Milhares de pessoas permaneciam bloqueadas em Cabul, nesta quinta-feira (19), em sua tentativa de deixar o pa�s.
Enquanto isso, avi�es de todo o mundo pousavam constantemente, tentando resgatar o maior n�mero de pessoas poss�vel.
Pequenos grupos de afeg�os tomaram as ruas de Cabul e outras cidades, como Asadabad (leste), com a bandeira tricolor do pa�s, enquanto pr�dios oficiais e carros das patrulhas do Talib� exibiam a bandeira branca com um slogan isl�mico.
Perto de Wazir Akbar Khan, nos arredores da capital, os manifestantes encontraram um ve�culo dos talib�s. O carro diminuiu a velocidade, mas depois partiu, ignorando os que estavam reunidos.
Mas o medo aumento a cada dia que passa no Afeganist�o, onde o Talib� reconquistou o poder em poucas semanas e quase sem luta. No domingo, o movimento tomou a capital.
Os talib�s est�o intensificando sua busca por pessoas que trabalharam com as for�as dos EUA e da Otan, de acordo com um documento confidencial das Na��es Unidas, que alerta para a possibilidade de "tortura e execu��es", apesar de combatentes prometerem n�o se vingar.
Os novos "l�deres" do Afeganist�o t�m "listas de prioridades" de pessoas que desejam prender.
Os fundamentalistas isl�micos, que oficialmente chamam seu pa�s de "Emirado", divulgaram um comunicado celebrando o fato de o Afeganist�o "estar prestes a reconquistar sua independ�ncia" dos Estados Unidos.
No entanto, os afeg�os recordam o regime talib� precedente (1996-2001), marcado por viola��es dos direitos humanos.
Os que desejam fugir perambulam desesperan�osos entre o aeroporto e as embaixadas ocidentais. Os acessos aos locais vitais para a fuga est�o vigiados e tiroteios e dist�rbios j� foram registrados.
"Conversei com um amigo que est� l� (no aeroporto). Ele tem uma carta dos espanh�is que garante que pode sair com eles, mas quando tenta entrar � amea�ado com tiros", contou � AFP um homem que pediu para n�o ser identificado.
"Os espanh�is disseram que, se ele conseguir entrar, tudo vai ficar bem, mas ele n�o consegue", completou.
- Resist�ncia em Panshir -
Os talib�s constituem aos poucos suas autoridades pol�ticas, ap�s a chegada do ex�lio do cofundador deste movimento, mul� Abdul Ghani Baradar. Ao lado de outros dirigentes do grupo, ele se reuniu com o ex-presidente afeg�o Hamid Karzai.
Em paralelo, a resist�ncia se organiza no isolado vale do Panshir, liderada pelo vice-presidente Amrullah Saleh e pelo filho do comandante Masud, o emblem�tico l�der antitalib� assassinado nos anos 1990, afirmou o ministro russo das rela��es Exteriores, Serguei Lavrov.
"Os talib�s n�o controlam todo Afeganist�o. H� informa��es que chegam de Panshir", ao nordeste de Cabul, "onde se concentram as for�as da resist�ncia do vice-presidente Saleh e de Ahmad Masud", disse Lavrov.
"Os Estados Unidos ainda podem ser um grande arsenal da democracia", ao apoiar seus combatentes com armas, afirmou Ahmad Masud, em um artigo publicado no jornal The Washington Post.
H� mais de 20 anos, seu pai, o lend�rio comandante Ahmed Shah Masud, tamb�m liderou a resist�ncia aos talib�s.
Na �poca, os islamitas afeg�os abrigavam de maneira aberta a Al-Qaeda, rede que executou um atentado mortal contra Masud para ajudar os talib�s a se estabelecerem no poder.
Dois dias depois, em 11 de setembro de 2001, aconteceram os ataques da Al-Qaeda nos Estados Unidos.
- Afeg�os bloqueados -
O governo dos Estados Unidos enviou 6.000 militares para garantir a seguran�a do aeroporto de Cabul e retirar os 30.000 americanos e civis afeg�os que trabalharam para Washington. At� o momento, pouco mais de 7.000 pessoas deixaram o pa�s.
Reino Unido, Fran�a, It�lia e Espanha, entre outros pa�ses, tamb�m organizam opera��es de retirada.
Embora os talib�s liberem a passagem das pessoas com passaporte americano, "est�o impedindo a chegada ao aeroporto dos afeg�os que desejam sair do pa�s", afirmou a subsecret�ria de Estado dos EUA, Wendy Sherman.
Durante a semana, o porta-voz dos talib�s, Zabihullah Mujahid, prometeu que o novo regime ser� "positivamente diferente" do que governou o pa�s entre 1996 e 2001.
Apesar das promessas, a vit�ria dos talib�s gerou grande preocupa��o na popula��o.
Muitos cartazes publicit�rios com rostos de mulheres foram vandalizados, ou desapareceram das ruas de Cabul.
Um jornalista de televis�o, Shabnam Dawran, garantiu que ela n�o pode mais trabalhar em sua emissora.
Usando um hijab e mostrando sua carteira de jornalista, a �ncora disse: "nossas vidas est�o amea�adas", em um v�deo divulgado nas redes sociais.
- Pedido do G7 -
Os ministros do G7 pediram aos talib�s que garantam a passagem livre para estrangeiros e afeg�os que quiserem partir.
O G7 afirmou que continua sua tentativa de "garantir uma solu��o pol�tica inclusiva" no pa�s, ap�s duas d�cadas de uma ocupa��o militar que n�o conseguiu estabilizar a situa��o.
Pa�ses como R�ssia, China e Turquia se mostraram dispostos a dialogar com os isl�micos.
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