Mujahedines do Povo, os ferozes opositores do regime iraniano

Os Mujahedines do Povo (OMPI, ou MEK, em persa), movimento no ex�lio proibido desde 1981 no Ir�, onde as autoridades descrevem-no como "terrorista", s�o ferozes opositores do poder iraniano.

Fundada na d�cada de 1960 para lutar contra o x� do Ir�, Mohammad Reza Pahlevi, a organiza��o continuou sua batalha contra a Rep�blica Isl�mica e se aliou a Saddam Hussein durante a guerra Ir�-Iraque (1980-1988).

Nesta ter�a-feira (10), come�a em Estocolmo um julgamento incomum pelas execu��es em massa no Ir� em 1988. De acordo com a Promotoria sueca, esse expurgo afetou militantes dos Mujahedines, ap�s os ataques cometidos pelo movimento contra o poder iraniano no final do conflito com o Iraque.

- Nascido no Ir� -

A organiza��o de inspira��o marxista, que se apresentava como "mu�ulmano-democr�tica e laica", nasceu em 1965 de uma divis�o dentro do Movimento de Liberta��o do Ir� (MLI, nacionalista), de Mehdi Bazargan.

Seu objetivo era depor o x�. Muitos de seus fundadores morreram nas pris�es do regime.

Ap�s um breve per�odo de legalidade com a Revolu��o Isl�mica de 1979, o OMPI foi proibido em 1981, na esteira de uma manifesta��o armada reprimida violentamente. A organiza��o afirma que aquela manifesta��o foi pac�fica.

No mesmo referido ano, o governo atribuiu a eles um atentado a bomba contra a sede do Partido da Rep�blica Isl�mica. O ataque deixou 74 mortos, incluindo o aiatol� Beheshti, n�mero dois do regime. Os Mujahedines nunca assumiram a responsabilidade pelo ataque, ao contr�rio de outros.

- Ex�lio -

Expulsos do Ir�, foram para o ex�lio, em todo mundo, em particular na Fran�a. L�, estabeleceram-se em Auvers-sur-Oise, perto de Paris, com seu chefe, Massud Rajavi, que criou o Conselho Nacional da Resist�ncia Iraniana (CNRI), uma coaliz�o de opositores considerada a ala pol�tica do OMPI.

Em 1986, Massud Rajavi foi expulso da Fran�a, cujo governo iniciou uma pol�tica de reaproxima��o com o Ir�.

Desde 1989, o OMPI � chefiado por sua esposa, Maryam Rajavi, nomeada, em 1993, para liderar o CNRI. Seu marido n�o aparece em p�blico desde 2003.

- Estabelecimento no Iraque -

Durante a guerra Ir�-Iraque, os Mujahedines se estabeleceram no Iraque e lutaram nas fileiras de Saddam Hussein. Isso lhes valeu o t�tulo de "traidores" por parte do governo de Teer�.

No final do conflito, o grupo lan�ou uma opera��o militar contra a pot�ncia iraniana e assumiu o controle de v�rias cidades fronteiri�as. A ofensiva foi esmagada pelo Ex�rcito iraniano.

Criado em 1987, o bra�o armado do OMPI - o Ex�rcito de Liberta��o Nacional do Ir� - assumiu a responsabilidade de v�rios ataques no pa�s, como os de 1993 contra oleodutos e o mausol�u do im� Khomeini perto de Teer�. Dezenas de mortes foram-lhe imputadas.

Ap�s a queda de Saddam Hussein, em 2003, os Mujahedines foram desarmados e reagrupados no Campo de Ashraf, a nordeste de Bagd�. Em 2013, a pedido dos Estados Unidos e da ONU, a Alb�nia concordou em hospedar membros do OMPI em seu territ�rio.

- Atividades p�blicas -

Em 2003, Rajavi foi presa na Fran�a junto com outras 160 pessoas. Acabou sendo solta ap�s duas semanas de protestos de seus apoiadores, marcados por duas imola��es.

A investiga��o judicial realizada sobre suspeitas de atividades "terroristas" terminou em setembro de 2014, com seu arquivamento.

Em 2009, os Mujahedines foram retirados da lista de organiza��es terroristas da Uni�o Europeia, na qual constavam desde 2002. Os Estados Unidos fizeram o mesmo em 2012.

Em 2015, Rajavi se levantou contra o acordo conclu�do entre as grandes pot�ncias e Teer� sobre o programa nuclear iraniano.

- Tentativa de ataque -

Em 30 de junho de 2018, uma tentativa de ataque contra uma reuni�o dos Mujahedines na cidade de Villepinte, perto de Paris, foi frustrada.

Um diplomata iraniano foi condenado a 20 anos de pris�o, em fevereiro de 2021, por "tentativa de homic�dio com car�ter terrorista" e por "participa��o nas atividades de um grupo terrorista". Tr�s c�mplices foram condenados a entre 15 e 18 anos de pris�o.

- Pedido de investiga��o -

No in�cio de maio de 2021, mais de 150 personalidades, incluindo ganhadores do Pr�mio Nobel, ex-chefes de Estado e de governo e ex-funcion�rios da ONU, pediram uma investiga��o internacional sobre a execu��o sum�ria de milhares de dissidentes nas pris�es do Ir� em 1988.

H� anos, v�rias ONGs fazem campanha por justi�a para as execu��es extrajudiciais de milhares de iranianos, a maioria deles jovens, quando a guerra com o Iraque terminou.

De acordo com o CNRI, 30 mil pessoas foram executadas. O n�mero real deve se situar entre 4 mil e 5 mil.