"Est�vamos encurralados em Shir Khan Badar fazia uma semana. N�o t�nhamos suprimentos", explica de volta a Cabul Mehrullah, de 27 anos, que, como muitos afeg�os, s� tem um nome.
O militar descreve uma situa��o ca�tica, marcada pela falta de comunica��o com sua hierarquia militar em Cabul e pela desorganiza��o entre as unidades do batalh�o dos cerca de mil homens encarregados de proteger a fronteira, perto da cidade de Kunduz, ao norte.
Alguns oficiais fugiram, abandonando seus subordinados. "Se houvesse uma coordena��o adequada entre o quartel-general (em Cabul) e o comando das for�as no posto de fronteira, ter�amos enfrentado o Talib� em vez de fugir", garante.
"N�o abandonamos nosso posto, os chefes fugiram antes dos soldados", enfatiza.
Nos �ltimos dois meses, os talib�s conquistaram importantes partes do territ�rio afeg�o, em uma ofensiva coincidido com a retirada de las tropas estrangeiras do pa�s, praticamente terminada ap�s 20 anos de opera��o militar.
Na sexta-feira, o Talib� disse controlar 85% do territ�rio afeg�o, um n�mero que o governo nega, mas que � imposs�vel verificar com fontes confi�veis.
Privadas de apoio a�reo dos EUA e com o moral por terra, as for�as afeg�s continuam a recuar e s�o incapazes de conter o avan�o dos insurgentes. Ao mesmo tempo, as negocia��es pol�ticas entre o governo e os extremistas est�o paralisadas.
- Dispostos a voltar a lutar -
"Depois que nos encurralaram, a ordem de ataque foi dada. O Talib� cortou todo o acesso a Kunduz", a capital da prov�ncia de mesmo nome, conta outro soldado, Ainuddin, de 35 anos.
"Fomos obrigados a recuar para a ponte" sobre o rio Piandj, fronteira com o Tajiquist�o, e "depois de uma hora de luta entramos" no pa�s vizinho, levando conosco tr�s soldados feridos, continua.
"Os soldados tajiques nos trouxeram �gua e trataram nossos feridos", acrescenta Ainuddin.
O governo do Tajiquist�o teme que a ascens�o do Talib� - partid�rio de um regime isl�mico rigoroso - radicalize sua popula��o mu�ulmana moderada.
As autoridades tajiques contabilizaram na �poca "1.037 soldados afeg�os" que fugiram para o territ�rio tajique "para salvar suas vidas".
As autoridades afeg�s minimizam as dificuldades constantes de seus soldados. E s� admitem que abandonaram alguns territ�rios.
"Estamos em guerra e h� muita press�o. �s vezes as coisas v�o bem, �s vezes n�o", resumiu o assessor de Seguran�a Nacional do Afeganist�o, Hamdullah Mohib, � imprensa no in�cio de julho, prometendo que o ex�rcito recuperaria os territ�rios perdidos.
Mas neste s�bado, 10 de julho, Shir Khan Bandar continuava nas m�os do Talib�, que tamb�m tomou outra passagem de fronteira com o Tajiquist�o na sexta-feira e o principal posto de fronteira com o Ir�, ambos na prov�ncia de Herat.
"Depois de dois dias no Tajiquist�o, fomos transferidos para Cabul", conta Ainuddin.
Os soldados est�o agora em uma base militar na capital e dizem que est�o prontos para lutar novamente. "Estamos prontos para retornar aos nossos postos assim que o governo decidir", garante Ainuddin.
KONDUZ