Agora, v�rias iniciativas buscam relembrar esse linchamento brutal e milhares de outros semelhantes.
"Aprendemos com os erros do passado para que isso n�o volte a acontecer", diz Rich Hansen, um professor de hist�ria do ensino m�dio que est� fazendo uma campanha para dedicar um memorial a Bush nessa cidade do centro-oeste dos Estados Unidos.
"Se n�s, como na��o, vamos superar essa divis�o racial, devemos primeiro ser educados sobre o que aconteceu e compreender por que aconteceu", explica ele � AFP.
Um ano depois que o assassinato de George Floyd desencadeou uma onda nacional de grandes protestos contra o racismo, ativistas est�o organizando uma campanha para honrar a mem�ria de milhares de pessoas negras que foram linchadas em todo o pa�s desde o fim da Guerra Civil Americana at� o fim da Segunda Guerra Mundial.
Mas � medida que os Estados Unidos lan�am mais luz sobre seu passado racista e escravagista, essas campanhas se deparam com obst�culos.
- "Uma �poca horr�vel em nosso passado" -
A Iniciativa pela Justi�a Igualit�ria, um grupo com sede em Montgomery, Alabama, documentou mais de 4.400 v�timas de linchamento em todo o pa�s entre 1877 e 1950. Em 2018, inaugurou o Monumento Nacional pela Paz e Justi�a, onde os nomes de 800 v�timas est�o gravados em colunas de a�o.
Os linchamentos muitas vezes eram n�o apenas espet�culos p�blicos, mas tamb�m eventos festivos com enorme ades�o, imortalizados em fotografias que mais tarde eram vendidas como cart�es-postais.
A Iniciativa tamb�m trabalha com as comunidades locais para coletar terra nos locais de linchamento, que s�o exibidas em potes de vidro com os nomes das v�timas, e para instalar placas narrativas em locais p�blicos onde ocorreram as agress�es.
"Esta foi uma �poca horr�vel em nosso passado, mas temos que olhar para ela e aprender com ela para que nunca mais aconte�a", diz Melissa Thiel, uma historiadora que est� fazendo campanha para criar um memorial para recordar outro linchamento brutal ocorrido em Sherman, Texas.
Em 1930, um trabalhador negro chamado George Hughes foi linchado ap�s ser acusado de agredir a esposa de seu chefe branco ao tentar receber seis d�lares em pagamento por seu servi�o. Em seguida, com�rcios negros foram incendiados.
No entanto, o projeto encontrou resist�ncia por parte do munic�pio, que, segundo Thiel, n�o quer reviver uma trag�dia passada na cidade, que ostenta um imponente monumento de pedra � Confedera��o escravagista ao lado do Pal�cio da Justi�a.
Mas a historiadora n�o se abala: "Estamos falando de Segunda Guerra Mundial? Estamos falando do Holocausto? Estamos falando do 11 de setembro? Essas hist�rias s�o muito dif�ceis e tr�gicas, mas tudo bem falar sobre elas", apontou.
- "Um medo inato" -
�s vezes, a resist�ncia pode assumir uma forma mais violenta, como em Kansas City, Missouri, que, como o Texas, era um estado confederado.
Em junho de 2020, no auge dos protestos do Black Lives Matters (Vidas Negras Importam) no ano passado, algu�m vandalizou um monumento erguido dois anos antes em mem�ria de Levi Harrington, um homem negro linchado em 1882 ap�s ser falsamente acusado de atirar em um policial.
A placa foi posteriormente recuperada e colocada do lado de fora de um museu de hist�ria afro-americana em Kansas City.
"Isso se deve a um medo inato [dos americanos brancos] de que de alguma forma sua pr�pria identidade que constru�ram como o poder do pa�s n�o seja mais a verdade", avalia a diretora executiva do museu, Carmaletta Williams. "� reconhecido em toda parte que homens brancos e o privil�gio branco n�o garantem mais um lugar especial neste pa�s, ent�o eles brigam."
Mas os linchamentos n�o se limitaram apenas aos estados confederados. Em Duluth, Minnesota, no extremo norte dos Estados Unidos, um memorial � dedicado a tr�s homens negros linchados em 1920.
Avi Viswanathan, diretor de inclus�o e participa��o comunit�ria na Sociedade Hist�rica de Minnesota, com sede em St. Paul, afirma que o fato de o monumento estar em um estado do norte que lutou contra a Confedera��o na Guerra Civil, e tamb�m onde Floyd, um homem negro desarmado foi morto por um policial branco no ano passado, � um lembrete do trabalho constante que precisa ser feito.
"N�o queremos nos isolar das hist�rias do passado porque elas podem se repetir. E, como vimos com George Floyd, o racismo e a viol�ncia sistem�ticos contra [os negros] ainda est�o presentes", diz Viswanathan.
DECATUR