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Estado de Minas INTERNACIONAL

Por que a Ci�ncia n�o conseguiu prever inunda��es na Alemanha?

Pesquisadores argumentam que modelos clim�ticos atuais s�o insuficientes para dar conta de eventos clim�ticos extremos e defendem a necessidade de se investir em um supercomputador que seja compartilhado por governos.


16/07/2021 21:05 - atualizado 16/07/2021 21:05

Enchentes estão tendo um impacto devastador na Alemanha e em outras partes da Europa(foto: EPA)
Enchentes est�o tendo um impacto devastador na Alemanha e em outras partes da Europa (foto: EPA)
Alguns dos principais cientistas clim�ticos do mundo admitiram terem fracassado em prever a intensidade das devastadoras enchentes na Alemanha e da onda de calor em partes do hemisf�rio Norte.

 

Esses cientistas corretamente advertiram, ao longo de d�cadas, que um clima em r�pido processo de aquecimento provocaria chuvas mais fortes e ondas de calor mais danosas.

 

Mas eles argumentam que seus computadores ainda n�o s�o capazes de prever, de modo preciso, a intensidade desses eventos clim�ticos mais dr�sticos.

Por isso, eles est�o pleiteando que governos invistam pesado em um supercomputador clim�tico compartilhado.

 

Computadores s�o uma ferramenta essencial para a previs�o clim�tica e para o monitoramento das mudan�as clim�ticas, e � a inform�tica que vai escorar o novo relat�rio — esp�cie de "b�blia" da ci�ncia clim�tica — do Painel Intergovernamental de Mudan�as Clim�ticas (IPCC na sigla em ingl�s), a ser lan�ado em agosto.

 

"Devemos ficar em alerta porque os modelos (do computador clim�tico) do IPCC simplesmente n�o s�o bons o suficiente", diz � BBC News a professora Julia Slingo, ex-cientista-chefe do servi�o meteorol�gico brit�nico.

 

"Precisamos de um centro internacional que ofere�a o salto qu�ntico a modelos clim�ticos que registrem a f�sica fundamental por tr�s de (eventos clim�ticos) extremos", agrega. "Sem isso, continuaremos a subestimar a intensidade e frequ�ncia dos eventos extremos e da natureza cada vez mais sem precedentes deles."

 

Ela diz que os custos de um supercomputador do tipo, que ficaria na casa das centenas de milh�es de d�lares, "acabaria sendo insignificante" em compara��o com as despesas resultantes de eventos clim�ticos extremos — para os quais nossas sociedades n�o est�o preparadas.

 

Slingo defender� essa iniciativa durante a c�pula clim�tica CPO26, agendada para novembro.

 

Ela e outros especialistas concordam que as mudan�as clim�ticas constituem uma emerg�ncia. Mas, na opini�o do professor de Oxford Tim Palmer, "� imposs�vel dizer o quanto estamos em (fase de) emerg�ncia porque n�o temos as ferramentas para responder isso".

 

"Precisamos de compromisso e vis�o da mesma magnitude que o CERN (centro compartilhado europeu de estudo da f�sica) se queremos construir modelos clim�ticos capazes de simular com precis�o os extremos clim�ticos, como a atual onda de calor canadense", diz Palmer.


Onda extrema de calor no Canadá veio acompanhada de incêndios(foto: Copernicus/Sentinel-2/Sentinel Hub/Pierre Markuse)
Onda extrema de calor no Canad� veio acompanhada de inc�ndios (foto: Copernicus/Sentinel-2/Sentinel Hub/Pierre Markuse)

 

O mais importante para os pesquisadores � investigar se os eventos extremos como os que acometem Alemanha e Canad� neste momento se repetir�o a cada 20 anos, 10 anos ou 5 anos — ou mesmo anualmente. No momento, � imposs�vel saber isso com precis�o.

 

Alguns cientistas argumentam que � in�til esperar que o IPCC diga o qu�o piores ficar�o as mudan�as clim�ticas. Isso porque o relat�rio do �rg�o, que supostamente reunir� todo o conhecimento acumulado em torno das mudan�as clim�ticas, j� estar� desatualizado quando for lan�ado — um dos motivos � que foi finalizado antes desses eventos extremos em curso neste momento.

 

"A �bvia acelera��o da quebra de nossa estabilidade clim�tica acaba confirmando que, quando se trata de emerg�ncia clim�tica, estamos profundamente na m...", diz � BBC o pesquisador Bill McGuire, da Universidade College London.

 

"Muitos da comunidade da ci�ncia clim�tica concordam com isso, mesmo que n�o em p�blico. Os relat�rios do IPCC tendem a ser tanto conservadores quanto a buscar consenso. S�o conservadores porque houve dada uma aten��o insuficiente � import�ncia dos pontos de virada (pontos em que as mudan�as clim�ticas n�o poder�o mais ser revertidas) e de previs�es de eventos fora do padr�o; e consensual porque cen�rios mais extremos tendem a ser marginalizados", prossegue McGuire.

 

"Muitos estudos revisados por pares n�o citados por documentos do IPCC apresentam cen�rios muito mais pessimistas. N�o h� motivo pelo qual uma vis�o de consenso estaria correta, e precisamos nos preparar para o pior mesmo que torcendo pelo melhor."


Vacas se refrescam em lago em meio a onda de calor no Paquistão; cientistas se dizem incapazes de prever eventos climáticos extremos com precisão no momento(foto: EPA)
Vacas se refrescam em lago em meio a onda de calor no Paquist�o; cientistas se dizem incapazes de prever eventos clim�ticos extremos com precis�o no momento (foto: EPA)

 

J� o professor de Cambridge Mike Hulme aponta que "o IPCC age em um ritmo mais lento e por bons motivos: a ci�ncia leva tempo para maturar, e para que incertezas sejam corretamente contextualizadas".

 

"Acho perigoso que as pessoas comecem a deslegitimar o relat�rio do IPCC antes mesmo de ser publicado", critica. "Sim, h� extremos clim�ticos, e alguns — como ondas de calor e intensidade de furac�es — est�o se tornando mais extremos, mas isso � previs�vel segundo modelos do IPCC. Acho perigoso come�ar a refor�ar mais e mais sobre emerg�ncias. Vimos o dano que as emerg�ncias causaram com a pandemia, alimentadas pela psicologia do medo. (...) � um perigoso jogo pol�tico."

 

Enquanto isso, o ex-cientista-chefe do governo brit�nico, David King, recentemente criou o Grupo de Aconselhamento sobre Mudan�as Clim�ticas, na tentativa de preencher as lacunas deixadas pelo IPCC.

 

Um dos membros do grupo, Mark Maslin, tamb�m da Universidade College London, disse a respeito do IPCC que "o sum�rio executivo tem de obter a concord�ncia e a assinatura de 193 pa�ses; seus relat�rios saem a cada seis ou sete anos, e por causa do tempo que levam para serem escritos acabam ficando um ou dois anos atrasados perante a literatura (mais recente)".

 

"Se eles ainda servem seu prop�sito? Sim, porque prov�m um servi�o essencial de conectar cientistas, cientistas sociais e economias ao redor do mundo e oferecer estimativas-base sobre o que vai acontecer com governos e empresas. Mas se eles est�o aptos a lidar com um cen�rio clim�tico e pol�tico em r�pida muta��o? N�o."

 

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