Lava de vulc�o das Can�rias perde velocidade mas mant�m capacidade de destrui��o

A lava do vulc�o Cumbre Vieja, localizado na ilha espanhola de La Palma, arquip�lago das Can�rias, perdeu velocidade nesta quarta-feira, mas avan�ava sem freio, multiplicando os estragos causados, diante da impot�ncia dos moradores da regi�o.

A lava "diminuiu o ritmo, mas segue seu caminho inexor�vel", alertou o presidente regional das Ilhas Can�rias, �ngel V�ctor Torres, em coletiva de imprensa, aconselhando os moradores a n�o tentarem nada contra ela e a evitarem manobras que os coloquem em perigo.

"Diante do avan�o da lava, nada pode ser feito", reconheceu. "Nem uma barricada, nem um fosso, nem um parapeito, de forma alguma, v�o deter o avan�o da lava. Quem me dera fosse assim, mas n�o �, � imposs�vel", insistiu.

A erup��o, que come�ou no domingo (19), j� arrasou 154 hectares e destruiu 320 edifica��es, informou nesta quarta-feira o sistema de medi��o geoespacial europeu Copernicus. Este novo balan�o representa um aumento not�vel em compara��o com seus �ltimos dados.

A chegada da lava ao mar j� n�o � certa, porque a descida do magma perdeu velocidade. "O fluxo avan�a muito lentamente. Doze metros avan�aram em 12 horas", relatou o presidente regional.

De acordo com os dados mais recentes do governo das Can�rias, essas colunas cinza e laranja ardentes deslocam-se agora a quatro metros por hora, engolindo a vegeta��o e as constru��es em seu caminho. As cinzas vulc�nicas em suspens�o bloqueiam a luz solar e reduzem a visibilidade na regi�o, o que levou os servi�os de emerg�ncia a pedir � popula��o da ilha, de cerca de 85.000 habitantes, que limite seus deslocamentos.

A erup��o do Cumbre Vieja j� levou � evacua��o de 6.100 pessoas, incluindo 400 turistas. Muitos moradores foram for�ados a deixar suas casas em poucos minutos. N�o houve v�timas.

- Chegada ao mar -

O desenrolar da primeira erup��o em La Palma desde 1971 � incerto. Neste momento, "n�o temos certeza de que o avan�o culminar� no mar", destacou em entrevista coletiva o diretor t�cnico do Plano de Emerg�ncias Vulc�nicas das Can�rias (Pevolca), Miguel �ngel Morcuende.

O vulc�o "continua expelindo lava. O fluxo segue avan�ando lentamente, o que corresponde a um aumento claro da viscosidade e, principalmente, do preenchimento de determinados buracos naturais no terreno. Estamos falando de uma cavidade", disse Morcuende.

A chegada da lava ao mar preocupa, particularmente, porque pode gerar explos�es, ondas de �gua fervente, ou nuvens t�xicas, segundo o Servi�o Geol�gico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em ingl�s).

"Estamos em uma minizona de estabilidade agora, que n�o sabemos quanto tempo vai durar, porque j� fomos avisados de novos epis�dios explosivos", acrescentou Morcuende.

O que o fluxo de lava est� fazendo agora "� ganhar altura. H� �reas, onde j� apresenta 15 metros de espessura", afirmou o porta-voz do Instituto Vulcanol�gico das Can�rias (Involcan), David Calvo. A erup��o pode durar "entre 24 e 84 dias, com uma m�dia geom�trica da ordem de 55 dias", estimou o instituto.

- Ang�stia e dor -

O Cumbre Vieja emitiu entre 6.100 e 11.500 toneladas de di�xido de enxofre nesta ter�a-feira. A nuvem, que se aproxima das costas do Marrocos e da Pen�nsula Ib�rica, deve subir em dire��o �s Baleares e ao sul da Fran�a, de acordo com proje��es do programa Copernicus.

A expans�o da nuvem poderia cobrir o Mediterr�neo ocidental e parte do Magreb, mas sem risco para a popula��o, segundo os especialistas. O rei Felipe VI visitar� La Palma nesta quinta-feira.

"T�m sido dias realmente duros", tuitou o presidente da C�mara Municipal de La Palma, Mariano Hern�ndez Zapata. "Ouvir quem perdeu tudo e quem sabe que vai perder � frustrante", desabafou.

Segundo ele, "o que se vive em La Palma � ang�stia e dor", ang�stia de quem teme perder tudo, dor de quem j� perdeu.