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Estado de Minas POLO NORTE

Gelo �rtico � testemunha e v�tima do aquecimento global


08/09/2021 09:17

Um quebra-gelo avan�a na imensid�o da camada de gelo em dire��o ao Polo Norte. Mas n�o se deve deixar enganar pela paisagem branca que se estende at� onde a vista alcan�a pode enganar. A mudan�a clim�tica est� a�, dentro do gelo.

H� 13 anos, Dmitri Lobusov comanda o "50 let Pobedy" (50 anos da Vit�ria), um dos enormes navios nucleares constru�dos pela R�ssia para garantir sua supremacia mar�tima no �rtico e poder explorar seus recursos naturais e suas rotas comerciais incipientes.

O capit�o de 57 anos, que alterna quatro meses a bordo e quatro em terra, � apaixonado pelo gelo que cruza com seu imenso navio vermelho e preto da ag�ncia at�mica russa, a Rosatom.

Seu funcionamento � t�o silencioso que � poss�vel ouvir o gelo quebrando sob o casco.

Na velocidade m�nima, este monstro de metal de 159,6 metros de comprimento parece deslizar como patins no gelo.

Na ba�a de Essen, em frente � costa da Terra de Francisco Jos�, uma das quase 200 ilhas que comp�em o arquip�lago polar russo, um urso branco mal se intimida com a passagem do navio.

"Aqui quem manda s�o os ursos, � a casa deles. A gente est� de passagem. Se est�o no nosso caminho, a gente freia, ou n�s os contornamos", diz o capit�o.

Seu navio j� atingiu 59 vezes os 90 graus de latitude norte, o polo geogr�fico. Este marinheiro, de barba grisalha e cachimbo na boca, conhece bem a regi�o e suas mudan�as.

Depois de quase 30 anos no mar, o que conhece melhor � o gelo que ele atravessa. E, devido �s mudan�as clim�ticas, n�o � mais o mesmo.

- Antes, gelo mais espesso -

"Venho ao polo desde 1993 e, nos anos 1990 e in�cio dos 2000, o gelo era mais complexo, dif�cil, espesso", explica, impec�vel em seu uniforme azul-marinho.

"Existiam muitos gelos plurianuais, que dificilmente encontramos hoje", diz o capit�o, que tem a miss�o de mostrar o �rtico a alunos do ensino m�dio que venceram um concurso cient�fico.

A banquisa plurianual � mais compacta, porque, tendo se formado ao longo de v�rios anos, � pobre em sal, explica. Hoje, por�m, a maior parte desse "campo branco" � composto de gelo fresco que derrete rapidamente no ver�o.

Segundo os cientistas, n�o h� d�vida de que o aquecimento global � o respons�vel.

Em compara��o com a d�cada de 1980, a �rea da banquisa �rtica da R�ssia � "cinco a sete vezes menor", segundo o instituto meteorol�gico Rosguidromet em um relat�rio de mar�o passado.

O relat�rio tamb�m revela que o aquecimento na R�ssia, com um ter�o do territ�rio dentro do c�rculo polar, � mais r�pido do que a m�dia planet�ria. Desde 1976, a temperatura subiu 0,51�C por d�cada.

Com uma economia baseada na extra��o de hidrocarbonetos, a R�ssia reconhece a exist�ncia do aquecimento, mas muitos minimizam seu v�nculo com as atividades humanas.

Viktor Boyarski, passageiro do "50 let Pobedy", � um deles.

Este explorador de 70 anos, ex-diretor do Museu Russo do �rtico e da Ant�rtica, estima que a atividade humana "n�o desempenha um papel fundamental" neste fen�meno, apesar da abund�ncia de evid�ncias.

- 'Rea��o em cadeia' -

Ele observa, no entanto, que a regi�o polar entrou em um c�rculo vicioso, j� que o recuo do gelo permite que as �guas temperadas do oceano Atl�ntico entrem na bacia �rtica.

Isso "evita que o gelo se forme como acontecia h� 20, ou 30 anos", diz este ex-explorador, que � uma celebridade na R�ssia.

"� um processo de rea��o em cadeia: quanto menos gelo, mais �gua e mais calor. E, quanto mais calor, mais a extens�o do gelo se reduz", explica, diante da n�voa que envolve o Polo Norte.

Depois de anos no mar, o capit�o Lobusov testemunhou a devasta��o do clima nas ilhas �rticas.

"Quando passamos pelo arquip�lago de Francisco Jos�, vemos que os glaciares j� n�o est�o onde estavam indicados nos mapas", explica.

"As geleiras recuam. N�o h� discuss�o, nem d�vida, e � efeito do calor", insiste.

O marinheiro menciona outro ind�cio das mudan�as em andamento. No ver�o, o Polo Norte fica "coberto de n�voa".

"Acho que � o efeito do aquecimento. Tem mais umidade no ar", diz. "Antes, ir ao polo sem �culos escuros era imposs�vel devido ao brilho do sol", lembra.


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