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Estado de Minas PARIS

A resist�ncia contra os talib�s em Panshir, uma aventura incerta


20/08/2021 16:42 - atualizado 20/08/2021 16:43

A organiza��o de uma resist�ncia armada aos talib�s no vale de Panshir ao redor de duas figuras emblem�ticas no Afeganist�o, o ex-vice-presidente Amrullah Saleh e o filho do falecido comandante Massud, pode gerar barulho, mas o sucesso � incerto, afirmam analistas entrevistados pela AFP.

Em v�rios textos publicados nos �ltimos dias, Ahmad Massud, filho do comandante Ahmed Shah Massud - assassinado em 2001 pela Al-Qaeda -, convocou a resist�ncia de Panshir e pediu apoio internacional na forma de armas e muni��es.

O ex-vice-presidente prometeu que n�o vai aceitar o governo dos talib�s e seguiu para este vale. Os dois homens aparecem juntos em imagens divulgadas nas redes sociais, o que pode representar o primeiro cap�tulo de um movimento de resist�ncia.

O ex-vice-presidente Abdullah Abdullah postou nesta sexta-feira (20) no Facebook fotos ao lado do ex-presidente Hamid Karzai falando com personalidades do Panshir, poucos dias depois de ambos terem se reunido com l�deres talib�s.

- Resist�ncia virtual -

No vale de Panshir, ao nordeste de Cabul, n�o est� sob controle talib�, segundo o ministro russo das Rela��es Exteriores, Serguei Lavrov. Mas isto n�o significa que � cen�rio de combates.

"No momento, a resist�ncia � verbal, porque os talib�s n�o tentam entrar em Panshir", disse Gilles Dorronsoro, professor de Ci�ncias Pol�ticas na Universidade Paris 1 Pantheon-Sorbonne e especialista em Afeganist�o.

"Mas cercam o Panshir por todos os lados", afirma Abdul Sayed, cientista pol�tico da Universidade de Lund, na Su�cia.

A ONG italiana Emergency informou na quarta-feira "um n�mero crescente de feridos de guerra" em seu hospital neste vale.

"N�o h� combates atualmente em Panshir, mas podem acontecer disputas na estrada do vale", declarou � AFP, sob anonimato, um franc�s que conhece bem a regi�o e combateu nos anos 1990 ao lado do comandante Massud.

"Os talib�s constru�ram sua vit�ria em um ataque rel�mpago e com a rendi��o, conseguiram sem muita viol�ncia", afirmou Dorronsoro. "Um ataque frontal ao Panshir com todo seu peso simb�lico iria contra a vontade que mostram de normalizar seu movimento", completa.

Um vive � sombra da lenda do pa�s, mas tem pouco peso pol�tico; o outro integrou as esferas de poder no Afeganist�o nos �ltimos anos e � profundamente pol�tico.

"As rela��es entre Ahmad Massud e Amrullah Saleh s�o um pouco complicadas. Desde o in�cio h� uma disson�ncia entre os dois", afirma Dorronsoro.

"Massud n�o tem posi��o oficial no regime, ele � algu�m que n�o tem um forte apoio no Afeganist�o fora de Panshir", indica.

Na opini�o do ex-combatente franc�s, o filho precisa conviver com o "fantasma paterno" e a "lenda" do pai.

"Ele se sente portador de um legado (...) Ele afirma: 'se algu�m deve iniciar a resist�ncia, eu devo fazer isso'", acredita o ex-combatente.

Saleh "pretende ser constitucionalmente o presidente afeg�o leg�timo ap�s a fuga de Ashraf Ghani", afirma Abdul Sayed.

- Estrat�gia de negocia��o -

"E quais s�o os objetivos? Negociar com os talib�s ou uma verdadeira resist�ncia armada"?, questiona o pesquisador da universidade parisiense.

"Os interesses de Panshir atualmente s�o defendidos politicamente em Cabul por (o ex-chefe de Governo) Abullah Abdullah, que negocia com os talib�s, e pelos tios de Massud que est�o negociando no Paquist�o", afirma o ex-combatente.

Ele entende a resist�ncia como "uma forma de ter peso nas negocia��es de Cabul para que os interesses de Panshir sejam defendidos e para que, em um determinado momento, Abdullah ou a fam�lia convoquem Massud e digam: 'Tudo bem, pode parar, temos um acordo'".

Mas Saleh n�o segue a mesma l�gica porque � "inimigo pessoal dos talib�s", adverte.

Apesar de tudo, Dorronsoro n�o descarta que o ex-vice-presidente tente negociar com os novos l�deres do pa�s "porque fala de um processo de paz que deveria ser mais inclusivo".

"Militarmente, isto n�o leva a lugar nenhum", afirma o pesquisador franc�s. "Os talib�s querem apenas fechar Panshir, nem sequer precisam entrar", alerta.

Massud "tem jovens, ve�culos, helic�pteros, muni��es, ele se prepara h� meses", mas tem recursos para ficar entrincheirado no vale e pouco mais, concorda o ex-combatente franc�s.

Ainda � necess�rio conhecer a posi��o de eventuais patrocinadores estrangeiros que demonstrem interesse em ver uma resist�ncia ativa, seja pela aura da lenda de Massud ou por oposi��o � cria��o de uma teocracia no pa�s.


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