A promotoria havia exigido uma pena equivalente � pris�o perp�tua, mas a ju�za Beatrice Mukamurenzi destacou que a pena de Rusesabagina "deveria ser reduzida para 25 anos", por ser a primeira contra ele.
"O tribunal conclui que o papel de Rusesabagina na cria��o da FLN, fornecendo fundos aos rebeldes e comprando m�dia para os rebeldes constitui crime de terrorismo", Mukamurenzi, um dos tr�s magistrados da corte de Kigali, havia dito pouco antes.
"Ele fundou uma organiza��o terrorista e contribuiu financeiramente para atividades terroristas", acrescentou.
Foi detido em condi��es controversas em Kigali, em agosto de 2020. E, de de fevereiro a julho deste ano, este ferrenho opositor de Kagame foi julgado com outras 20 pessoas, por nove acusa��es, incluindo terrorismo.
Em 2017, Rusesabagina participou da funda��o do Movimento de Ruanda pela Mudan�a Diplom�tica (MRCD), do qual a FLN � considerada o bra�o armado. Sempre negou, no entanto, qualquer envolvimento nos ataques.
- "Um espet�culo" -
Nem o r�u, que pode apelar da decis�o, nem seus advogados estavam presentes durante a leitura do veredicto. Eles boicotaram as audi�ncias a partir de mar�o, quando denunciaram um processo "pol�tico", poss�vel apenas por seu sequestro organizado pelas autoridades ruandesas. Tamb�m denunciaram o tratamento humilhante durante sua deten��o.
Sua fam�lia e seus simpatizantes afirmam que o julgamento � "um espet�culo montado pelo governo de Ruanda para silenciar um cr�tico e impedir qualquer dissid�ncia futura".
Carine Kanimba, filha do r�u interrogada na B�lgica pela AFP, acusou o presidente Paul Kagame de ter "decidido" a senten�a de seu pai, o que "n�o a surpreende", j� que ele havia sequestrado seu pai, e disse diante de sua televis�o que tinha "m�os manchadas de sangue".
A B�lgica, onde Rusesabagina residiu, expressou preocupa��o com este processo em v�rias ocasi�es.
Ap�s a senten�a, o executivo belga afirmou que o acusado n�o beneficiou de um "julgamento justo ou equitativo; nomeadamente no que diz respeito aos direitos de defesa", nas palavras da ministra de Rela��es Exteriores, Sophie Wilm�s.
Os Estados Unidos, que concederam a Rusesabagina a Medalha Presidencial da Liberdade em 2005, o Parlamento Europeu e a B�lgica expressaram preocupa��es com a legitimidade do julgamento.
Em uma entrevista recente, o presidente de Ruanda respondeu �s cr�ticas e declarou que Rusesabagina "seria julgado da maneira mais justa poss�vel".
Este processo "n�o tem nada a ver com o filme, ou seu status de celebridade. Trata das vidas perdidas dos ruandeses por suas a��es e pelas organiza��es, �s quais pertencia, ou dirigia", afirmou Kagame.
Rusesabgina acusa o presidente de autoritarismo e de promover o sentimento anti-hutu.
Desde 1996, viveu exilado nos Estados Unidos e na B�lgica, onde obteve a nacionalidade do pa�s europeu, at� ser detido em Kigali em 2020, quando viajava de avi�o para o Burundi.
O governo de Ruanda admitiu ter "facilitado a viagem" a Kigali, mas afirmou que a pris�o foi "legal" e que "seus direitos nunca foram violados".
No julgamento, que durou cinco meses, testemunhos contradit�rios sobre seu papel foram registrados.
Um porta-voz da FLN afirmou que Rusesabgina "n�o deu ordens aos combatentes" do grupo rebelde. Outro r�u alegou que ordens procediam do ex-gerente de hotel.
Sua notoriedade em Hollywood provocou cr�ticas. Alguns sobreviventes do Hotel Mille Collines reprovam-no, em particular, por se aproveitar de sua desgra�a e at� mesmo por destacar seu papel no resgate de mais de mil pessoas.
Ele usou sua fama para dar resson�ncia global �s suas posi��es cada vez mais virulentas contra Kagame, o que provocou ataques de partid�rios do governo.
KIGALI