Em decl�nio de popularidade e envolvido em confrontos com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro convocou manifesta��es no feriado de 7 de setembro: pela manh�, o presidente discursou em Bras�lia, antes de viajar � tarde para S�o Paulo, onde, segundo a pol�cia, reuniu cerca de 125.000 pessoas.
"Queremos elei��es limpas, democr�ticas, com voto audit�vel e contagem p�blica de votos. N�o posso participar de uma farsa, como essa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral", o ministro Lu�s Roberto Barroso, declarou Bolsonaro diante de uma multid�o de apoiadores na Avenida Paulista.
H� meses, Bolsonaro questiona a confiabilidade das urnas eletr�nicas, usadas com sucesso desde 1996 e que lhe permitiram ganhar sucessivos mandatos como deputado federal e a presid�ncia da Rep�blica em 2018.
Suas cr�ticas, sem fundamento, fizeram como que o STF e a justi�a eleitoral abrissem investiga��es contra o presidente, o que inflamou ainda mais sua ret�rica.
- "S� Deus me tira" do poder -
Rodeado de apoiadores, Bolsonaro atacou os ju�zes de ambos os tribunais na ter�a-feira e garantiu: "S� Deus me tira" do poder.
"S� saio preso, morto ou com vit�ria", completou o presidente, multado pelo governo de S�o Paulo por n�o usar m�scara.
Tanto em Bras�lia como em S�o Paulo, os seguidores de Bolsonaro - a maioria sem m�scara - se mobilizaram levando bandeira do Brasil. Alguns gritaram lemas golpistas, como um homem que agitava um cartaz que dizia: "Interven��o c�vico-militar com limpeza das institui��es".
Outros criticaram os ex-presidentes petistas Luis In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff, enquanto uns rezavam pelo presidente, que conta com o apoio de boa parte dos evang�licos.
"Estamos dizendo sim ao presidente e �s For�as Armadas para que intervenham; s�o os �nicos que protegem nossa liberdade. A partir deste 7 de setembro, poder�o faz�-lo", declarou � AFP em S�o Paulo Valdivino Pereira, um metal�rgico de 52 anos.
"N�o queremos brigar com poder nenhum. Mas n�o podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. N�o podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade", declarou Bolsonaro.
"Ou o chefe desse poder (STF) enquadra o seu (o ministro Alexandre de Moraes), ou esse poder pode sofrer aquilo que n�s n�o queremos", completou.
- Milhares em Copacabana -
Milhares de pessoas tamb�m se reuniram na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Em S�o Paulo, tamb�m houve uma manifesta��o contra o governo sob o lema "Fora Bolsonaro", que segundo a pol�cia reuniu cerca de 25.000 pessoas.
No fim da tarde, foram ouvidos panela�os contra Bolsonaro em alguns bairros de S�o Paulo, Rio de Janeiro e Bras�lia.
Na v�spera, centenas de manifestantes se reuniram na regi�o central de Bras�lia. Depois de furar o bloqueio policial, muitos deles entraram com caminh�es e outros ve�culos na Esplanada dos Minist�rios.
O rumo das mobiliza��es � incerto e monopolizou o debate p�blico no Brasil, com alertas para evitar algo semelhante � invas�o do Capit�lio dos Estados Unidos em janeiro por partid�rios do ent�o presidente Donald Trump. O dia, por�m, correu sem incidentes.
- Ret�rica autorit�ria -
Bolsonaro afirmou nos �ltimos dias que esperava mobiliza��es massivas para enviar um ultimato aos magistrados da mais alta corte. O presidente chegou a citar a presen�a de "dois milh�es" de pessoas em S�o Paulo.
O dia de manifesta��es "n�o fortalece ou enfraquece Bolsonaro. Mas o presidente parece j� n�o possuir a ambi��o de vencer (as elei��es) de maneira leg�tima. Me parece muito mais prov�vel haver uma estrategia para ignorar uma prov�vel derrota, e acho que essas estrategias agora de mobilizar seus seguidores precisam ser analisadas nesse contexto", explicou Oliver Stuenkel, professor de Rela��es Internacionais da Funda��o Get�lio Vargas, em S�o Paulo.
Seu �ndice de popularidade caiu para 24% em julho, seu n�vel mais baixo desde que assumiu o poder em 2019, especialmente devido a seu modo de enfrentar a pandemia que j� deixou mais de 580 mil mortos e a uma crise econ�mica que atinge o bolso dos brasileiros.
Para Maur�cio Santoro, professor de Ci�ncia Pol�tica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), � a primeira vez desde a redemocratiza��o que "vivemos algo assim", "semelhante ao que vimos em pa�ses como Hungria, Pol�nia, Venezuela e nos Estados Unidos sob Trump". "� uma ret�rica autorit�ria que enfraquece a democracia por dentro".
Segundo as pesquisas mais recentes, Bolsonaro seria derrotado nas elei��es em 2022 pelo ex-presidente Lula, que ainda n�o confirmou que ser� candidato.
BRAS�LIA