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Estado de Minas CORRIENTES

Seca hist�rica do rio Paran�: ciclo natural, ou mudan�a clim�tica?


31/08/2021 14:17 - atualizado 31/08/2021 14:19

Colosso da Am�rica do Sul e d�cima bacia do mundo, o rio Paran� sofre sua pior seca em mais de meio s�culo e � um enigma se a causa se deve a um ciclo natural, ou � mudan�a clim�tica, com efeitos incertos no longo prazo.

Segundo em extens�o, atr�s do Amazonas na Am�rica do Sul, o Paran� vem encolhendo desde 2019 e atingiu n�veis nunca vistos desde 1940.

Os especialistas duvidam de que, mesmo com o per�odo das chuvas em dezembro, v� recuperar a exuber�ncia que fez dele a principal via de integra��o do Mercosul.

Nos �ltimos meses, a baixa do n�vel da �gua afetou a navega��o mercante, a gera��o de eletricidade, a pesca, a ind�stria do turismo, o fornecimento de �gua para consumo e irriga��o, e modificou o relevo, a �gua e o solo de uma forma que ningu�m arrisca dizer se ser� permanente.

- Estrat�gico -

O rio Paran� est� ligado �s �guas subterr�neas do Aqu�fero Guarani, uma das maiores reservas de �gua doce do planeta.

Seus mais de 4.000 quil�metros ligam importantes cidades da Am�rica do Sul, e seus sedimentos alimentam as plan�cies agr�colas que banham a Argentina.

"O Paran� � a maior, mais biodiversa e mais importante zona �mida socioprodutiva da Argentina", explica � AFP o ge�logo Carlos Ramonell, professor da Universidade Nacional do Litoral.

Embora o canal principal tenha vaz�o, neste momento, em sua rede de canais secund�rios, "apenas entre 10% e 20% t�m �gua, o resto est� seco", diz.

"Barragens brasileiras, desmatamento, mudan�as clim�ticas t�m sido apontadas como causas, mas, do ponto de vista cient�fico, n�o temos condi��es de dizer isso. Obviamente, tem havido um d�ficit de chuvas, mas causado pelo qu�?", questiona Ramonell.

- Perturba��es comerciais -

O Paran� nasce no Brasil, recebe afluentes do Paraguai e des�gua no Atl�ntico na Argentina, onde seu trecho naveg�vel � vital para as exporta��es da Bol�via e do Paraguai, pa�ses sem litoral.

"N�o h� navega��o pelo Paran� desde abril. As mercadorias s�o transportadas por via terrestre at� o rio Paraguai, o que quadruplicou o custo", explicou o diretor dos Armadores Fluviais Paraguaios, Juan Carlos Mu�oz, � AFP.

Cerca de 4.000 barca�as, 350 rebocadores e 100 porta-cont�ineres aguardam uma subida do n�vel da �gua.

Em maio passado, a extraordin�ria abertura dos reservat�rios no Brasil liberou a passagem de centenas de barca�as paraguaias rio abaixo. Mas a seca n�o permite mais isso.

Tamb�m prejudicou a exporta��o de soja da Bol�via e a importa��o de diesel para aquele pa�s.

- Menos energia -

A vaz�o m�dia do Paran� � de 17.000 metros c�bicos por segundo, mas caiu para 6.200 pouco acima do valor m�nimo hist�rico registrado em 1944.

Isso reduziu pela metade a gera��o de eletricidade na usina binacional Yacyret�, na fronteira entre a Argentina e o Paraguai, que contribui com 14% da eletricidade para a Argentina.

"A causa est� na natureza. � um processo. No ano passado, ach�vamos que t�nhamos alcan�ado o teto, mas este ano piorou", diz o engenheiro Marcelo Cardinalli, gerente de explora��o da Yacyret�.

Junto com a de Itaipu, compartilhada entre Brasil e Paraguai, s�o as gigantes hidrel�tricas desta bacia que tem mais de 50 barragens.

- "Impacto gigantesco" -

A seca afetou a reprodu��o dos peixes, impedidos de desovar em lagoas e riachos agora desmembrados do curso principal por enormes bancos de areia.

"Ao estresse sofrido pelo sistema bi�tico, devido � desconex�o, se soma o aumento do teor salino da �gua", explica Ramonell.

Tamb�m fez surgir um rasto de lixo e, onde havia lagoas, cresceu mato que o gado aproveita.

"Com a seca, todos os produtos qu�micos - merc�rio, chumbo - se concentram na terra. Quando a �gua voltar, os peixes que sugam lama v�o morrer. Vamos ter um impacto gigantesco", lamenta Ana Pirkas, moradora da cidade Correntina de Goya, famosa pelo turismo pesqueiro, hoje perdido.

Uma proibi��o de pesca no fim de semana visa a proteger as quase 200 esp�cies que o rio cont�m.

"Desde a constru��o das barragens, o rio mudou muito", opina Ram�n Acu�a, terceira gera��o de pescadores.

Da abund�ncia do tarp�o, base da pir�mide dos peixes do rio Paran�, que seu pai pescava, fica apenas a mem�ria.

"N�o podemos descartar que a seca seja apenas uma variabilidade natural", opina Ramonell, citando ciclos semelhantes de um s�culo atr�s, quando n�o havia barragens, desmatamento, ou aquecimento global.

Quem culpar, ou o que esperar no futuro, por enquanto, n�o tem resposta.


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