A principal medida tomada pelo governo comunista foi autorizar os cubanos a entrar no pa�s com alimentos, produtos de higiene e medicamentos, sem limites de valor e sem pagamento de tarifas, at� o final do ano.
Facilitar a importa��o gratuita de produtos de necessidade prim�ria era uma das principais demandas da popula��o cubana, diante de uma grave escassez de alimentos e medicamentos, agravada pela crise econ�mica que atinge o pa�s, a pior em 30 anos.
Nas ruas de Havana, ainda sob forte presen�a policial e militar depois das mais violentas revoltas que a revolu��o enfrentou desde sua ascens�o em 1959, os cubanos retornaram ao seu cotidiano e respiraram aliviados com a possibilidade de poderem comprar mantimentos fora da Ilha.
"Nesse momento, � preciso muito, tanto rem�dios quanto alimentos e artigos de higiene propriamente ditos, para poder amenizar essa situa��o em que nos encontramos (...) o que n�o � nada f�cil", explica Darianna Guivert, de 32 anos, funcion�ria do setor de sa�de.
O engenheiro de constru��o civil Agust�n Salas, de 65 anos, reage da mesma forma: "estas medidas s�o muito boas", porque "beneficiam o povo". Por�m "faltam algumas outras medidas. Ainda temos que continuar avan�ando nesse sentido", ressalta.
- "N�o queremos migalhas" -
No domingo, milhares de cubanos sa�ram �s ruas de 40 cidades de todo o pa�s gritando "Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a ditadura".
"N�o queremos migalhas, queremos liberdade e queremos j�aaaaaaaa", escreveu a jornalista cubana Yoani S�nchez, diretor do jornal digital de oposi��o 14yMedio, no Twitter na noite de quarta-feira. A mensagem foi compartilhada 3.000 vezes.
Em outro tu�te que publicou na manh� desta quinta-feira, ela insistiu que "a liberdade n�o cabe nem uma mala" de viagem.
Para o opositor Manuel Cuesta Morua, um dos organizadores da plataforma Cuba Plural, que exige a autoriza��o de outros partidos pol�ticos na ilha, os an�ncios do governo s�o "uma rea��o sob press�o, tardia", mas "importante".
Cuesta ressalta que, de forma pac�fica, muitos cubanos exigiram medidas nos �ltimos meses para amenizar as dificuldades di�rias enfrentadas por eles.
E lamenta que para o governo ceder foi necess�ria uma revolta que deixou um morto, dezenas de feridos e cem detidos.
Al�m da isen��o de impostos para a entrada de alimentos e medicamentos no pa�s, as autoridades anunciaram que as empresas estatais poder�o fixar o sal�rio de seus empregados de acordo com seus lucros e habilitar temporariamente qualquer cubano a se instalar em outra prov�ncia do pa�s sem perder os benef�cios do cart�o de racionamento, o que at� agora era imposs�vel.
- "Infelicidade" -
"No entanto, a realidade profundamente pol�tica das demandas dos manifestantes de 11 de julho, que deveriam ser ouvidas pelo governo cubano, n�o deve ser mascarada", alerta Cuesta, preso durante os protestos de domingo e libertado na segunda-feira.
O advers�rio lembra que "o que basicamente todos os manifestantes exigiram, principalmente os jovens, foi liberdade, liberdade de express�o, mudan�a democr�tica e algo muito importante: elei��es diretas do Presidente da Rep�blica".
Para o economista Omar Everleny P�rez, as medidas anunciadas s�o "muito positivas" porque "d�o um pequeno al�vio � popula��o", obrigada a ficar v�rias horas na fila para conseguir alimentos e rem�dios, e que diariamente sofre com cortes de eletricidade.
O economista chama a aten��o para a composi��o heterog�nea dos protestos: "tem gente que foi desesperadamente dizer ao governo por favor, olhe os apag�es, olhe o que est� acontecendo, e outros grupos que pediram por liberdade".
"Todas as pessoas que tiveram, de uma forma ou de outra, uma insatisfa��o e quiseram traz�-la � luz, se uniram ali", explica P�rez.
No plano econ�mico, ele recomenda pisar no acelerador, ampliando, por exemplo, a isen��o de tarifas para importa��o comercial de trabalhadores privados ou aprovando pequenas e m�dias empresas de uma s� vez, o que o governo pretende fazer at� o final do m�s.
"Devem ser esperadas novas medidas porque as que existem, embora muito positivas, s�o insuficientes para resolver o n�vel de descontentamento", conclui.
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