EUA programam 7 voos di�rios para deportar haitianos

Os EUA planejam despachar, a partir de amanh�, sete voos di�rios para deportar em massa imigrantes haitianos que v�m cruzando a fronteira do M�xico com o Texas. No domingo, 320 pessoas chegaram a Porto Pr�ncipe em tr�s voos. Ontem, foram seis. A crise s� tem paralelo com o fluxo de refugiados de 1992, quando a Guarda Costeira americana realizou uma opera��o para barrar a entrada de haitianos que chegavam em balsas � Fl�rida.

Um funcion�rio do governo americano, que pediu para n�o ser identificado, ouvido pela ag�ncia Associated Press , disse que seriam quatro voos para Porto Pr�ncipe e tr�s para Cap-Haitien. As aeronaves sair�o de San Antonio, mas as autoridades podem incluir decolagens de El Paso. Os EUA tamb�m costumam deportar um grande n�mero de mexicanos ao longo do ano, mas sempre por terra e nunca tantos em t�o pouco tempo.

O desafio do governo americano � descobrir como lidar com o fluxo de haitianos pela fronteira mexicana. Na segunda-feira, 6 mil refugiados do Haiti foram removidos de um acampamento improvisado em Del Rio, no Texas, mas quase 10 mil ainda permanecem debaixo da ponte que leva a Ciudad Acu�a, no M�xico.

Ontem, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, garantiu que os haitianos s�o bem-vindos. "O M�xico n�o tem nenhum problema com eles, desde que respeitem as leis mexicanas", disse. Segundo Ebrard, 15% dos migrantes haitianos aceitam ficar como refugiados no M�xico. Neste ano, cerca de 19 mil solicitaram asilo no pa�s.

Desde o ano passado, ap�s um acordo com o governo americano, o M�xico aceita a entrada de deportados de Guatemala, Honduras e El Salvador - mas n�o do Haiti. Por isso, segundo Luis Angel Urraza, presidente da c�mara de com�rcio de Ciudad Acu�a, centenas de haitianos estavam sendo colocados em �nibus e despachados para Monterrey e Tapachula, de onde tamb�m seriam deportados em voos para o Haiti.

Claudio Bres, prefeito de Piedras Negras, a 100 quil�metros de Ciudad Acu�a, disse que 70 �nibus lotados de haitianos passaram por sua cidade no fim de semana.

O empenho dos americanos para conter a entrada de haitianos vem provocando excessos. Na segunda-feira, v�deos e fotos de agentes de fronteira dos EUA chicoteando refugiados no Texas causou indigna��o em Washington. Ontem, o secret�rio de Seguran�a Interna, Alejandro Mayorkas, e o chefe da patrulha de fronteira, Raul Ortiz, defenderam a a��o.

Mayorkas disse que os agentes seguravam r�deas longas, e n�o chicotes, para controlar seus cavalos. Ortiz afirmou que � dif�cil distinguir entre migrantes e contrabandistas que cruzam o Rio Grande. O Departamento de Seguran�a Interna, por�m, prometeu uma investiga��o, al�m de a��es disciplinares.

Ironicamente, as deporta��es em massa eram uma promessa de Donald Trump, que nunca chegou a ser concretizada. Coube a Joe Biden, que chegou � Casa branca vendendo uma imagem mais humanit�ria, usar o dispositivo legal para tentar resolver a crise migrat�ria no Texas.

A maioria dos haitianos que chega aos EUA vem da Am�rica do Sul, para onde imigraram ap�s o terremoto de 2010. Com a crise na regi�o, muitos decidiram partir de novo, enfrentando uma arriscada viagem at� os EUA. No campo improvisado de Del Rio, muitos dizem que n�o querem voltar ao Haiti. "O pa�s est� em crise pol�tica", disse Fabricio Jean, de 38 anos, que chegou ao Texas com a mulher e duas filhas. "No Haiti, n�o h� seguran�a."

Alguns afirmaram que planejam deixar o Haiti novamente, o mais r�pido poss�vel. Outros planejam voltar para a Am�rica do Sul. Valeria Ternission, de 29 anos, contou que ela e o marido querem viajar com o filho de 4 anos de volta para o Chile, onde ela trabalhava como caixa de uma padaria. "Estou preocupada, especialmente com a crian�a", disse. "Eu n�o posso fazer nada aqui."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.