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Estado de Minas MARSELHA

Biologia sint�tica traz esperan�a e temor a ecologistas


10/09/2021 11:59

O filme Jurassic Park (1993) fez o ser humano sonhar com a possibilidade de ressuscitar esp�cies. Quase tr�s d�cadas depois, desenvolve-se a biologia sint�tica: n�o para trazer dinossauros extintos de volta, mas para exterminar animais nocivos.

O filme de sucesso de Steven Spielberg se passa em uma ilha imagin�ria na regi�o da Costa Rica.

E ser� em uma ilha que sua primeira experi�ncia cient�fica poder� ser desenvolvida, talvez na pr�xima d�cada, afirmam especialistas e ativistas do Congresso Mundial da Natureza.

Um mesmo problema afeta 80% das ilhas do mundo: ratos. Eles infestam planta��es, comem ovos de p�ssaros e colocam os ecossistemas locais em perigo.

H� mais de 25 anos, a organiza��o Island Conservation se dedica � erradica��o de esp�cies invasoras, conta � AFP Royden Saah, representante da organiza��o no congresso de Marselha.

A atividade foi realizada com sucesso em duas das Ilhas Gal�pagos, North Seymour e a ilhota de Mosquera, usando drones e iscas. A tarefa �, no entanto, cara e incerta, e o uso de raticidas pode causar danos colaterais.

"Dever�amos criar um camundongo geneticamente modificado para que suas futuras gera��es sejam exclusivamente masculinas (ou femininas)?", questiona a Island Conservation em sua p�gina na Internet.

Saah coordena uma equipe de pesquisadores - GBIRd(Biocontrole Gen�tico de Roedores Invasivos) - com institui��es nos Estados Unidos, na Austr�lia e na Nova Zel�ndia.

"Ainda n�o temos o rato", afirma o cientista conservacionista. Mas, "se n�o investigarmos, n�o seremos capazes de conhecer o potencial desta tecnologia?", explica.

Saah destaca que apenas os pa�ses interessados poderiam eventualmente aceitar uma experi�ncia em campo.

H� quatro anos, os mais de 1.400 membros da Uni�o Internacional para a Conserva��o da Natureza (UICN) pediram � organiza��o que criasse um grupo de trabalho sobre o assunto.

O resultado � uma Carta de Princ�pios sobre o uso da biologia sint�tica (que inclui a engenharia gen�tica). Discutido em Marselha, o projeto da Carta reafirma o direito de qualquer Estado de proibir atividades, recorrendo ao "princ�pio da precau��o".

- Incertezas consider�veis -

Todos os participantes dos debates no congresso de Marselha reconheceram, sem exce��o, que as incertezas s�o consider�veis.

"Tamb�m tenho medo das aplica��es potenciais da biologia sint�tica", declarou o chefe do grupo de trabalho, Kent Redford, ao apresentar as conclus�es do grupo em Marselha.

"Existem riscos ecol�gicos �bvios e preocupa��es com as modifica��es gen�ticas de esp�cies silvestres", alerta a geneticista e assessora cient�fica da ONG ProNatura, Ricarda Steinbrecher.

ProNatura e Amigos da Terra s�o algumas das ONGs que soaram o alarme em Marselha. Para estas institui��es, a Carta de Princ�pios n�o foi suficientemente debatida.

Entre outras raz�es, os cientistas nem mesmo concordam com os limites exatos da biologia sint�tica. Um rato modificado ainda pertence � sua esp�cie, ou � uma nova cria��o?

Um dos exemplos propostos pelos cientistas a favor da experimenta��o � recriar o material de um chifre de rinoceronte, para que esse animal escape da extin��o.

Mas "as pessoas querem o produto real. S�o fantasias", diz Ricarda Steinbrecher.

"N�o encontrei nada que impe�a uma pesquisa mais aprofundada", insiste Saah.

- Mosquitos com mal�ria no Hava� -

O debate � intenso, mas a situa��o em alguns lugares � igualmente urgente.

Samuel Gon, consultor cient�fico da Nature Conservancy no Hava�, diz que mal pode esperar. A biologia sint�tica "n�o � uma op��o. N�o chegar� a tempo de salvar os p�ssaros" das ilhas, explicou � AFP.

Das mais de 50 esp�cies de aves de mel conhecidas no Hava�, h� apenas cerca de 15, cinco delas em estado cr�tico de extin��o.

O Hava� n�o tinha mosquitos, mas, entre os que apareceram, no in�cio do s�culo XIX, alguns carregavam mal�ria.

As autoridades conservacionistas havaianas est�o prestes a usar uma t�cnica conhecida para esterilizar os mosquitos, inoculando-os com uma bact�ria, a Wolbachia.

- Sonhos com mamutes -

Al�m da urg�ncia ecol�gica, alguns cientistas parecem irresistivelmente atra�dos por sonhos maiores.

H� alguns meses, um grupo de pesquisadores afirmou ter alcan�ado a sequ�ncia completa do genoma de um mamute de um milh�o de anos.

"Os desafios t�cnicos para conseguir a sequ�ncia confi�vel do genoma das esp�cies extintas s�o imensos", adverte o relat�rio dos especialistas da UICN.

Steinbrecher � ainda mais assertivo. "Temos que aceitar que algumas esp�cies foram extintas, por mais dif�cil que seja. O objetivo principal � preservar o que ainda temos", frisou.


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