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Estado de Minas LONDRES

Tr�s d�cadas depois, os 'escudos humanos' de Saddam Hussein exigem respostas


05/08/2021 11:47

J� se passaram mais de tr�s d�cadas desde que foram usados como escudos humanos por Saddam Hussein no Iraque, mas aqueles que se viram apanhados nessa prova��o ainda exigem respostas.

Os passageiros que foram for�ados a deixar o voo 149 da British Airways em 2 de agosto de 1990, durante uma escala no Kuwait, querem que o governo brit�nico admita a responsabilidade, pe�a desculpas e divulgue um relat�rio secreto sobre o que realmente aconteceu.

Um novo livro, "Opera��o Cavalo de Tr�ia", afirma que as autoridades brit�nicas usaram o voo para enviar nove agentes da intelig�ncia ao Kuwait mesmo sabendo que civis corriam o risco de serem capturados.

Seu autor, Stephen Davis, garante que o avi�o pousou apesar de Londres ter recebido informa��es dos Estados Unidos anunciando a invas�o do Iraque tr�s horas e 45 minutos antes, e que a torre de controle do Iraque havia rejeitado todos os outros voos daquela noite.

Logo depois, avi�es iraquianos lan�aram bombas na pista de pouso, antes que tanques e soldados cercassem o aeroporto do Kuwait, cujas defesas capitularam.

Alguns dos 367 passageiros e tripulantes deste voo, com destino a Kuala Lumpur, passaram mais de quatro meses detidos.

Eles foram levados a locais no Iraque considerados poss�veis alvos da coaliz�o militar ocidental. Um deles, Barry Manners, de 55 anos, estava viajando com sua ent�o esposa para a Mal�sia.

Essa semana, Manners disse que "a conspira��o do sil�ncio" sobre o que aconteceu destruiu sua confian�a nas autoridades.

"� a ant�tese dos valores que aprendemos, a ess�ncia da sociedade ocidental", comentou � AFP.

Outra passageira, Margaret Hearn, de 65 anos, concorda: "Eu confiava na British Airways, mas o que aconteceu me chocou. Felizmente eu escapei, mas n�o foi por causa deles".

- Pensamentos niilistas -

Revivendo seu tempo como ref�m, Manners relatou que fez amizade com seu captor, um engenheiro da represa Dukan, no norte do Iraque, mas que temia a falta de comida e que os guardas fossem obrigados a atirar nos prisioneiros.

"Voc� se recusa a acreditar que vai ser solto, tem essas ocorr�ncias falsas e isso te enfraquece", comentou no lan�amento do livro de Davis.

Ap�s quatro meses de deten��o, retornou a Londres, mas sofreu problemas psicol�gicos ap�s a morte de sua companheira em 1992.

"Houve momentos em que pensamentos niilistas se tornaram intrusivos. N�o havia alegria no mundo", comentou.

"� dif�cil saber quanto foi do luto e quanto foi do trauma do Iraque, foi uma combina��o t�xica".

Hearn foi transferida do Kuwait para Basra, Bagd� e dois centros de deten��o no deserto iraquiano durante suas cinco semanas de cativeiro.

Uma fotografia de seus dois filhos pequenos sempre a fazia chorar, lembrou, mas o t�dio gradualmente substituiu o terror.

"Eu me sentia entorpecida. Voc� para de sentir as coisas, n�o consegue manter aquela intensidade de medo e preocupa��o", acrescentou.

Hearn contou ainda como os detidos fizeram amizade com os guardas jogando futebol ou durante as refei��es. Muito diferente das "hist�rias de terror" de roubos, execu��es simuladas e fome que, segundo Davis, foram infligidas a alguns prisioneiros.

"�ramos um presente para Saddam. Lidei com isso colocando-o em uma caixa para nunca mais olhar. Nunca mais quero ficar com tanto medo de novo", disse.

O cardiologista Richard Balasubaramian, de 49 anos, passou duas semanas detido em um hotel do Kuwait.

As autoridades da Mal�sia ofereceram a Balasubaramian a chance de fugir, porque parte de sua fam�lia � malaia, mas ele teve que fazer duas sufocantes viagens de �nibus de 20 horas pelo deserto at� a Jord�nia.

"Foi surreal, foi assustador. Nos sentimos culpados por deixar as pessoas que ficaram para tr�s", lembrou.

- Nega��o -

A vers�o de Davis � apoiada por um ex-diplomata brit�nico da embaixada no Kuwait, que afirma que as autoridades contornaram os canais normais para executar o plano mal concebido de transferir pessoal de intelig�ncia.

Um atraso de duas horas na partida do aeroporto de Heathrow em Londres, supostamente devido a um problema de ar-condicionado, permitiu que os funcion�rios brit�nicos embarcassem no �ltimo minuto.

Ele acrescentou que a ent�o primeira-ministra Margaret Thatcher mentiu ao Parlamento e a British Airways pressionou a tripula��o e os passageiros a encerrarem o assunto.

A companhia a�rea brit�nica n�o respondeu ao pedido da AFP por um coment�rio. A empresa e o Minist�rio da Defesa do Reino Unido negaram as acusa��es de neglig�ncia, conspira��o e encobrimento.

Em 2003, um tribunal franc�s ordenou que a British Airways pagasse 1,67 milh�o de euros (US $ 2 milh�es) aos ref�ns franceses no voo, dizendo que ela "falhou gravemente em suas obriga��es" ao pousar no Kuwait.

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