A seguir, os cinco principais desafios a serem enfrentados pelo Talib�:
- Desconfian�a -
Existem suspeitas generalizadas e justificadas entre os afeg�os sobre os talib�s. Na �ltima vez em que governaram, de 1996 a 2001, impuseram uma interpreta��o dr�stica da lei isl�mica, segundo a qual proibiam o acesso das mulheres � educa��o e aos espa�os p�blicos, executavam seus oponentes pol�ticos e massacravam minorias religiosas e �tnicas.
Desta vez, prometeram uma gest�o mais branda que reconhe�a os direitos das mulheres.
Embora em algumas partes do Afeganist�o, a popula��o sinta al�vio com o fim da viol�ncia, muitos no pa�s dizem que s�o as a��es que s�o importantes, n�o as palavras.
As mulheres, especialmente nas cidades, temem sair �s ruas e pelo menos um surto de resist�ncia armada persiste no Vale Panshir, um reduto tradicional anti-Talib�.
- Cat�strofe humanit�ria e econ�mica -
O Afeganist�o � um dos pa�ses mais pobres do mundo. Depois que o Talib� foi expulso em 2001, o pa�s recebeu uma grande quantidade de ajuda externa e essa assist�ncia internacional foi de mais de 40% do PIB em 2020.
A maior parte dessa ajuda foi suspensa e n�o h� garantia sobre o restante. Al�m disso, o Talib� n�o tem acesso aos fundos do Banco Central afeg�o depositados nos Estados Unidos.
A falta de fundos pode ser desastrosa para o Talib�, que ter� de descobrir como pagar os funcion�rios do governo e manter servi�os essenciais como �gua, eletricidade e comunica��es.
A ONU alertou sobre uma cat�strofe humanit�ria, pois suas reservas de alimentos est�o baixas devido ao conflito e a uma severa seca.
Como insurgentes, os talib�s recebiam uma renda de centenas de milh�es de d�lares, segundo c�lculos de monitores da ONU.
Mas essa quantidade � m�nima em compara��o com as necessidades do Afeganist�o, de acordo com especialistas.
O movimento isl�mico assumiu o controle de algumas fontes de recursos, como receitas alfandeg�rias de passagens de fronteira, mas isso tamb�m � uma fra��o das necessidades nacionais.
- Fuga de c�rebros -
Al�m da falta de recursos, enfrenta outra escassez: pessoas qualificadas.
Com a sa�da das tropas americanas e a perda do controle do governo anterior, afeg�os com estudos, experi�ncia e recursos come�aram a deixar o pa�s.
Entre eles estavam funcion�rios p�blicos, trabalhadores de bancos, m�dicos, engenheiros, professores e estudantes universit�rios, todos aterrorizados com a vida sob o regime dos radicais isl�micos.
O Talib� parece estar ciente do impacto que essa fuga de c�rebros ter� na economia afeg�.
Seu porta-voz pediu aos afeg�os qualificados que permane�am no pa�s, que precisa de profissionais como m�dicos e engenheiros.
- Isolamento diplom�tico -
O primeiro governo talib� foi em grande parte um p�ria no cen�rio internacional.
Desta vez, os insurgentes parecem interessados em obter amplo reconhecimento internacional, embora muitos pa�ses tenham suspendido ou fechado suas miss�es diplom�ticas em Cabul.
O grupo mant�m contatos com pot�ncias regionais como Paquist�o, Ir�, R�ssia e China, al�m do Catar, que durante anos abrigou o gabinete pol�tico do Talib�.
Mas ningu�m o reconhece, e Washington disse que o regime ter� que conquistar sua legitimidade.
Em um aparente sinal de divis�o sobre como lidar com o Talib�, China e R�ssia se abstiveram de votar uma resolu��o do Conselho de Seguran�a da ONU pedindo aos isl�micos que permitam a sa�da dos afeg�os.
Moscou e Pequim desistiram de usar seu poder de veto depois que o texto foi suavizado, disseram especialistas.
- Amea�a terrorista -
A amea�a terrorista no Afeganist�o n�o terminou com o fim da insurg�ncia talib�.
Seus rivais islamitas, a fac��o regional do grupo Estado Isl�mico (EI), j� realizaram um ataque suicida em Cabul que deixou mais de 100 mortos no aeroporto durante a opera��o de evacua��o.
O Talib� e o EI s�o extremistas sunitas, mas o �ltimo faz uma interpreta��o ainda mais r�gida da lei isl�mica.
O EI afirmou que continuar� a lutar no Afeganist�o e em suas declara��es se refere ao Talib� como "ap�statas".
Assim, o Talib� enfrenta uma invers�o de pap�is: ter� que defender a popula��o afeg� dos tipos de ataques realizados durante anos por seus pr�prios combatentes.
CABUL