"Os talib�s venceram", declarou Ghani no Facebook, garantindo que deixou o pa�s para evitar um "banho de sangue", j� que "incont�veis patriotas teriam sido martirizados e Cabul destru�da" se ele tivesse ficado.
Ashraf Ghani n�o informou onde se encontra, embora a emissora afeg� Tolo News garanta que o mandat�rio fugiu para o Tajiquist�o.
"Unidades militares do Emirado Isl�mico do Afeganist�o entraram na cidade de Cabul para garantir a seguran�a", tuitou o porta-voz dos insurgentes, Zabihullah Mujahid. "Seu avan�o continua normalmente", acrescentou.
� noite, a televis�o afeg� transmitiu imagens de combatentes afeg�os dentro do pal�cio do governo gritando "vit�ria".
"Nosso pa�s foi libertado e os mujahidin s�o vitoriosos no Afeganist�o", declarou um militante ao canal de not�cias Al Jazeera direto do pal�cio presidencial.
Em 10 dias, o movimento isl�mico radical, que havia iniciado uma ofensiva em maio aproveitando o in�cio da retirada das tropas americanas e estrangeiras, assumiu o controle de quase todo o pa�s.
Agora, os insurgentes est�o �s portas do poder, 20 anos depois de serem expulsos por uma coaliz�o liderada por Washington, ap�s sua recusa em entregar Osama bin Laden, l�der da Al Qaeda, e os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
A derrota � total tanto para o governo quanto para as for�as de seguran�a afeg�s, que os Estados Unidos financiam h� 20 anos com bilh�es de d�lares.
A destitui��o de Ghani era um dos pedidos dos talib�s durante as conversas de paz com o governo afeg�o, embora o mandat�rio tenha optado por se manter no cargo at� agora.
Um porta-voz dos insurgentes, Suhail Shaheen, declarou � BBC que o Talib� esperava pela transfer�ncia pac�fica do poder "nos pr�ximos dias".
- "N�o � Saigon" -
Enquanto isso, os Estados Unidos deram in�cio � evacua��o dos diplomatas americanos e de cidad�os afeg�os que colaboraram com Washington. A opera��o envolve cerca de 30.000.
Um alto funcion�rio de Defesa americano explicou que centenas de funcion�rios da embaixada j� deixaram o Afeganist�o e que o aeroporto seguia aberto para voos comerciais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que enviar� 1.000 militares a mais para ajudar na evacua��o, elevando o contingente americano em Cabul para 6.000 soldados.
A embaixada dos Estados Unidos indicou que tinha "informa��es sobre tiros no aeroporto", embora n�o pudessem ser confirmados.
O secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a alian�a est� ajudando a garantir a seguran�a e a opera��o do aeroporto, para onde os ocidentais e afeg�os fluem para fugir do pa�s.
Biden defendeu sua decis�o de por um fim a 20 anos de guerra, a mais longa da hist�ria dos Estados Unidos.
"Eu sou o quarto presidente a governar com uma presen�a militar americana no Afeganist�o. Eu n�o quero e n�o vou repassar esta guerra para um quinto presidente", declarou Biden neste domingo.
"Isso aqui n�o � Saigon", declarou o secret�rio de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, � CNN, aludindo � queda da capital vietnamita em 1975, uma mem�ria ainda dolorosa para os Estados Unidos.
Diante dessa situa��o, o primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, exortou os ocidentais a adotarem "uma posi��o comum" contra o Talib� "para evitar que o Afeganist�o se torne um terreno f�rtil para o terrorismo.
Tanto o Reino Unido como outro pa�ses europeus tamb�m iniciaram a retirada de seus funcion�rios diplom�ticos no Afeganist�o.
- "Valores isl�micos" -
Conforme o passar do dia, o p�nico tomou conta de Cabul. Lojas fecharam, engarrafamentos se formaram, policiais foram vistos trocando seus uniformes por roupas civis.
Os bancos estava lotados de pessoas querendo sacar seu dinheiro. As ruas tamb�m ficaram lotadas de ve�culos tentando sair da cidade ou se refugiar em uma �rea considerada mais segura.
No bairro de Taimani, no centro da capital, o medo, a incerteza e a incompreens�o podiam ser lidos nos rostos das pessoas.
"Apreciamos o retorno do Talib� ao Afeganist�o, mas esperamos que sua chegada traga paz e n�o um banho de sangue. Ainda me lembro, de quando era crian�a, muito jovem, das atrocidades cometidas pelos talib�s", disse � AFP Tariq Nezami, um comerciante de 30 anos.
E j� h� sinais de que as pessoas est�o se resignando a mudar de vida.
Assim, o outdoor de propaganda de um sal�o de beleza mostrando uma noiva glamorosa foi pintado por um funcion�rio neste domingo em um bairro de Cabul.
Muitos afeg�os, especialmente na capital, e as mulheres em particular, acostumados com a liberdade de que desfrutaram nos �ltimos 20 anos, temem um retorno ao poder do Talib�.
Quando governaram o pa�s, entre 1996 e 2001, os talib�s impuseram sua vers�o ultrarrigorosa da lei isl�mica. As mulheres eram proibidas de sair sem um acompanhante masculino e de trabalhar, e as meninas de ir � escola. Mulheres acusadas de crimes como adult�rio eram a�oitadas e apedrejadas.
Ladr�es tinham as m�os cortadas, assassinos eram executados em p�blico e homossexuais mortos.
O Talib�, que tenta transmitir uma imagem mais moderada hoje, tem prometido repetidamente que, se voltar ao poder, respeitar� os direitos humanos, especialmente os das mulheres, de acordo com os "valores isl�micos".
Mas nas �reas rec�m-conquistadas, j� foram acusados de muitas atrocidades: assassinato de civis, decapita��es, sequestro de adolescentes para cas�-las � for�a.
CABUL