
No comando da navega��o, ela d� ordens a homens bem mais veteranos, decidindo o curso a seguir para quebrar a camada de gelo do �rtico.
No passadi�o do navio, est� cercada por telas e radares. De repente, uma mancha branca aparece na lente de seus bin�culos: um urso polar.
Diana manda diminuir a velocidade para n�o assustar o animal.
Pela idade, por ser mulher e por seu papel, Diana Kidji � uma exce��o na frota nuclear �rtica.
Ela � a mulher mais graduada nos quebra-gelos da ag�ncia at�mica Rosatom, uma pe�a estrat�gica para a R�ssia se afirmar como a primeira pot�ncia nesta regi�o rica em hidrocarbonetos.
A bordo do "50 Anos da Vit�ria", batizado em homenagem � derrota da Alemanha nazista, Diana � uma dos tr�s oficiais de conv�s, a segunda autoridade a bordo depois do capit�o, quebrando estere�tipos em um pa�s onde algumas profiss�es s�o complicadas, ou mesmo inacess�veis, para uma mulher.
H� outras nove mulheres na tripula��o, mas elas est�o na cozinha, na enfermaria, ou na limpeza. Os 95 membros restantes s�o homens. E alguns n�o escondem o descontentamento ao receber ordens dela.
Diana reluta em falar sobre sexismo, ou machismo, e prefere se concentrar em sua determina��o de cumprir suas tarefas. Durante seus turnos de quatro horas, a jovem marinheira se deleita com o "poder que sente" liderando o navio.
Como muitos de seus camaradas, Diana nasceu em S�o Petersburgo, o ber�o da frota russa. Desde crian�a j� sonhava com o mar.
Para chegar � Marinha, ela se matriculou em uma universidade especializada em frota comercial. A institui��o acabava de abrir um treinamento para mulheres, que n�o tinham acesso � rota militar.
"Percebi isso como um sinal. N�o adianta bater em portas fechadas, se um caminho se abre diante de voc�", explica.
- Oposi��o e receio -
Depois de se formar, ela foi convidada a se juntar � frota de quebra-gelos russa. E imediatamente "se apaixonou" por esses gigantes dos mares.
Teve uma ascens�o mete�rica, cruzando o �rtico dezenas de vezes e alcan�ando o Polo Norte outras nove.
Quando embarcou em seu navio atual em 2018, reconhece que alguns colegas estavam desconfiados.
O oficial de conv�s Dmitri Nikitin, de 45 anos, reconhece que a carreira de Diana abre um "precedente".
"H� quem seja veemente contra a presen�a de mulheres na frota. H� uma cren�a de que uma mulher a bordo de um navio traz azar", diz o colega, que acredita que essas supersti��es "v�o desaparecer aos poucos".
Nikitin lembra que, no passado, houve capit�s mulheres e que as frotas estrangeiras t�m cada vez mais mulheres entre os seus oficiais.
Mas, para ele, embora afirme respeitar as decis�es da colega, o lugar da "mulher � esperar os maridos no porto".
De acordo com a Rosatomflot, uma subsidi�ria da Rosatom, a frota de navios quebra-gelo nuclear russa tem outra oficial feminina, mas com uma patente inferior � de Diana Kidji.
Sergei Barinov, um oficial de 56 anos, explica que � a juventude de Diana, e n�o seu status de mulher, que torna sua carreira excepcional. Ele disse esperar que a expans�o da frota de quebra-gelos em andamento permita empregar mais mulheres russas.
Para Diana, sua ambi��o � muito clara: um dia, ela quer ser capit�.