Apesar das palavras tranquilizadoras dos novos donos do poder no Afeganist�o, com o compromisso de mais inclus�o e toler�ncia, muitas pessoas na capital do Afeganist�o temem o retorno do regime ultra-rigoroso imposto entre 1996 e 2001 pelo movimento islamita radical.
Em uma demonstra��o da rejei��o ao retorno do sistema dos anos 1990, centenas de manifestantes protestaram em diferentes pontos de Cabul, algo impens�vel no regime anterior Talib�, quando eram organizadas execu��es p�blicas e as m�os de pessoas acusadas de roubo eram cortadas.
"As mulheres afeg�s querem que seu pa�s seja livre. Querem a reconstru��o do pa�s. Estamos cansadas", declarou � AFP Sarah Fahim em um protesto diante da embaixada do Paquist�o, muito pr�ximo aos Talib�.
"Queremos que nosso povo tenha uma vida normal. Quanto tempo teremos que viver nesta situa��o?", questionou a mulher de 25 anos.
O protesto reuniu 70 pessoas, a maioria mulheres, que exibiram cartazes e gritaram frases contr�rias ao pa�s vizinho, acusado com frequ�ncia de dar cobertura ao movimento islamita ap�s a invas�o liderada pelos Estados Unidos em 2001.
Combatentes talib�s no local dispersaram rapidamente o protesto com tiros para o alto.
Apesar de pequenas e isoladas, alguns afeg�os, geralmente mulheres, protestaram em cidades como Cabul, Herat e Mazar-i-Sharif ap�s a queda do pa�s nas m�os dos talib�s h� tr�s semanas.
Aproveitando a retirada das tropas estrangeiras o movimento Talib� executou uma ofensiva rel�mpago que pegou de surpresa as pot�ncias ocidentais e, segundo alguns analistas, os pr�prios islamistas, que n�o estavam preparados para assumir o controle de um pa�s em uma grave crise econ�mica e humanit�ria.
O an�ncio do novo governo era aguardado para o fim de semana passado, mas na segunda-feira o porta-voz do movimento, Zabihullah Mujahid, afirmou que ainda levaria alguns dias por "quest�es t�cnicas".
O porta-voz tamb�m anunciou que suas tropas acabaram com o �ltimo foco de resist�ncia a seu poder, no vale de Panjshir, onde est�o concentradas mil�cias anti-Talib� e remanescentes do ex�rcito afeg�o.
A chamada Frente Nacional de Resist�ncia respondeu que ainda mant�m "posi��es estrat�gicas" na regi�o e seu l�der Ahmad Masud convocou um levante da popula��o.
Nesta ter�a-feira, Ahmad Wali Masud, irm�o do falecido comandante Ahmad Shah Masud, assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, e tio de Ahmad, afirmou que os talib�s n�o t�m o controle de todo o vale de Panjshir.
"O Talib� veio com terroristas para tomar a estrada de Panjshir. Quem conhece a geografia de Panjshir sabe como � o local. Eles vieram para tomar uma estrada, mas Panjshir tem tantos vales...", disse Masud, em uma confer�ncia sobre o Afeganist�o organizada por uma universidade su��a e a miss�o permanente da ONU para o Afeganist�o em Genebra.
"Por isso, n�o pensem que porque tomaram a estrada, eles tomaram o Panjshir", insistiu.
- Blinken no Catar -
O r�pido avan�o Talib� tamb�m pegou desprevenidas as pot�ncias ocidentais, que tentaram organizar, em uma corrida contra o tempo, uma retirada em larga escala de estrangeiros e afeg�os em risco a partir do aeroporto de Cabul.
A sa�da das for�as americanas em 30 de agosto interrompeu a opera��o antes da retirada de todas as pessoas que cumpriam os requisitos para deixar o pa�s.
Durante uma visita ao Catar, a primeira de um funcion�rio de alto escal�o do governo americano � regi�o desde a queda de Cabul, o secret�rio de Estado Antony Blinken afirmou que as novas autoridades em Cabul prometeram novamente que permitir�o a sa�da de todos os afeg�os que desejam abandonar o pa�s.
L�deres talib�s afirmaram que "permitir�o que as pessoas com os documentos necess�rios para viajar partam de maneira livre", disse Blinken.
"A comunidade internacional espera que o Talib� respeite este compromisso", disse o chefe da diplomacia, ao lado do secret�rio de Defesa, Lloyd Austin.
Ao mesmo tempo, o Catar reafirmou que o aeroporto de Cabul, fechado desde que os �ltimos soldados americanos sa�ram do pa�s no fim de agosto, reabrir� em breve, mas n�o anunciou uma data concreta.
A infraestrutura � essencial para transportar ajuda humanit�ria ao pa�s, assim como para reativar o processo de retirada dos afeg�os em risco, em caso de permiss�o do Talib�.
A ONU pediu 200 milh�es de d�lares de fundos adicionais em ajuda humanit�ria para o Afeganist�o.
O Escrit�rio para a Coordena��o de Assuntos Humanit�rios (OCHA, na sigla em ingl�s) afirma que, com o valor extra, � necess�ria uma ajuda no valor de 606 milh�es de d�lares para o Afeganist�o at� o fim de 2021.
"Os servi�os b�sicos no Afeganist�o est�o em colapso e os alimentos e outros bens b�sicos para a sobreviv�ncia est�o prestes a acabar", disse o porta-voz do OCHA, Jens Laerke.
CABUL