(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas HONG KONG

Para as afeg�s, o retorno do Talib� � 'o fim do mundo'


16/08/2021 14:33

Em sua primeira noite sob o regime dos talib�s, Aisha Khurram, de 22 anos, n�o dormiu, em meio ao barulho de balas e avi�es evacuando estrangeiros do aeroporto de Cabul, um dia que ela n�o esquecer�: "em que nossa alma e nosso esp�rito foram quebrados".

"Para toda a na��o, ver como tudo desabou em um instante foi o fim do mundo", confessou esta estudante afeg� � AFP na manh� de segunda-feira, poucas horas ap�s a entrada do Talib� em Cabul.

Khurram, que representa a juventude afeg� na ONU, deveria concluir seus estudos na Universidade de Cabul nos pr�ximos meses. Mas, na manh� de domingo, ela e seus companheiros n�o puderam voltar ao campus e seu futuro � mais incerto do que nunca.

"O mundo e os l�deres afeg�os abandonaram a juventude do pa�s da maneira mais cruel que podemos imaginar", explica. "� um pesadelo para as mulheres que estudaram, que pensam em um amanh� melhor para si e para as gera��es futuras".

Durante 1996 e 2001, o governo Talib� imp�s uma vis�o ultraortodoxa da lei isl�mica que impedia as mulheres de estudar ou trabalhar, sair de casa se n�o acompanhadas por um membro de sua fam�lia do sexo masculino e obrig�-las a usar a burca em p�blico.

Flagela��es e execu��es, incluindo apedrejamento por adult�rio, eram pr�ticas comuns em pra�as e est�dios da cidade.

No entanto, a situa��o, especialmente nas �reas rurais, n�o melhorou substancialmente para as mulheres com a sa�da dos talib�s em 2001.

- Medo -

O Talib� afirmou repetidamente que respeitaria os direitos humanos se retornassem ao poder no Afeganist�o, enfatizando os das mulheres, mas de acordo com os "valores isl�micos".

As afeg�s, no entanto, veem essas promessas com desconfian�a, especialmente aquelas que por duas d�cadas puderam ir para a universidade, ocuparam cargos de responsabilidade na pol�tica, no jornalismo e at� mesmo no judici�rio e nas ag�ncias de seguran�a p�blica.

Nas �ltimas 24 horas, mulheres conhecidas em Cabul expressaram nas redes sociais sua tristeza por ver seu pa�s e todas as suas vidas destru�das pelas m�os dos talib�s.

"Comecei o dia olhando para as ruas vazias de Cabul, horrorizada", escreve Fawzia Koofi, ativista de direitos humanos e ex-vice-presidente do Parlamento afeg�o. "A hist�ria se repete t�o r�pido".

"O medo est� impresso em voc�, est� aqui como um p�ssaro preto", acrescenta Muska Dastageer, professora da Universidade Americana do Afeganist�o, inaugurada cinco anos ap�s a sa�da do Talib�.

- "Apagar as mulheres" -

Em um post na conta do Twitter de Rada Akbar, uma mulher de 33 anos, vemos a imagem - j� viral - de um homem cobrindo com tinta branca a foto em uma vitrine de uma mulher sorridente em um vestido de noiva.

Para Akbar, esse gesto mostra que eles buscam "apagar as mulheres do espa�o p�blico", pois o Talib� n�o permite a reprodu��o de imagens de mulheres.

Rada Akbar, pintora e fot�grafa, � conhecida por seus retratos, uma reivindica��o da independ�ncia e heran�a do Afeganist�o. Este ano, teve que organizar sua exposi��o de homenagem a importantes mulheres afeg�s online, depois de receber amea�as.

Na segunda-feira de manh�, seu medo era palp�vel. "Quero me tornar invis�vel e me esconder do mundo", escreveu em um de seus �ltimos tweets.

No s�bado, o secret�rio-geral das Na��es Unidas, Antonio Guterres, disse que ficou "horrorizado" ao "ver como desaparecem os direitos t�o duramente conquistados pelas meninas e mulheres do Afeganist�o".

Sahraa Karimi, uma das cineastas afeg�s mais famosas, disse que n�o tinha inten��o de deixar o Afeganist�o. "N�o abandonarei meu pa�s", declarou, enxugando as l�grimas em um v�deo postado no Twitter.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)