afirma del B�falo.
Apesar disso, ele concorda com a vis�o de que o objetivo de Maduro � se livrar das san��es. "Ao chavismo conv�m negociar por causa da crise. A crise deste momento tem muito a ver com a economia, e o chavismo busca, com o di�logo, promover um espet�culo eleitoral, para dizer que h� democracia na Venezuela e reduzir as san��es impostas pelos EUA."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
INTERNACIONAL