"O inc�ndio come�ou do nada", disse Tarim � AFP, depois de afastar seus animais da fuma�a que cercava sua fazenda.
"Uma das minhas vacas morreu queimada", lembra ele. "Nunca vi nada parecido. Voc� n�o pode chamar de fogo, era realmente como uma bomba", completou.
A hist�ria de Tarim � repetida por muitas das testemunhas do inc�ndio mais mortal e destrutivo da Turquia em d�cadas.
Milhares de animais morreram, e trechos inteiros de floresta que cobriam as colinas foram transformados em peda�os de esqueletos e cinzas.
Criadores aflitos tentaram conduzir seu gado para a costa, relativamente segura, do Mar Egeu e do Mediterr�neo.
Em p�nico, por�m, os animais da fazenda s�o dif�ceis de guiar, e o vento torna o fogo imprevis�vel.
Cansados de tentar apagar o fogo, molhando as ru�nas de casas, ou despejando �gua de avi�es, os bombeiros nem sempre chegam a tempo de ajudar fazendeiros como Tarim.
- "Senti que n�o podia ir embora" -
Lemis Sapir � um agente de seguros local que sentiu que deveria ficar e tentar ajudar nos esfor�os de extin��o.
"Senti que n�o podia ir embora", disse o t�cnico, de 44 anos. "Vamos dar toda a ajuda que pudermos".
As redes sociais turcas estava cheia de imagens de moradores corajosos, tentando apagar as chamas com tudo que tinham � m�o: de regadores de jardim a galhos de �rvores.
Sapir conta que a cidade de Hisaronu, no Mar Egeu, recebeu refor�os de outras regi�es.
"Mas a altura das montanhas, muito �ngremes, e a abund�ncia de floresta, impedem os bombeiros de intervir", afirma.
"O apoio a�reo ainda � insuficiente. H� muitos inc�ndios em diferentes partes da Turquia e, no momento, n�o podemos alcan�ar todos eles", lamenta.
A resposta das autoridades turcas a esta crise se transformou em um esc�ndalo que aumentou a press�o sobre o presidente Recep Tayyip Erdogan.
A oposi��o acusa o l�der turco de demorar para aceitar ofertas de ajuda estrangeira, inclusive de seu rival regional, a Gr�cia, e de falhas no planejamento de preven��o de inc�ndios.
O gabinete de Erdogan respondeu, dizendo que todo pessoal de emerg�ncia foi mobilizado. Afirmou ainda que considera as cr�ticas � sua (m�) gest�o como "fake news" que procuram mostrar uma imagem fraca da Turquia.
Yasekin Akkaya, gerente de uma loja da regi�o, diz que n�o � hora de fazer pol�tica, ou de discutir o papel geoestrat�gico da Turquia.
"Este n�o � um momento para estar orgulhoso", afirmou ele.
"Somos um pa�s poderoso. Nosso povo � forte. Mas cortaram a �gua da minha casa", explica. "Claro que precisamos de �gua, porque a �rea do inc�ndio � muito grande".
O fazendeiro Tarim se preocupa com o estrago. "Olhe ao seu redor, est� uma bagun�a", desabafa ele. "Temos sorte de estarmos vivos".
HISARONU